Valorização Turística dos Salgados e Insolvência do Grupo CS

CS em risco de insolvência | Publituris


No caso de insolvência do Grupo CS, é de interesse do País e do Algarve manter a dinâmica turística do Empreendimento dos Salgados. As notícias que nos chegam são preocupantes. Eventuais problemas nos Salgados não devem contaminar os dois outros grandes empreendimentos do Grupo CS: Morgado do Reguengo e S. Rafael.



Þ     Insolvência e Valorização de Activos na Oferta de Turismo

As notícias sobre a insolvência da “Hersal – Investimentos Turísticos, S.A., detentora do Grupo CS” obrigam a analisar os aspectos específicos de empresas proprietárias de empreendimentos turísticos, sobretudo quando está em causa um conjunto integrado de Hotéis, Golfe e Turismo Residencial.

Contrariamente ao que acontece no caso de uma fábrica, o cliente pode estar presente no estabelecimento, pode até ser proprietário de parte deste e as consequências para a Imagem de Marca do Produto podem ser devastadoras.

 O “sistema português”, ainda não é capaz de lidar com dois processos paralelos e interligados

·          a insolvência de uma empresa

·          a valorização dos seus activos, na dimensão privada (trabalhadores, credores e accionistas) e pública (interesse do País e da Região).

Analisamos apenas factos públicos e notórios do Grupo CS e analisamos este caso, pela sua actualidade.



Þ     Ascensão e Aparente Declínio do Grupo CS

Na ascensão e aparente declínio do Grupo CS, os factos públicos e notórios relevantes são:

·          Longos anos de voluntarismo empresarial desajustado da realidade do mercado quer das estadias hoteleiras, quer do turismo residencial “real”,

·          ausência de estrutura ligeira e qualificada, capaz de assegurar Marca, Marketing e Vendas de toda a Oferta do Grupo,

·          financiamentos bancários, cuja lógica escapa a conhecedores do mercado, o que tem mais a ver com os Bancos do que com o Grupo, mas com sérias consequências neste.

Para efeito da presente nota, temos em conta três importantes empreendimentos turísticos do Grupo CS: Salgados, Morgado do Reguengo e S. Rafael.



Þ     Valorização Turística do Empreendimento dos Salgados

A notícia do Publituris parece confirmar que o processo em curso integra o pior dos cenários

·          ignorar da dinâmica da oferta/procura turísticas de um empreendimento com a estrutura e localização dos Salgados,

·          bancos que financiaram mal (sem isso, não estaríamos aqui) a recuperar créditos, segundo modelo financeiro cortado da procura/oferta de turismo.

O empreendimento dos Salgados tem três características relevantes. A primeira é a de ser um conjunto integrado de hotelaria, turismo residencial e golfe que deve ser valorizado no seu conjunto. Haverá sempre perda de valor se a ideia for de explorar os hotéis e centro de congressos, sem valorizar a envolvente paisagística, de golfe e de turismo residencial.

Segunda tem a ver com a localização: empreendimento com excelente frente mar, mas isolado de núcleo local de apoio ou animação. Quem “está” nos Salgados tem tendência a viver socialmente nos Salgados, o que exige um ponto focal de animação social, comum a todo o empreendimento.

A terceira é que a solução de conjunto deve ter em conta o justo interesse das famílias que compraram casas de férias ou outra. São as primeiras empenhadas na valorização do empreendimento, mas a sua energia tanto pode gerar energia positiva, como populismo de consequências perigosas.

Em termos práticos, é simples: tem de haver uma entidade que assume a responsabilidade e presta contas de gerir serviços, conservação e áreas sociais, ou cada um dos elementos do conjunto é desvalorizado.

Os bancos credores têm a sua própria lógica, que não podemos ignorar. Receamos que possa vir a ter consequências perversas, sobre o positivo encarar destas características.



Þ     Morgado do Reguengo 

Em 2004/2005, estive profissionalmente ligado ao lançamento do Morgado do Reguengo, no mercado internacional das estadias turísticas e turismo residencial.

Na base do que o empreendimento seria no futuro, estava uma opção sobre Marca e Posicionamento

·          o posicionamento internacional qualificado que empreendimento permite e exige, de modo a valorizar ao máximo toda a oferta que integra,

·          na expressão de um responsável da época, evitar que a Imagem de Marca fosse ser, prosaicamente, o empreendimento “dos dentistas do Algarve” (salvo o devido respeito pela corporação!).

Estava previsto o Hotel & Residence Club fosse gerido sob a Marca de uma cadeia internacional, vocacionada para o mercado de língua alemã. Esta Marca posicionaria o empreendimento e, muito especialmente, a futura oferta de Turismo Residencial.

O Morgado do Reguengo e adquirido pelo Grupo CS. Em nossa opinião, sempre discutível, há duas decisões que o desvalorizam

·          com todo o respeito pelos Hotéis CS, a sua Imagem de Marca não cria o valor gerado por uma reconhecida marca internacional, virada para os mercados mais ricos da Europa,

·          a aprovação de 2.500 Fogos suplementares tira valor ao conjunto e não acrescenta – o empreendimento deixa de ser topo de gama se tiver 2.500 Fogos adicionais, num repetir do erro exemplar da Urbanização Norte de Montechoro.



Þ     S. Rafael

Este parece ser o caso mais simples, pela tradição que tem e pela escala dos problemas.

Mencionamos S. Rafael, pela sua importância e na medida em que possa ser afectado pela possível insolvência da Hersal e perturbações no que reste dos Hotéis CS.



Þ     Intervenção Pública em Defesa do Interesse do País e da Região  

É excelente ter o Governo a intervir e representado pela Secretaria de Estado da Economia e do Desenvolvimento Regional e não pela Secretaria de Estado do Turismo. Talvez o Governo possa enquadrar os problemas aos níveis a que se põem

·          o da sustentabilidade turística do conjunto de todos os empreendimentos do Grupo CS, impedindo que os problemas de uns contaminem todos,

·          o da sustentabilidade de cada um dos três empreendimentos, com destaque para o do Salgados,

·          o de facilitar acordos pragmáticos e, se for caso disso como parece, procurar que o Processo de Insolvência seja eficiente – o Grupo CS merece que reconheçamos a obra feita.

No actual modelo de Politica de Turismo, a Secretaria de Estado do Turismo não tem cultura, pessoas e instrumentos para intervir em situações como esta. O facto do empreendimento dos Salgados ser um Conjunto Turístico deve ser utilizado, se e só se, contribuir para a valorização do Empreendimento dos Salgados.

O «processo de insolvência em curso» perturba, em grau diverso, três empreendimentos turísticos importantes para a Oferta de Turismo da Região. É bom momento para perguntamos qual o papel actual da CCDRA e ERTA e qual o que devem ter – há três grandea empreendimentos turísticos em perigo e as Instituições Regionais não têm capacidade de intervenção?



A Bem da Nação

Albufeira 7 de Abril de 2012

Sérgio Palma Brito

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