O Algarve às Sextas (2012.04.20)
Algarve, Grande Bretanha, Alemanha, Golfe e o Mercado, Pá?


Este post é mero esboceto, redigido com a intenção de suscitar análise sobre as vias que nele abrimos. A questão é:

·          na actualidade, como pode a nossa intervenção na Procura/Oferta de Turismo ganhar com um brevíssimo percurso sobre a evolução dos mercados da Grande Bretanha e da Alemanha, mais o do Golfe?

O tema é importante para o Algarve, destino da Viagem de Estadia. No Período do Após Crise de 2008/2009, o essencial da Procura continua a formar-se à distância do voo de curto e médio alcance. Este facto limita-nos à Europa, onde as economias nacionais conhecem evoluções diferentes e que não podemos ignorar.
A leitura deste Post é acompanhada pela consulta do Documento de Trabalho que o apoia: https://docs.google.com/open?id=0B9yEd1P9CtlCQlJrN1JjemQ2Y1k


Þ     Quando a Grande Bretanha Lidera as Viagens Internacionais na Europa
Desde o início do caminho-de-ferro até ao virar das décadas de 1970/1980, a Grande Bretanha lidera as viagens internacionais na Europa. É onde há mais rendimento disponível e tempo livre, factores indispensáveis à formação da procura.

A agência de viagens Thomas Cook acompanha todo este processo. Nasce e cresce com a afirmação da liderança económica e política da Grande Bretanha.

A partir da década de 1950, a Thomas Cook não participa na criação e afirmação da inovação que revoluciona o viajar na Europa: o Holiday Package, em cadeia de voos fretados. Como muitas vezes acontece, a inovação é obra de empreendedores, vindos de fora do sistema.

Esta inovação é europeia e adaptada a Geografia Física e Humana da Europa. Não a encontramos nos outros continentes em que a viagem de estadia se desenvolve.

Þ     Quando a Alemanha Assume a Liderança e Tudo Acaba na Bolsa de Londres
Quando a Alemanha Ocidental recupera da Guerra e se desenvolve, assume a liderança das Viagens ao Estrangeiro, que antes era da Grande Bretanha.

Nesta dinâmica, há dois Operadores Turísticos que se afirmam: TUI e Neckermann. Uma vez reunificada, a Alemanha vê reforçada a sua liderança e a dos seus Operadores Turísticos.

Passam anos. Em 2001, a aquisição da Thomas Cook, pela Neckermann, assume dois aspectos:
·          consequência da liderança da já afirmada e reconhecida liderança da Alemanha
·          parte de nova dimensão na consolidação dos Operadores Turísticos. 

Desde cedo, a actividade de Operadores Turísticos conhece consolidação rápida e intensa, no seio de cada um de vários países. A aquisição de 2001 é já parte da consolidação à escala europeia. Esta é dinamizada pelos dois operadores dominantes na Alemanha: TUI e Neckermann, que, em 2001, adopta a marca Thomas Cook.

O destaque dado à Thomas Cook, não pode escamotear outra história fascinante, mas diferente: a da formação da actual TUI Travel.  

Nesta consolidação que extravasa a Europa, há um facto significativo: ambas as empresas estão hoje cotadas na Bolsa de Londres. Ficamos gratos, porque esta circunstância facilita o acesso a informação que, em empresas privadas, no sentido de “não cotadas em bolsa” ou do Estado Português, seria confidencial. 

Þ     Como a Evolução do Número de Jogadores de Golfe Nos Obriga a Pensar
Em toda esta evolução, abrimos uma fresta sobre a e evolução recente (1985/2011) da prática do Golfe em alguns países da Europa – o Gráfico no Documento de Trabalho ilustra o caso da Inglaterra, Escócia, Irlanda, Holanda e Alemanha. O Gráfico 1 ilustra esta evolução.

Gráfico 1 - Evolução do Número de Jogadores de Golfe em Diversos Países da Europa


Fonte: Elaboração própria, com base em European Golf Association
Constatamos
·          uma estabilização ou ligeiro decréscimo em Inglaterra e Escócia ,
·          um crescimento sustentado na Alemanha e Holanda (coincidência ou não, países cuja Dívida Pública tem o triplo A)
·          ligeiro crescimento na Irlanda, com queda nos últimos anos.

