A Economia do Turismo do Algarve só volta a crescer e criar emprego quando Governo, Administração e Sociedade Civil se empenharem em ultrapassar os Estrangulamentos à sua competitividade e em fomentar as Novas Dinâmicas que a concretizam – é o que designamos de Politica que Falta à Economia do Turismo do Algarve.
As ideias que seguem são uma base de debate, destinada a quem não está convencido que sabe tudo e quer fazer algo pelo futuro da Região e do País.
O texto está concentrado na Viagem de Estadia e na Economia do Turismo do Algarve, Estrangulamentos e Novas Dinâmicas têm a ver com a Economia do Turismo, em todo o País.
Ao leitor mais interessado, sugerimos a consulta imediata do Documento de Trabalho, que apoia este post (DOCUMENTO). Nele encontra o fundamento das ideias e propostas e as Referências.
a)Notas Sobre a Realidade da Economia do Turismo
Þ Algarve: Os Últimos Dez Anos e a Actualidade da Crise Estrutural
A prosperidade da economia e sociedade do Algarve, nos últimos dez anos, resulta de evolução contraditória no seio da Economia do Turismo:
· perda de competitividade do Alojamento Turístico Classificado, com menos 31 % de dormidas de ingleses e de 50% de dormidas de alemães,
· valor gerado pelo desenvolvimento de dois outros elementos da Economia Turístico Residencial (Turismo Residencial e Atracção de População Residente): são edificados 103.000 novos Fogos, repartidos em Residência Habitual (53.000), Uso Sazonal (40.000) e Vagos (10.000).
A Crise Estrutural, Violenta e Duradoura tem duas origens directas:
· a Procura por Turismo Residencial e Casa de Residência Permanente, origem da prosperidade da Região, cai a pique, a partir do segundo semestre de 2008 – boa parte desta queda é estrutural,
· continua a perda de competitividade do Alojamento Classificado – não se vislumbra inovação na Parceria entre Politica de Turismo e Iniciativa Privada que a possa reanimar.
Não é surpresa que a percentagem de desempregados no Algarve seja a maior no País e que a Região empobreça, desde 2009. Estranha é a percepção de uma Região onde domina a ilusão de um “inquestionável acesso à prosperidade adquirida” e a incapacidade em reagir: CCDRA, ERTA, ATA, Universidade, Municípios, Associações Empresariais e outras instituições suportam os sacrifícios, sem a menor erupção de energia para MUDAR.
A exigência da Politica Que Falta à Economia do Turismo do Algarve devia partir de uma iniciativa de base regional e não de simples livre-pensador.
Þ Algarve: Criar Valor a Partir de Activos Existentes
Temos de partir da realidade do Alojamento Turístico Classificado e do Alojamento Turístico Privado (Casas do Tempo Livre de Propriedade Privada, em utilização exclusiva, exploração turística e misto de utilização pelo proprietário e exploração. O gráfico seguinte ilustra a realidade:
Fonte: Elaboração Própria, com base em INE – Recenseamentos da Habitação e AHETA
Perante esta realidade e com base nos números do Turismo na Balança de Pagamentos, a Politica de Turismo tem de dar prioridade absoluta
· ao Marketing & Vendas do Alojamento Turístico Classificado,
· a Acções inovadoras, que criem valor a partir dos 145.000 Fogos de Uso Classificado, que são investimento de mais de 100.000 famílias portuguesas e estrangeiras.
A Politica de Turismo não pode continuar culturalmente (repito: culturalmente) “capturada” pelos Estabelecimentos Hoteleiros, tolerando, ignorando ou hostilizando “a imobiliária” – esta foi a Politica de Turismo dos últimos quarenta anos e veja-se quão benéfica (sic) foi para o Alojamento Classificado.
Þ Portugal: Economia do Turismo e Balança de Pagamentos
O indicador das Receitas de Turismo na Balança de Pagamentos é o que melhor ilustra a diferença entre duas realidades:
· a Economia “real” do Turismo,
· a contribuição do Alojamento Turístico Classificado para esta balança.
O valor desta contribuição tem de ser estimado. Com efeito, apenas dispomos do valor dos Proveitos do Alojamento Turístico Classificado, que inclui as receitas de Residentes em Portugal em Alojamento, Alimentação e Bebidas, Eventos, Aluguer de salas e similares. A nossa estimativa, baseada na comparação de números e no bom senso, indica que a Contribuição do Alojamento Turístico Classificado representa cerca de 35% do total das Receitas de Turismo na Balança de Pagamentos – com tanta gente a estudar e investigar Turismo, não encontrámos estimativa mais científica do que esta.
O quadro seguinte ilustra a evolução 2000/2011 dos dois “indicadores possíveis)
Fonte: AHETA, com base em INE e Banco de Portugal
O Quadro seguinte apresenta a evolução percentual de três indicadores:
· Receitas de Turismo na Balança de Pagamentos,
· Proveitos Totais do Alojamento Turístico Classificado [ver observação anterior]
· Dormidas de Residentes no Estrangeiro no Alojamento Classificado.
