Turismo 2013 e Desafios de 2015 – Agências de Viagens e Turismo

Este é o quinto post de uma série de sete (Primeiro, Segundo, Terceiro, Quarto, Quinto, Sexto, Sétimo) sobre

Turismo em Portugal – Números de 2013 e Objectivos Para 2015

Esta Série de posts é uma contribuição para avaliar os ´Resultados do Turismo em 2013’ e situar os Objectivos que o Governo deve atingir ainda nesta Legislatura.

 

O presente Post sofre de duas limitações:

-o ponto sobre o Turismo Emissor assenta em informação indirecta e parcelar (1),

-sobre Turismo Receptor, desconhecermos quantificação da actividade ou simples lista das empresas envolvidas.

Apesar destas limitações, a série de posts sobre ‘Turismo 2013 e Desafios de 2015‘ não podia ignorar a Industria das Agências de Viagem e Turismo.

 

 

1.Agências de Viagens de Viagens e Turismo no Turismo Emissor

*Facturação das Agências de Viagens e dos Grossistas de Viagens
O Gráfico 1 ilustra a evolução da Facturação das Agências de Viagens e Grossistas de Viagens entre 2011/2013. Em boa teoria, a Facturação das Agências de Viagens deve consolidar a dos Operadores.

Gráfico 1 – Agências e Grossistas de Viagens: Facturação 2011/2013
(€ milhões)
Fonte: Elaboração própria com base em Blog Informa D&B de 24 de Outubro de 2013

Comentários:

-entre 2011/2013, a Facturação das Agências desce 16.2% e a dos Grossistas 29.6%,

-a descida parece resultar de menos Rendimento Disponível e da tendência para a Desintermediação, mas desconhecemos a influência de cada um destes dois factores.

*BSP – Billing Settlement Plan
O Gráfico 2 ilustra a Evolução das Vendas Totais no BSP – Billing Settlement Plan (2), entre 2006/2013.

Gráfico 2 – Vendas Totais no Billing Settlement Plan (BSP)
(€ milhões)

Fonte: Elaboração própria com base em Presstur e outros (Aqui)

Comentários:

-a evolução segue o padrão de crescimento até 2008, queda em 2009 e estabilização, com início de recuperação em 2013, mas ainda abaixo do valor de 2008,

-temos de considerar que o BSP não inclui vendas de Companhias Low Cost ou de Vendas Directas das Companhias IATA (desintermediação com tendência a crescer).

*Consolidação das Agências de Viagens e dos Operadores Turísticos
Contrariamente ao que acontece com a Industria da Hotelaria, a das Agências de Viagens e Operadores Turísticos conhece um grau elevado de concentração. Segundo o já referido Blog Informa D&B,

-“O mercado grossista regista uma importante concentração da oferta, representando os cinco principais operadores cerca de 60% do volume de negócios total em 2012. Esta participação aumenta até aos 85% se forem considerados os dez principais.

A oferta no mercado retalhista, por seu lado, encontra-se algo mais atomizada, situando-se “a quota de mercado agregada das cinco principais empresas, cerca dos 49%, no mesmo exercício.”.

Dito isto, o mercado português é periférico e não atinge a massa crítica que torne apetecível a aquisição de Grossista/Rede de Agências pelos dois grandes polos de consolidação europeus: TUI Travel e Thomas Cook (3).


2.Agências de Viagens na Intermediação do Turismo Receptor

*Introdução
Não dispomos de informação quantitativa sobre o papel das Agências de Viagens na Intermediação do Turismo Receptor. O que sabemos, com base na experiência profissional, muitos contactos e alguma informação não permite uma análise consistente desta actividade.

A análise tem de separar Turismo de Lazer e de Negócio. No Turismo de Negócio, a Wikipedia ainda não define a Meet Industry e … envia-nos para Meat Industry – em MICE dá informação útil para o leigo (Aqui).

O Turismo de Lazer (em Viagem de Estadia ou no Tour Urbano e Cultural) é suficientemente conhecido, mas a informação continua a faltar.

*Agências de Viagens na Intermediação da Meet Industry

As cadeias e grupos hoteleiros e até hotéis dispersos têm capacidade própria para captar Procura da Meet Industry.