Nestes países, com destaque para a Alemanha e Holanda, há uma evidente adesão das classes médias à prática do golfe. Esta evolução social e crescimento sustentado do número de jogadores é situação de que o Golfe do Algarve deve tirar partido – é sempre bom vender num mercado em expansão.

Þ     e o Mercado, Pá?
Este Post nasce da análise da evolução da prática do Golfe na Holanda e Alemanha e do potencial que representa para o Golfe do Algarve, onde a Grande Bretanha tem, desde a origem, papel dominante.

A realidade da Europa deve ser tida em conta pelo Marketing da Oferta de Turismo da Região. O Euro reforçou uma evolução que nos obriga a começar a Segmentação Geográfica do Marketing Estratégico pelos Países onde se localizam os aeroportos de partida dos turistas, e só depois, considerar a catchment area dos aeroportos. O raciocínio não se limita ao Golfe, mas alarga-se a toda a Oferta de Turismo do Algarve – a que existe e a que tem de se criar ou adaptar às exigências destes mercados.

Recusamos o medíocre “queremos turistas ricos” do Algarve de há anos, mas respeitamos a Regra de Ouro da Viagem de Estadia:
·           a sucesso do Destino onde se desenvolve a Oferta começa por depender da prosperidade das áreas onde se forma a Procura.
Esta regra é geral para o Viajar. Destinos da viagem Cultural e Urbana, como Lisboa, beneficiam de posicionamento intercontinental, a que o Algarve não pode aspirar (salvo algum Golfe). Aí, a Regra de Ouro condiciona tudo.

Sobre o posicionamento de Portugal e do Algarve no mercado da Alemanha, já dissemos o essencial em dois Posts
Alemanha – Mercado Prioritário Para a Oferta de Turismo de Portugal
Procura dos Turistas Alemães em 2011 – Factos

Nos mercados da Holanda e Irlanda, a démarche é a mesma, mas parece já haver uma Imagem de Marca Algarve, a reforçar para estruturar o Marketing & Vendas, que urge implementar.


A Bem da Nação

Albufeira 20 de Abril de 2012
Sérgio Palma Brito

Portagens: Carta ao Primeiro-Ministro do Governo Português

Senhor Primeiro-Ministro

antes de apresentarmos o Problema e a Justificação da Decisão que Soluciona o Problema,  começamos pela Decisão que o senhor Primeiro-Ministro tem de tomar.



a)A Decisão que Soluciona o Problema



A Decisão que Soluciona o Problema e que o senhor Primeiro Ministro tem de tomar é:

·          Todos os Veículos Ligeiros de Matrícula Estrangeira estão isentos do pagamento de Portagens nas Ex SCUT.

Duas razões justificam sua competência e obrigação em tomar esta Decisão:

·          desde Salazar a José Sócrates, passando por Mário Soares e Cavaco Silva, as decisões verdadeiramente estratégicas para a Economia do Turismo são tomadas pelo Primeiro-Ministro (ou Presidente do Conselho),

·          esta é uma dessas decisões e o senhor Primeiro-Ministro tem de estar à altura do que o País precisa de si.



b)O Problema



O Problema resulta de uma sequência de factores

·          as ex-SCUTs não foram concebidas para serem portajadas,

·          o sistema instalado (hardware e software) não é adequado a veículos ligeiros de matrícula estrangeira,

·          estes veículos são conduzidos por não residentes, excursionistas ou turistas, estrangeiros ou portugueses da Diáspora,

·          estes visitantes organizam as suas viagens, são independentes e não utilizam os sistemas tradicionais de distribuição, mas a sua importância é grande, como explicamos a seguir,

·          a inevitável complexidade e custo do pagamento de Portagens desincentiva viagens e, sobretudo, cria má imagem ao País, num universo de gente muito mais vasto do que podemos pensar,

·          pôr as Estradas e o Turismo de Portugal a organizar sistemas que facilitem o pagamento é falsa solução, por muito pouco solucionar e não ser função do Estado.



c)Justificação da Decisão Que Soluciona o Problema



Em 1940, António Ferro explicitou as duas faces do Turismo: “factor de riqueza e civilização” e “meio seguríssimo não só de alta propaganda nacional como de simples propaganda politica”.

Em nossa opinião, o pagamento de Portagens provoca

·          perda de “Riqueza”, por a receita das portagens cobradas não cobrir a que seria gerada pelos visitantes perdidos,

·          custos consideráveis à “Alta Propaganda Nacional”.



