Turismo 2013 e Desafio de 2015 – Receita do Turismo na Balança de Pagamentos


Este é o terceiro post de uma série de sete (Primeiro, Segundo, Terceiro, Quarto, Quinto, Sexto, Sétimo) sobre

Turismo em Portugal – Números de 2013 e Objectivos Para 2015

Esta Série de posts é uma contribuição para avaliar os ´Resultados do Turismo em 2013’ e situar os Objectivos que o Governo deve atingir ainda nesta Legislatura.

 

O Banco de Portugal acaba de publicar as Estatísticas da Balança de Pagamentos referentes a 2013. O presente post

-começa pela Análise da Receita da Rubrica de Viagens e Turismo na Balança de Pagamentos,

-continua com a Introdução à Receita de Turismo na Balança de Pagamentos,

-termina com a apresentação da Base Analítica da Análise da Receita.

 

1.Análise da Receita da Rubrica de Viagens e Turismo

1.Entre 1996/2013, a Receita de Viagens e Turismo cresce de maneira sustentada e a ritmo superior ao da Despesa,

-entre 2008/2009 a Receita e Despesa de Viagens e Turismo descem, em consequência directa da Crise,

-depois de 2009, Receita e Despesa recuperam a subida sustentada, mas a diferença de ritmos de crescimento é mais acentuada com vantagem para a Receita.

2.Entre 1996/2013, há um mesmo padrão de repartição Mensal da Receita de Viagens e Turismo, ao ponto de nos levar a questionar se há uma influência do modelo de estimativa.

3.Entre 2008/2013, a evolução da Receita de Viagens e Turismo face à Crise de 2008/2009 conhece dois tempos:

-entre 2008/2009, tem uma queda é de 7.1%,

-entre 2009/2013 tem um crescimento de 33.9%.

A importância do crescimento entre 2009/2013 (€2.34 milhões em valor absoluto) exige análise mais aprofundada para conhecer a sua origem e sustentabilidade.

4.A Repartição da Receita de Viagens e Turismo Por Mercado Emissor, mostra que

-em relação à Receita, os mercados emissores dos Países europeus da OCDE representam 79,20% em 2011 e 77.2% em 2012,

-a diminuição de 2% entre 2011/2012 resulta da contracção de alguns destes Mercados, no seguimento da Crise de 2008/2009 e incapacidade das empresas portuguesas em ultrapassar as consequências da Crise,

-fora da Europa, registamos dinâmicas novas no caso de Brasil e EUA e a afirmação de Angola, com Rússia e China a apresentar valores simbólicos.

5.Para estabelecer um ranking da importância dos países no Turismo Internacional, a Receita de Viagens e Turismo é indicador mais significativo e fiável do que o do Número de Turistas.

 

2.Introdução à Receita de Turismo na Balança de Pagamentos

*Receita de Turismo na Balança de Pagamentos
A Receita de Turismo na Balança de Pagamentos integra a Receita da rubrica de Viagens e Turismo (a única analisada no presente post) e mais três parcelas que têm vindo a ser ignoradas:

-Investimento de Não Residentes em Residências Secundárias de Utilização Turística,

-Serviços de Transporte Internacional de Passageiros, com destaque para a TAP,

-Transferências para Reformados, ex Não Residentes e agora Imigrantes formais em Portugal.

Esta proposta é justificada em outro Post.

*Importância Politica da Receita do Turismo na Balança de Pagamentos
Em Portugal, a Contribuição do Turismo Para a Economia é avaliada pelo impacte na Balança de Pagamentos, Produto Interno Bruto e Emprego, segundo uma sequência estrutural:

-a Receita de Turismo na Balança de Pagamentos é determinante, porque só esta Receita implica o Investimento e gera a Procura Interna que contribuem, de maneira sustentada, para o PIB e Emprego.

Perante a sequência estrutural ‘Balança de Pagamentos/PIB/Emprego’,   

-o crescimento da Receita de Turismo na Balança de Pagamentos deve passar a ser prioridade da Politica de Turismo e citério condicionante de decisões a tomar.

Não reduzimos o Turismo à Economia do Turismo, nem esta à Receita de Viagens e Turismo. O Turismo integra uma tripla dimensão (Economia, Sociedade/Cultura e Ambiente/Território), mas importa definir prioridades para a Decisão Politica e Iniciativa Privada.

*Despesa da Rúbrica de Viagens e Turismo
A Despesa da Rúbrica de Viagens e Turismo resulta do Turismo Emissor de Residentes e deve ser 

-analisada e avaliada como ‘Importação’ de Serviços, ligada ou não à actividade da Industria das Agências de Viagens e Turismo

-objecto de politica de ‘substituição de importações’, a exemplo do “Vá para fora cá dentro”.

A Balança Turística (Receita menos Despesa) não interessa à análise da Economia do Turismo, porque não está em causa

-o Valor Acrescentado Nacional na Receita de Viagens e Turismo, ou

-uma ligação directa à Receita, como a que existe entre a Exortação e a Importação de Combustíveis. 