Podemos observar que, entre 2000 e 2011,
· as Receitas de Turismo na Balança de Pagamentos crescem 42.4% e as Dormidas de Residentes no Estrangeiro 8.2% - esta diferença parece indiciar ser cada vez mais importante a contribuição. para as Receitas de Turismo na Balança de Pagamentos, de Não Residentes, alojados no Alojamento Turístico NÃO Classificado.
Þ Que Fazer No Período de Após Crise de 2008/2009?
Em 2012, há circunstâncias novas que obrigam o Governo a identificar e fomentar a Economia “real” do Turismo, para além da contribuição dos turistas alojados no Alojamento Turístico Classificado. Esta Economia “real” é condição determinante para
· aumentar significativamente o valor das Receitas de Turismo na Balança de Pagamentos,
· ir mais além em valores não explicitados: Investimento Directo de Não Residentes em Casas do Tempo Livre e Transferências do Exterior para Reformados Imigrantes do Tempo Livre,
· relançar a Economia Turístico Residencial do Algarve, simplesmente a que mais contribui para as Transferências de Recursos do Exterior.
Apoiar e Fomentar a Economia “real” do Turismo exige que o Governo
· ultrapasse os Estrangulamentos Culturais, que ainda limitam a actual Politica de Turismo, como limitaram a dos Governos que os antecederam,
· inove com o dinamizar das Novas Dinâmicas da Economia do Turismo,
· com urgência, aprove um Programa Para a Competitividade da Economia do Turismo do Algarve.
b)Estrangulamentos Culturais
Þ Uma Criação do Espírito
Os Estrangulamentos Culturais são puras criações do espírito humano, quando
enclausurado numa visão cada vez mais redutora de Turismo, · se recusa a ver a realidade da Economia do Turismo, fora dessa clausura e reforça os conceitos que a excluem,
· conjuga uma politica conservadora (no sentido negativo e transversal da palavra: da esquerda à direita políticas,) com toda a nebulosa dos Serviços Centrais e Regionais de Turismo, interesses empresarias aconchegados na clausura e uma sociedade civil dela pouco independente.
Ao Politico que chega, tudo isto parece ser o fundamental e ter força. Tarde demais percebe que não ousou ultrapassar meros Tigres de Papel.
Þ Seis Estrangulamentos a Ultrapassar
No Documento de Trabalho de apoio a este post, analisamos, em detalhe seis Estrangulamentos Culturais:
· Viajar e Turismo: Consequências Politicas
· Perenidade e Diferença das Modalidades de Viagem
· Viagem de Estadia, Turismo Residencial e Estadia/Residência de Reformados
· Viagem Para Estanciar e Concentração da Procura/Oferta
· Viagem de Estadia, Concentração da Procura/Oferta e Dinâmica Turística e Residencial
· Viagem Para Estanciar e Dispersão da Procura/Oferta
c)A Politica Que Falta à Economia do Turismo do Algarve
Þ Ultrapassar os Estrangulamentos Culturais
Nenhum Governo consegue definir e aplicar a Politica que falta à Economia Turístico Residencial do Algarve, sem ultrapassar os Estrangulamentos Culturais, que limitam o âmbito da sua Politica de Turismo ao Conceito Redutor herdado do passado.
Ultrapassar os Estrangulamentos Culturais não exige meios financeiros, apenas decisões ao alcance de políticos que queiram mudar o que tem de ser mudado.
Alguém acredita que, no período posterior à Crise 2008/2009, é possível não alterar a Politica da Economia do Turismo, sobretudo quando esta já deu bastas provas da sua inadequação à realidade?
Þ Fomentar Novas Dinâmicas da Economia do Turismo do Algarve
Ultrapassados os Estrangulamentos Culturais, o Governo fomenta as Novas Dinâmicas da Economia do Turismo:
· Integração da Cadeia de Valor do Turismo Residencial,
· Portugal, País Competitivo na Atracção de Reformados Não Residentes,
· Diversidade e Nova Dimensão da Diáspora Portuguesa.
Como acontece desde Salazar, as grandes decisões estratégicas na Economia do Turismo só pode ser tomadas na esfera de influência do Primeiro-Ministro, uma vez preparadas no seio do actual Ministério da Economia e Emprego. É esta a via a seguir.
Þ Programa Para a Competitividade de Turismo do Algarve
O Governo tem ainda de decidir, rapidamente, a elaboração de um Programa Para a Competitividade da Economia Turístico Residencial do Algarve. A elaboração exige algum tempo, de modo a ser feita de maneira aberta e virada para a realidade. Não é “mais um estudo” de consultora estratégica, mas sim um Programa de Acções Concretas e muito orientado para a competitividade e ganhos de produtividade.
A Bem da Nação
Albufeira 30 de Março de 2012
Sérgio Palma Brito
Sem comentários:
Enviar um comentário