Þ     O Turismo Como Factor de “Riqueza”

Em termos macro, o pagamento de Portagens provoca uma redução nas Receitas de Turismo na Balança de Pagamentos – 8 mil milhões de euros, em 2011. Não a sabemos quantificar, mas existe.

Em termos micro, um visitante em automóvel tem consumos

·          repartidos no Território do País, porque a acessibilidade rodoviária facilita a dispersão da Procura/Oferta – este efeito é bem mais evidente  nas estadias da Diáspora,

·          com alto valor acrescentado, porque não beneficiam dos descontos da oferta para o Turismo Organizado – algumas refeições e um depósito de gasolina pagam várias receitas de portagens.



Þ     O Turismo Como Factor de “Alta Propaganda Nacional”

Em linguagem actual, “alta propaganda nacional” refere dois conceitos diferentes e interligados:

·          a Imagem de Portugal Como País,

·          a Imagem de Portugal Como Destino Turístico.

No caso da Imagem de Portugal Como País,

·          a campanha West Coast confirmou que, contrariamente ao caso de produtos, serviços e empresas, não há Branding de um País – o modelo não é nem portável, nem transferível,

·          a Imagem de Marca de um País é construída por “comunicadores”, de entre os quais o Turismo é talvez o mais importante, pelos milhões de visitantes anuais que ficam a conhecer a Identidade do País,

·          as experiências vividas durante a estadia contribuem decisivamente para a percepção que se forma no espírito “das pessoas” (a Imagem de Marca) – imagine que tipo de percepção cria a cena do pagamento das Portagens?

No caso da Imagem de Portugal Como Destino Turístico, o efeito não é melhor. O pagamento das Portagens

·          cria a Imagem de “não ser fácil vir a Portugal”,

·          pode influenciar negativamente o visitante independente de que descrevemos.

Os danos que o pagamento de Portagens causa a estas duas Imagens de Marca estão a ser subestimados ou esquecidos. Com efeito, uma boa Imagem de Portugal como País e como Destino Turístico

·          não serve apenas para nos afagar o ego,

·          serve, sobretudo, para facilitar a venda de estadias, idealmente, a um preço mais elevado.



Þ     Duas Notas Finais

Estamos conscientes

·           da Ausência do Modelo que possa quantificar a Justificação da Decisão Que Soluciona o Problema,

·          da inutilidade em o elaborar e em quantificar as perdas de Riqueza e os custos para a Imagem de Portugal como País e Destino Turístico,

·          da necessidade de uma decisão política pelo Primeiro-Ministro.

Estamos, ainda, conscientes

·          de eventuais problemas jurídicos com normas da União Europeia,

·          de haver sempre um bom jurista capaz de redigir a Decisão em termos que as ultrapassa.



Apresentamos os nossos melhores cumprimentos,



A Bem da Nação

Albufeira 16 de Abril de 2012

Sérgio Palma Brito

Para Acabar de Uma Vez Para Sempre Com o Aeroporto de Beja!

Aeroporto de 33 milhões aquém das espetativas - Portugal - DN


A já demasiadamente longa história do Aeroporto de Beja exige análise mais profunda (prometida desde já) do que estas breves notas sobre o texto do Diário de Notícias, a comemorar o seu 1º Aniversário.



Þ     A Nossa Posição

Desde o final da década de 1990, defendemos que o Aeroporto de Beja

·          não é um factor crítico do desenvolvimento da Procura/Oferta de Turismo no Alentejo, com a marca e o posicionamento adequados às paisagens natural e cultural da Região,

·          pode ser prejudicial à lucidez de uma intervenção pública qualificada de fomento deste desenvolvimento.

Defendemos ainda que

·          a transformação da Base de Beja num “complexo de actividades”, é uma via susceptível de atrair um Promotor, que desenvolva esta transformação,

·          procurar este Promotor é actividade prioritária, mas mais no âmbito da AIECEP  do que da ANA,

·          no quadro deste «complexo de actividades», e se tal se justificar, pode haver tráfego aéreo civil de passageiros.  



Þ     Decisão do Governo PS

A decisão do Governo de construir o Aeroporto e a ligação em auto-estrada a Sines exige análise, prejudicada pela confidencialidade de alguns documentos. É tema para a já referida análise mais profunda.

