Receita de Viagens e Turismo Por Mercado Emissor – Temas Para Debate


Este post é o terceiro de uma Série de três (Primeiro, Segundo, Terceiro) que consagramos à análise da Receita de Viagens e Turismo por Mercado Emissor:

-Receita de Viagens e Turismo Por Mercado Emissor – Evolução Entre 2003/2013,

-Receita de Viagens e Turismo Por Mercado Emissor – Crescimento Entre 2009/2013,

-Receita de Viagens e Turismo Por Mercado Emissor – Temas Para Debate.

 

Este post levanta Temas Para Debate segundo duas linhas:

-Orientações Gerais que estruturam as respostas da Politica de Turismo a Questões Concretas sobre como aumentar a Receita de Turismo na Balança de Pagamentos – ver os conceitos em Post.

Este Debate tem de começar com base na informação disponível. Para o qualificar e obtermos melhores resultados, em 2014 deve ser decidida a realização, a partir de 2015, dos dois Inquéritos indispensáveis ao conhecimento das ‘Exportações de Turismo’:

-Inquérito aos Movimentos de Pessoas nas Fronteiras,

-Inquérito aos Gastos Turísticos Internacionais.

A decisão política de os descontinuar, a partir de 2008, foi erro grave cujas consequências o País paga.

 

1.Orientações Gerias

1.1.Temas Prévios

*Méritos e Limitações Deste Bloque e da Investigação Profissional
A repartição da Receita de Viagens e Turismo por Mercado Emissor é um tema relevante para a Economia do Turismo, mas tem sido ignorado. Os outros dois posts desta série ilustram

-o mérito do Blogue (algum há de ter) e as suas limitações, quando os textos se situam ao mero nível descritivo – a ausência da palavra ‘análise’ não é um acaso, mas a nossa falha reside na falta de ‘informação do tereno’ e não alta de modelos estatísticos sofisticados,

-a inexplicável ausência e/ou divulgação de estudos profissionais sobre assunto cujo interesse é inegável.

*Receita de Viagens e Turismo e Receita de Turismo na Balança de Pagamentos
Os posts ocupam-se da Receita de Viagens e Turismo, sem ignorar que

-o que conta para a Economia do Turismo é a Receita de Turismo na Balança de Pagamentos (Post),

-ausência e/ou divulgação de estudos profissionais sobre este conceito mais abrangente é ainda mais inexplicável do que a referida antes.

*Indicadores Diferentes e Integrados em Painel Ainda Inexistente
Proveitos do Alojamento Turístico Classificado e Receita de Viagens e Turismo são Indicadores de processos Económicos e Sociais diferentes e que integram o ainda inexistente Painel de Indicadores Sobre a Economia do Turismo. Temos de evitar cometer dois erros:

-aplicar aos Proveitos as conclusões que possamos tirar sobre as Receitas,

-manter a Politica de Turismo tradicional, concentrada apenas nos Proveitos (ou, pior, nas Dormidas) do Alojamento Classificado e ignorar as dinâmicas económicas e sociais que explicam o Valor e Ritmo do Crescimento da Receita de Viagens e Turismo.

*Driver da Contribuição do Turismo Para a Economia
Na Contribuição do Turismo Para a Economia, a Receita de Turismo na Balança de Pagamentos é determinante, porque só esta Receita implica o Investimento e gera a Procura Interna que contribuem, de maneira sustentada, para o PIB e Emprego.

Perante a sequência estrutural ‘Balança de Pagamentos/PIB/Emprego’,  

-o crescimento da Receita de Turismo na Balança de Pagamentos deve passar a ser prioridade da Politica de Turismo e citério condicionante de decisões a tomar.

 
1.2.Intervenção Pública na Economia do Turismo

*Responsability/Accountability da Receita de Turismo na Balança de Pagamentos
Até há poucos anos, a Receita de Viagens e Turismo era apenas utilizada para justificar a importância do Sector, num Posicionamento Light que não resiste a avaliação crítica.

