Evolução da Receita de Viagens e Turismo entre 1996/2017


Neste post situamos a importância e crescimento da Receita de Viagens e Serviços, com destaque para o do ano de 2017. Comparamos a evolução da Receita de Viagens e Turismo e da Exportação de Bens, mostrando como estas últimas têm potencial de crescimento e este crescimento é indispensável ao do PIB de Portugal. Por fim, comparamos a Receita de Viagens e Turismo e o PIB, em Portugal e outros países europeus.

1.Evolução da Receita de Viagens e Turismo 1996/2017

* Receita de Viagens e Turismo
Os gráficos 1 a 3 ilustram a evolução da Receita de Viagens e Turismo entre 1996/2017. Observamos,

-crescimento sustentado até 2008, queda de 7,2% em 2009,

-arranque do crescimento em 2010 para um primeiro patamar e em 2014 para um mais elevado,

-um crescimento atípico em 2017, a exigir explicação que abordamos no post Crescimento excecional da Receita de Viagens e Turismo em 2017.

Gráfico 1 – Evolução da Receita de Viagens e Turismo em €milhões


Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal BPStat


Gráfico 2 – Variação anual da Receita em €milhões



Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal BPStat


Gráfico 3 – Evolução da variação anual da Receita em percentagem



Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal, Balança de Pagamentos.

*Um ano atípico
O valor extraordinário do crescimento da Receita de Viagens e Turismo em 2017 deveria ter levado Banco de Portugal, Turismo de Portugal ou uma universidade a responder a duas perguntas pertinentes:

-a que se deve o crescimento de 19.5%, numa série que tem crescimento sustentado desde 2010, mesmo se a ritmo a ritmo menor?

-qual a parte destes €2.473milhões no crescimento do Consumo Privado no PIB de 2015.

O gráfico 4 compara as taxas de crescimento anual de Receitas de Viagens e Turismo, do total de Passageiros em Lisboa, Porto e Faro, e das Dormidas na Hotelaria. Destacamos uma evolução muito próxima dos três indicadores, com divergências recentes:

-o já muito conhecido surto de crescimento do número de Passageiros a partir desde 2015,

-o crescimento regular de Dormidas na Hotelaria, mas com baixa em 2017,
-o crescimento atípico da Receita de Viagens e Turismo em 2017, superior ao da Receita e com a da taxa de variação das Dormidas a diminuir.

Gráfico 4 – Receita, Passageiros e Dormidas – variação anual em %



Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal, Balança de Pagamentos, ANA Aeroportos e Destaques da Hotelaria, INE.

A divergência entre o crescimento da Receita, quando comparado com o dos Passageiros em Lisboa, Porto e Faro, e Dormidas na Hotelaria pode resultar do feito conjugado de:

-perda das Dormidas na Hotelaria compensada pela conjugação de Alojamento Local,

-Receita gerada por emigrantes portugueses que se deslocam em automóvel e alojam em casa própria ou de Familiares e Amigos,

-estadias longas de titulares de vistos Gold e de ‘reformados fiscais’ em suas casas.


2.Receita de Viagens e Turismo e Exportações de Bens e de Serviços

*Comparar Receita de Viagens e Turismo e Exportação de Bens
O gráfico 5 ilustra a percentagem da Receita de Viagens e Turismo na Exportação de Bens. Destacamos a estabilidade entre 1996/2013 e crescimento da percentagem a partir desse ano, por a Receita de Viagens e Turismo crescer mais do que as Exportações de Bens,

Esta evolução mostra a falta de base da conhecida afirmação ‘Portugal não pode ficar reduzido ao Turismo’. As Exportações de Bens são bem mais importantes do que a Receita, apesar da evolução desta de 2013 para cá.

Gráfico 5 – Percentagem da Receita de Viagens e Turismo na Exportação de Bens


Fonte: Elaboração própria com base em BPStat e https://ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=cn_quadros&boui=220637315

É o momento de situar o Turismo como exportador de Bens in situ. Podemos multiplicar exemplos, mas damos apenas um:

-a garrafa de vinho vendida à exportação a €2, pode ser vendida num restaurante a €10, com muito maior Valor Acrescentado nacional … mas com os €10 contabilizados na Receita de Viagens e Turismo.

*Despartidarizar o crescimento das Exportações de Bens
Procuramos compreender as Exportações fora do dilema em que a guerra político partidária as meteu: fazer crescer as Exportações de Bens é ‘de direita’ e o Estado endividar-se para injetar dinheiro na economia e aumentar o poder de compra é ‘de esquerda’.

O gráfico 6 ilustra as exportações em 2016 em alguns países. Não incluímos a Alemanha porque os $1.341 milhares de milhões ‘rebentam a escala’ e o gráfico não ilustraria a diferença entre os outros países.

Gráfico 6 – Exportações em 2016 em alguns países em $1.000milhões

Fonte: Elaboração própria com base em http://worldstopexports.com/top-european-export-countries/

Deste gráfico, destacamos:

-o caso da Holanda, que exporta mais do que o Reino Unido e Bélgica,

-Portugal ao nível Finlândia, mas com 10.5 milhões de habitantes contra 5.4 milhões da Finlândia, e abaixo da Roménia.

Em nossa opinião, Portugal

-é um País pobre, entre outros, por exportar pouco – só vendendo no mercado externo as empresas localizadas em Portugal aumentarão significativamente a sua produção, isto é, o crescimento do PIB passa também pelas Exportações,

-tem potencial de crescimento nas exportações (ver casos de Bélgica e Holanda), o que exige empresas competitivas num País competitivo.


3.Comparar Receita de Viagens e Turismo e PIB

*Receita de Viagens e Turismo em percentagem do PIB
O Gráfico 7 compara a evolução da percentagem da Receita de Viagens e Turismo no valor do PIB durante o mesmo período. Esta percentagem
-não representa a contribuição da Receita de Viagens e Turismo para o PIB a Receita é uma ‘venda’ e o PIB assenta em Valor Acrescentado,

-apenas dá ideia da importância relativa da Receita na Economia e permite comparações internacionais [ver a seguir].

Destacamos:

-entre 1996/2009 a percentagem é estável e de valor modesto,

-a partir de 2009 cresce de maneira sustentada e duplica, com o esperado destaque entre 2016/17.

Gráfico 7 – Receita de Viagens e Turismo em percentagem do PIB


Fonte: Elaboração própria com base em Pordata e BPStat

O gráfico 8 compara, em valores de 2016, a percentagem da Receita no valor do PIB em alguns países. Destacamos

-grupo de quatro pequenos países onde o turismo é muito importante,

-Portugal e Grécia em patamar intermédio entre este grupo e o grupo de países onde o turismo é muito importante, mas com economia muito importante também.

Gráfico 8 – Percentagem da Receita no PIB em alguns países


Fonte: Elaboração própria com base em Eurostat, Tourism Statistics


A Bem da Nação

Lisboa 11 de Setembro de 2018

Sérgio Palma Brito

Sem comentários:

Enviar um comentário