A decisão política de apoiar voos fretados entre Heathrow e Beja, no Verão de 2011, é típica da Politica de Turismo da época e deve ser avaliada tendo em conta os fundos disponibilizados para apoiar o operador, a promoção turística, as campanhas de hard selling e os estudos realizados.

Só assim podemos saber quanto custou cada um dos menos de 400 passageiros “a sério”.



Þ     Decisões do Governo PSD/CDS

Quanto à decisão sobre os mesmos voos charter e apoios de promoção, em 2012, não a conseguimos compatibilizar com

·          os sacrifícios que são exigidos aos portugueses,

·          a possibilidade do Museu de Beja fechar, por falta de verba,

·          o proclamado neoliberalismo do Governo.

A inclusão do Aeroporto de Beja na short list do Portela + 1 é exemplo máximo de concessão do Bom Senso às exigências da Política, ou apenas nova anedota de lisboetas sobre os alentejanos.  

Dado o nível a que chegámos, conto o que fonte bem informada me contou: a nova força política que apoia a fantasia do Aeroporto de Beja já não é o PS (Sócrates e Lino), mas sim o «centrão», nas pessoas dos alentejanos Zorrinho e Moedas. Se não é verdade, está bem imaginada.



Þ     Infraestructuras fantasma, el pozo sin fondo de la crisis

Devemos enquadrar o Aeroporto de Beja no contexto ibérico. Os espanhóis, quando faze, fazem em grande.

A leitura do nº 213 da Revista Hosteltur, de Fevereiro de 2012, é elucidativa e necessária:

Infraestructuras fantasma, el pozo sin fondo de la crisis




Þ     Um aeroporto em espaço rural?

Para que tudo fique claro, em 1986, no mesmo Diário de Notícias, escrevemos artigo premonitório:

Um aeroporto em espaço rural?




Em relação a 2006, quando este artigo foi redigido, há uma alteração dramática do contexto histórico e geográfico do viajar na Europa

o Aeroporto de Faro abre e durante os Trinta Gloriosos Anos e beneficia de uma Procura crescente durante dezenas de anos,

o Aeroporto de Beja abre no início de Novo Período da História do Viajar na Europa, de que conhecemos algumas características: menor rendimento disponível e propensão a viajar, instabilidade nos ritmos do tempo livre (de activos a reformados), excesso de oferta e muito maior concorrência.



Þ     Alentejano, de nascimento e de “regresso”

Para que não haja dúvidas,

·          somos alentejanos de nascimento em Aljustrel e de ainda termos vivido bons tempos de infância no monte dos avós maternos,

·          somos alentejanos “de regresso do exilio”, abandonando uma carreira promissora, criada a pulso no país que nos acolheu,

·          defendemos ser o Alentejo, depois do Vale do Douro, o Destino Turístico Regional do País que melhor se pode posicionar em segmentos qualificados do mercado,

·          defendemos o acabar com a “visão aeroporto de Beja” e com os subsídios (nacionais e europeus) aos patéticos voos de Verão, dando prioridade total à “visão do complexo de actividades”, a desenvolver por Promotor privado



A Bem da Nação

Albufeira 13 de Abril de 2012

Sérgio Palma Brito

Greece - German tour operators add hotels

Recomendamos a leitura e o tirar de lições, pela Iniciativa Privada do Algarve. Estamos a falar da Grécia, com toda a sua paz social, tranquilidade e segurança.

Os Tour Operadores alemães acrescentam mais “franchise and partner hotels”:

 Na fragmentada Oferta do Algarve, há ou não espaço para franchizar unidades hoteleira com marcas familiares no mercado da Alemanha e criar mais parcerias com a Distribuição?

Sobre a TUI:

“TUI currently has 17 branded hotels in Greece, including four Sensimar properties, and will open a new Robinson and two Magic Life resorts on Crete this summer.”.

Sobre a Thomas Cook:

Thomas Cook is also looking to expand its Sentido brand in Greece, where it offers 10 resorts.

Mais Oferta nos Catálogos:

Among other tour operators, Rewe is offering three new franchise resorts in Greece this year, while Alltours has added 30 new hotels to its programme and FTI has 21 more resorts on offer.

Não comentamos, nem tiramos conclusões. Deixamos a informação e o acesso ao texto completo

A Bem da Nação
Albufeira 12 de Abril de 2012
Sérgio Palma Brito

TURISMO, SUSTENTABILIDADE, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, AMBIENTE, IMOBILIÁRIA DO LAZER, TURISMO RESIDENCIAL




De uma assentada juntamos seis palavras que designam alguns dos conceitos mais críticos ou politicamente correctos da análise do Turismo. Garantimos não ter ensandecido nem rendido a modas.