No ‘mundo do Turismo’ cheio de protagonismos frequentemente excessivos e ocos, os agentes MICE/Meet Industry são

-de descrição a elogiar, mas que dificulta/impede o trabalho do observador,

-os que mais interessa que a Politica de Turismo identifique, facilite e apoie.

*Agências de Viagens na Intermediação Mercado do Lazer
O mercado da viagem de lazer parece ser o mais sujeito à desintermediação da Procura. No caso da intermediação, há diferença entre

-as Áreas Turísticas do Algarve e Madeira, onde temos os ‘dois grandes’ da Integração Vertical e Consolidação Horizontal (TUI Travel e Thomas Cook), operadores tradicionais (casos do Monarch Group e Dart Group) e os novos actores do online,

-o Turismo de Tour Urbano e Cultural, onde a fragmentação das agências estrangeiras emissoras parece ainda ser pertinente.

*Publituris Portugal Trade Awards’14
Os Publituris Portugal Trade Awards’14 são o mais importante instrumento de reconhecimento das melhores empresas e boas práticas no Turismo em Portugal (Aqui). Estão 13 categorias a concurso, mas apenas uma (Melhor PCO – Professional Organizer Congress) tem algo de directamente a ver com a captação de Turismo Receptor.

Sabemos que há outros Awards, mas talvez a ausência da categoria DMC/Incoming seja mais um sinal da falta de reconhecimento devido ao papel das Agências de Viagens no Turismo Receptor.

 

3.Desafios 2015 – Contribuição das Agências de Viagens Para a Economia

*Diagnóstico (muito) Rudimentar
Ao nível da Macroeconomia, as Agências de Viagens, Operadores e Guias são uma das Actividades Características do Turismo. Segundo a Conta Satélite do Turismo de Dezembro de 2010, esta Actividade representa

-em 2010, 2.5% do Valor Acrescentado Gerado pelo Turismo,

-em 2005, 2.4% dos Equivalente Tempo Completo Remunerados do Turismo.

Por muito que haja erro e imprecisão nesta estimativa, não é por esta via que as Agências de Viagens são directamente relevantes.

No Contributo Para a Balança de Pagamentos, as Agências de Viagens podem representar

-pelo menos mais de um terço da Despesa de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos,

-um valor desconhecido da Receita.

A nível de uma Análise Estratégica da Industria, ‘adivinhamos’ que na Intermediação do Turismo Receptor, há Agências de Viagem que são cruciais para o sucesso da Meet Industry e relevantes no Turismo de Lazer.

É o suficiente para abrir debate sobre os Desafios de 2015.

*Desafios de 2015
A relação entre Política de Turismo e Agências de Viagens deve passar a

-dar prioridade nova e muito importante à actividade das Agências de Viagens e todas as Empresas e Actividades que contribuem para o sucesso do Turismo Receptor – ‘do Incoming’, na linguagem corrente.

Esta nova prioridade

-exige que a Politica de Turismo promova a quantificação adequada do Turismo Receptor intermediado por esses parceiros, de modo a não cairmos no domínio da especulação,

-implica que a Concertação Estratégica entre Politica de Turismo e associações (nomeadamente a APAVT, mas não só) abranja a muito grande maioria de Agências, DMCs, PCOs e outras Actividades envolvidas no Turismo Receptor.

 
A Bem da Nação

Albufeira 24 de Fevereiro de 2014

Sérgio Palma Brito

 

Notas

(1)Ver Blog Informa D&B de 24 de Outubro de 2013 (Aqui) e vários posts de Presstur (www.presstur.com).

(2)De entre mil definições, citamos a da Presstur: “sistema gerido pela IATA, através do qual as agências de viagens pagam às companhias aéreas os bilhetes de voos regulares reservados em GDS”. Para mais informação, sugerimos dois sites:



(3)Entre outros, ver as Marcas de diferentes países que, ao longo de anos, são integradas no processo de consolidação horizontal que, em 2007, culmina com a TUI Travel e Thomas Cook Group. Ver o post Operadores Turísticos e Oferta de Turismo do Algarve – I Parte (Aqui).

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