*O ‘Turismo’ da Receita de Viagens e Turismo
O ‘Turismo’ da Receita de Viagens e Turismo

-não é o ‘Definido Pelo Estado’ por via da Politica e Serviços de Turismo e identificado com o Alojamento Classificado,

-é o Definido, desde o início da década de 1990, pelas Recomendações das Instituições Internacionais (United Nations Statistics Division, World Tourism Organization, Eurostat - Commission of the European Communities, OECD), 

-resulta também e em boa parte da Despesa Turística dos Turistas que escolhem o Alojamento Não Classificado, com destaque para Residências Secundárias Por Conta Própria e Arrendadas que integram o Turismo Residencial,

-resulta das actividades de todos os Turistas Não Residentes em Portugal, sejam Estrangeiros ou Emigrantes Portugueses – importa sublinhar a importância da despesa de Emigrantes durante as suas estadias em Portugal.

Sugerimos a consulta da versão inicial de um futuro Post sobre Turismo, Alojamento Turístico e Turismo Residencial – Conceitos Formais e Terminologia (Aqui).

 

OS PONTOS SEGUINTES SÃO A BASE ANALÍTICA DO POST

3.Receita e Despesa da Rubrica de Viagens e Turismo

*Evolução Entre 1996/2013
O Gráfico 1 ilustra a evolução da Receita e Despesa de Viagens e Turismo entre 1996 e 2013.

Gráfico 1 – Receita e Despesa de Viagens e Turismo (1996/2013)
 
(€mil milhões)  

Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal – Boletim Estatístico

No período de 1996 a 2013,

-a Receita de Viagens e Turismo cresce de maneira sustentada e a um ritmo superior ao da Despesa,

-em consequência directa da Crise, em 2009 Receita e Despesa de Viagens e Turismo desce,

-depois de 2009, Receita e Despesa recuperam a subida sustentada, mas a diferença de ritmos de crescimento é mais acentuada com natural vantagem para a Receita cuja recuperação é assinalável.

O Gráfico 2 ilustra a evolução entre 1996 e 2013 da Receita de Viagens e Turismo, a Preços Correntes e Constantes.

Entre 1996 e 2013, a Receita de Viagens e Turismo a Preços Constantes

-regista o mesmo crescimento sustentado, a mesma queda em 2009 e o mesmo crescimento mais rápido entre 2009/2013.

Gráfico 2 – Receita de Viagens e Turismo a Preços Correntes e Constantes (1996/2013)
(€mil milhões)  
Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal – Boletim Estatístico

*Dados Mensais Entre 1996/2013
O Gráfico 3 ilustra a evolução entre 1996 e 2013 dos dados mensais da Receita de Viagens e Turismo.

Entre 1996/2013,

-há um mesmo modelo de repartição mensal da Receita de Viagens e Turismo, ao ponto de nos levar a questionar se há uma influência do modelo de estimativa.

Gráfico 3 – Receita de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos (1996/2013, Mensal)

Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal – Boletim Estatístico

*Receita de Viagens e Turismo Face à Crise de 2008/2009
O Gráfico 4 ilustra a evolução entre 2008 e 2013 da Receita de Viagens e Turismo.

O Gráfico com a evolução da Receita entre 2008/2013,

-permite visualizar melhor a queda de 2009 e a recuperação sustentada e mais rápida entre 2010/2013 – o valor de 2013 cresce em relação a 2008 (24.3%) e a 2009 (33.4%).

Gráfico 4 – Receita de Viagens e Turismo (2008/2009)

 Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal – Boletim Estatístico

*Repartição da Receita de Viagens e Turismo Por Mercado Emissor
O Gráfico 5, que ilustra a repartição da Receita de Viagens e Turismo Pelos Mercados Emissores Mais Importantes da Europa em 2011/2012. Três comentários:

-em relação à Receita total de Viagens e Turismo, este conjunto de Países representa 79,20% em 2011 e 77.2% em 2012,

-a diminuição de 2% entre 2011/2012 resulta da contracção de alguns destes Mercados, no seguimento da Crise de 2008/2009 e incapacidade das empresas portuguesas em ultrapassar as consequências da Crise,

-fora da Europa, registamos dinâmicas novas no caso de Brasil e EUA e a afirmação de Angola.

Gráfico 5 – Repartição da Receita de Viagens e Turismo Pelos Mercados Emissores Mais Importantes (Europa)
(€milhares)
Fonte: Elaboração própria com base em INE – Estatísticas do Turismo

 

4.Turismo Internacional e Receita de Viagens e Turismo

*Turismo Internacional, Número de Turistas e Receita de Viagens e Turismo
Retomamos uma ideia já apresentada antes. Para estabelecer um ranking de países segundo o Turismo Internacional, a Receita de Viagens e Turismo é melhor indicador mais significativo e fiável do que o de Número de Turistas.

É mais mais significativo porque a Receita cambial tem mais significado do que o menos relevante dos Indicadores Operacionais (Turistas, Hóspedes e Dormidas).

É mais fiável porque

-cada vez é mais difícil estimar o número de Turistas, sobretudo nas Fronteiras Terrestres, e os casos de manipulação politica da contagem parecem diminuir, mas são sempre uma ameaça,

-a Balança de Pagamentos é elaborada pelo Banco Central, desde há dezenas de anos, segundo metodologia do FMI e dá garantia de resistir a pressões politicas.

O Gráfico 6 ilustra a Receita de viagens e Turismo, em 2012, nos países do Mediterrâneo.

Gráfico 6 – Receita de viagens e Turismo em Países do Mediterrâneo
(€milhares de milhões)

Fonte: Elaboração própria com base em Turismo de Portugal, O Turismo em 2012

 
A Bem da Nação

Albufeira 8 de Março de 2014
Sérgio Palma Brito

 

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