A realidade é simples. Já há algum tempo, redigimos dois textos, de uma série de seis, com preocupações didácticas e procuram dar uma visão completa sobre o Turismo da actualidade.


Os dois textos deviam estar integrados em um único. A sustentabilidade do turismo (para ser mais exacto, da Economia do Turismo), seja ela ambiental, social ou económica, reside na integração da sua dinâmica pelo Ordenamento do Território e como este integra Ambiente, Imobiliária do Lazer ou Turismo Residencial. Separar este conjunto exige uma organização do texto que acaba por não facilitar a leitura.


A separação em dois textos, as exigências do formato, as limitações de espaço e as nossas próprias (sem falsas modéstias) limitam o alcance dos dois livrinhos.


Apesar disso, os dois livrinhos valem a leitura (mesmo apressada) por tentarem contar “como foi” e “como é”. Com efeito, não seguem a via de escolher um modelo inadequado e, com mais ou menos arte, encaixar a realidade nele, tendo sempre a possibilidade de, quando a realidade não encaixa no modelo, mudar a realidade para o modelo dar certo.


A partir de um dos links à SPI e ajuda do Google, é possível aceder a todos os manuais.


Pode aceder directamente aos dois volumes que redigimos:


TURISMO - SUSTENTABILIDADE, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E AMBIENTE

http://www.spi.pt/turismo/Manuais/Manual_II.pdf


TURISMO - IMOBILIÁRIA DO LAZER E TURISMO RESIDENCIAL

http://www.spi.pt/turismo/imobiliaria.html



Boa leitura! Aguardamos críticas e comentários devastadores.


A Bem da Nação

Albufeira 9 de Abril de 2012
Sérgio Palma Brito

Porquê, em 1841, Thomas Cook Organizou a Sua Famosa Excursão a Uma Segunda-Feira e Porque Mudam os Hábitos?


Hoje, há uma verdade conhecida e aceite: «o Turismo começa com a excursão que Thomas Cook organiza, em 1841». A realidade é diferente. Na Grande Bretanha do século XIX, há uma evolução, com reflexos na actualidade: The Excursion Train, the Raiway Sunday e o Week End. Em pano de fundo, uma prática laica a sobrepor-se à tradição da religião.

Þ     O Contexto Histórico
O capitalismo industrial produz: “two novel forms of pleasure travel: tourism and summer holidays for the bougeoisie and mechanised day trips for the masses in some countries such as Britain. Both were the direct results of the application of steam to transport, since for the first time in history this made possible regular and safe journeys for large number of people and luggage over any kind of terrain and water.”.
Depois, Hobsbawm acrescenta: “The day trip of the masses, if we except steamer excursions, was the child of the 1950s – to be more precise of the Great Exhibition of 1951,”.
Salvo o devido respeito, a história começa antes, acaba depois e merece ser contada.

Þ     “The Excursion Train”
Jack Simmons situa em 1831 as primeiras manifestações do que acaba por ser designado por “excursion trains”: “special trains provided by a railway company - either on its own initiative or by arrangement with other people – to carry passengers on a return journey, normally made within one day, at a fare below the standard rate.”. Em suma, uma excursão de um dia de comboio.
O “excursion train” é um sucesso. Em 1840, há notícia de um comboio de quarenta carruagens e 1.250 passageiros e de um outro com quatro locomotivas e 67 carruagens.

Þ     The Railway Sunday
Os primeiros “excursion trains” são organizados ao Domingo, mas esta não é uma prática pacífica. Segundo Simmons, “Sunday observance affected the provision of railway services from the start.”. Em 1851, aos Domingos, “half the population of Great Britain attended at least a service at church or chapel. For many heads of families it would have been unthinkable to break into this routine of life, to carry themselves and their wifes and children off on a pleasure trip.”.
O hábito religioso tem outras implicações: “When in 1856 an effort was made to get the chief London museums and galleries opened on Sunday afternoons, it was turned down in Parliament by an eight-to-one majority.”.
Em 1855, é fundada a National SundayLeague, para apoiar a abertura dominical de museus e parques. Na prática, é reconhecida a conveniência da excursão ao Domingo, apesar da pressão religiosa.
A operação de comboios ao Domingo tem procura, mas cria dificuldades à manutenção das linhas e custos extra de pessoal. Jack Simmons conclui:
·             “So in the end the railways, though they offered a new liberation, widely welcomed, also imposed a strict of their own. Their policy was made up of very diverse ingredients: anxiety to avoid offending Sabbatarian susceptibilities; the requirement to carry the mails; popular response to the cheap facilities they offered; the demands of railwaymen for additional pay on account of Sunday labour; considerations arising from the working of the system. All these elements went to form a new code of social costume, which came to be accepted by the Victorians and, with all its inconvenience, is endured in Great Britain still 1990: The Railway Sunday.”.