Ainda hoje, o conceito mais largo de Receita de Viagens e Turismo é ignorado, apesar de abranger, entre outros, muito do Investimento Imobiliário na base de Vistos Gold.

A Receita de Turismo na Balança de Pagamentos tem importância fundamental nas Transferências de Recursos do Exterior, um dos factores críticos do Crescimento da Economia Portuguesa.

Defendemos que haja definição de Responsability/Accountability sobre tudo o que tem a ver com a realização do potencial de crescimento da Receita de Viagens e Turismo.

*Politica de Turismo Integrar e Receita de Turismo na Balança de Pagamentos
Defendemos que a Politica de Turismo

-assuma a Responsabilidade e o Prestar Contas do desenvolvimento do potencial da Receita de Turismo na Balança de Pagamentos,

-passe a implementar e a coordenar a implementação de Planos, Programas e Acções que visem este desenvolvimento.

*Arrombar Uma Porta Aberta?
No encadeado do discurso da BTL, surge uma Verdadeira Orientação Estratégica:

-“Eu sou o Secretário de Estado do turismo. Não sou o Secretário de Estado dos hotéis, das agências de viagens ou das empresas de animação turística embora muito os respeite, como penso que sabem.” (Aqui).

Como escrevemos no post sobre o discurso na BTL, não sabemos até onde o Secretário de Estado do Turismo quer ir, nem até onde o deixam ir. Sabemos até onde o País precisa que vá:

-a Politica de Turismo tem de adoptar os conceitos de Turismo, Alojamento Turístico e Turismo Residencial, definidos pelas Instituições Internacionais competentes, de modo a poder facilitar e fomentar a criação de valor pela diversidade da Procura dos Modelos de Negócio na origem da Economia do Turismo (Aqui).

As nossas propostas sobre Turismo na Balança de Pagamentos exigem um verdadeiro Secretário de Estado do Turismo, mas podem já começar a ser o arrombar uma porta aberta.

 
2.Questões Concretas

Para ilustrar o que está em causa, damos três exemplos de intervenções que passam a estar no âmbito da Politica de Turismo. Têm pouco a ver com a Industria da Hotelaria e das Agências de Viagens? Admitamos que até não têm nada a ver. Têm é a ver com Actividades Económicas que promovem a transferência de recursos para o País e que se situam dentro da Economia do Turismo: mobilidade das pessoas e estadia num País ou Região sem aí serem remuneradas. São ligeiramente provocatórias, mas temos de sair do quadrado do conceito redutor de Turismo.

-Mercados Estratégicos e Verbas da Promoção Turística
A definição de Mercados Estratégicos e a afectação de verbas à Promoção Turística tem de ter em conta os quatro Grupos em que se inserem os Mercados Emissores.

-Da Emigração à Diáspora
Em muitos Mercados, com destaque para França, Luxemburgo e Canadá, a Emigração é segmento muito importante e que escapa aos instrumentos habituais da Promoção Turística.

A Residência Secundária Por Conta Própria e o Alojamento Gratuito Por Familiares e Amigos também escapam, mas são dinâmicas a dinamizar.

-Angola
Angola é caso extremo de Mercado Emissor muito importante e cujo desenvolvimento não depende da Promoção Turística habitual.

Para realizar o potencial deste Mercado Emissor, há que considerar acções pouco habituais e de que são exemplo

-promover o Shopping em Lisboa e o Turismo Médico, dois campos já com trabalho feito, mas que ganhariam com uma sistematização do Produto e Promoção,

-fazer do Consulado de Portugal em Luanda a primeira grande experiência da visita a Portugal (neste momento, parece ser tudo menos isto), simplificar os Vistos e o controle  de chegada no Aeroporto.

 

A Bem da Nação

Albufeira 17 de Março de 2014

Sérgio Palma Brito

 

 

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