Þ     St Monday
É neste quadro que a excursão de Thomas Cook tem lugar na Segunda-Feira 5 de Julho de 1841: “this was a Monday, perhaps a variety of “St Monday”, the unofficial holiday day, or holiday wich workers often awarded temselves”, segundo uma biografia de Thomas Cook.

Þ     The Week End
O The Raiway Sunday tem a dinâmica de outro tempo da viagem: “The provision of excursion trains was not the only practice in the use of leisure fostered by the British raiways to a degree not to be found anywhere in continental Europe. They also encouraged, most deliberately, the habit of taking short holidays over the week end.”.
Esta é uma história para contar mais tarde, e dedicada a todos os que pensam que o short break é uma criação recente.

A Bem da Nação
Albufeira, Domingo de Páscoa, 8 de Abril de 2012
Sérgio Palma Brito

Referências
E.J. Hobsbawm, The Age of Capital, 1848-1875
Jack Simmons, The Victorian Railway
Piers Brendon, Thomas Cook – 150 Years of Popular Tourism

Valorização Turística dos Salgados e Insolvência do Grupo CS

CS em risco de insolvência | Publituris


No caso de insolvência do Grupo CS, é de interesse do País e do Algarve manter a dinâmica turística do Empreendimento dos Salgados. As notícias que nos chegam são preocupantes. Eventuais problemas nos Salgados não devem contaminar os dois outros grandes empreendimentos do Grupo CS: Morgado do Reguengo e S. Rafael.



Þ     Insolvência e Valorização de Activos na Oferta de Turismo

As notícias sobre a insolvência da “Hersal – Investimentos Turísticos, S.A., detentora do Grupo CS” obrigam a analisar os aspectos específicos de empresas proprietárias de empreendimentos turísticos, sobretudo quando está em causa um conjunto integrado de Hotéis, Golfe e Turismo Residencial.

Contrariamente ao que acontece no caso de uma fábrica, o cliente pode estar presente no estabelecimento, pode até ser proprietário de parte deste e as consequências para a Imagem de Marca do Produto podem ser devastadoras.

 O “sistema português”, ainda não é capaz de lidar com dois processos paralelos e interligados

·          a insolvência de uma empresa

·          a valorização dos seus activos, na dimensão privada (trabalhadores, credores e accionistas) e pública (interesse do País e da Região).

Analisamos apenas factos públicos e notórios do Grupo CS e analisamos este caso, pela sua actualidade.



Þ     Ascensão e Aparente Declínio do Grupo CS

Na ascensão e aparente declínio do Grupo CS, os factos públicos e notórios relevantes são:

·          Longos anos de voluntarismo empresarial desajustado da realidade do mercado quer das estadias hoteleiras, quer do turismo residencial “real”,

·          ausência de estrutura ligeira e qualificada, capaz de assegurar Marca, Marketing e Vendas de toda a Oferta do Grupo,

·          financiamentos bancários, cuja lógica escapa a conhecedores do mercado, o que tem mais a ver com os Bancos do que com o Grupo, mas com sérias consequências neste.

Para efeito da presente nota, temos em conta três importantes empreendimentos turísticos do Grupo CS: Salgados, Morgado do Reguengo e S. Rafael.



Þ     Valorização Turística do Empreendimento dos Salgados

A notícia do Publituris parece confirmar que o processo em curso integra o pior dos cenários

·          ignorar da dinâmica da oferta/procura turísticas de um empreendimento com a estrutura e localização dos Salgados,

·          bancos que financiaram mal (sem isso, não estaríamos aqui) a recuperar créditos, segundo modelo financeiro cortado da procura/oferta de turismo.

O empreendimento dos Salgados tem três características relevantes. A primeira é a de ser um conjunto integrado de hotelaria, turismo residencial e golfe que deve ser valorizado no seu conjunto. Haverá sempre perda de valor se a ideia for de explorar os hotéis e centro de congressos, sem valorizar a envolvente paisagística, de golfe e de turismo residencial.

Segunda tem a ver com a localização: empreendimento com excelente frente mar, mas isolado de núcleo local de apoio ou animação. Quem “está” nos Salgados tem tendência a viver socialmente nos Salgados, o que exige um ponto focal de animação social, comum a todo o empreendimento.

A terceira é que a solução de conjunto deve ter em conta o justo interesse das famílias que compraram casas de férias ou outra. São as primeiras empenhadas na valorização do empreendimento, mas a sua energia tanto pode gerar energia positiva, como populismo de consequências perigosas.

Em termos práticos, é simples: tem de haver uma entidade que assume a responsabilidade e presta contas de gerir serviços, conservação e áreas sociais, ou cada um dos elementos do conjunto é desvalorizado.

Os bancos credores têm a sua própria lógica, que não podemos ignorar. Receamos que possa vir a ter consequências perversas, sobre o positivo encarar destas características.



Þ     Morgado do Reguengo 

Em 2004/2005, estive profissionalmente ligado ao lançamento do Morgado do Reguengo, no mercado internacional das estadias turísticas e turismo residencial.

Na base do que o empreendimento seria no futuro, estava uma opção sobre Marca e Posicionamento

·          o posicionamento internacional qualificado que empreendimento permite e exige, de modo a valorizar ao máximo toda a oferta que integra,

·          na expressão de um responsável da época, evitar que a Imagem de Marca fosse ser, prosaicamente, o empreendimento “dos dentistas do Algarve” (salvo o devido respeito pela corporação!).

Estava previsto o Hotel & Residence Club fosse gerido sob a Marca de uma cadeia internacional, vocacionada para o mercado de língua alemã. Esta Marca posicionaria o empreendimento e, muito especialmente, a futura oferta de Turismo Residencial.

O Morgado do Reguengo e adquirido pelo Grupo CS. Em nossa opinião, sempre discutível, há duas decisões que o desvalorizam

·          com todo o respeito pelos Hotéis CS, a sua Imagem de Marca não cria o valor gerado por uma reconhecida marca internacional, virada para os mercados mais ricos da Europa,

·          a aprovação de 2.500 Fogos suplementares tira valor ao conjunto e não acrescenta – o empreendimento deixa de ser topo de gama se tiver 2.500 Fogos adicionais, num repetir do erro exemplar da Urbanização Norte de Montechoro.



Þ     S. Rafael

Este parece ser o caso mais simples, pela tradição que tem e pela escala dos problemas.

Mencionamos S. Rafael, pela sua importância e na medida em que possa ser afectado pela possível insolvência da Hersal e perturbações no que reste dos Hotéis CS.



Þ     Intervenção Pública em Defesa do Interesse do País e da Região  

É excelente ter o Governo a intervir e representado pela Secretaria de Estado da Economia e do Desenvolvimento Regional e não pela Secretaria de Estado do Turismo. Talvez o Governo possa enquadrar os problemas aos níveis a que se põem

·          o da sustentabilidade turística do conjunto de todos os empreendimentos do Grupo CS, impedindo que os problemas de uns contaminem todos,

·          o da sustentabilidade de cada um dos três empreendimentos, com destaque para o do Salgados,

·          o de facilitar acordos pragmáticos e, se for caso disso como parece, procurar que o Processo de Insolvência seja eficiente – o Grupo CS merece que reconheçamos a obra feita.

No actual modelo de Politica de Turismo, a Secretaria de Estado do Turismo não tem cultura, pessoas e instrumentos para intervir em situações como esta. O facto do empreendimento dos Salgados ser um Conjunto Turístico deve ser utilizado, se e só se, contribuir para a valorização do Empreendimento dos Salgados.

O «processo de insolvência em curso» perturba, em grau diverso, três empreendimentos turísticos importantes para a Oferta de Turismo da Região. É bom momento para perguntamos qual o papel actual da CCDRA e ERTA e qual o que devem ter – há três grandea empreendimentos turísticos em perigo e as Instituições Regionais não têm capacidade de intervenção?



A Bem da Nação

Albufeira 7 de Abril de 2012

Sérgio Palma Brito