Este post é mero esboceto, redigido com a intenção de
suscitar análise sobre as vias que nele abrimos. A questão é:
·
na actualidade, como pode a nossa intervenção na
Procura/Oferta de Turismo ganhar com um brevíssimo percurso sobre a evolução
dos mercados da Grande Bretanha e da Alemanha, mais o do Golfe?
O tema é importante para o Algarve, destino da Viagem de
Estadia. No Período do Após Crise de 2008/2009, o essencial da Procura continua
a formar-se à distância do voo de curto e médio alcance. Este facto limita-nos
à Europa, onde as economias nacionais conhecem evoluções diferentes e que não
podemos ignorar.
A leitura deste Post é acompanhada pela consulta
do Documento de Trabalho que o apoia: https://docs.google.com/open?id=0B9yEd1P9CtlCQlJrN1JjemQ2Y1k
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Þ Quando
a Grande Bretanha Lidera as Viagens Internacionais na Europa
Desde o início do caminho-de-ferro até ao virar das décadas
de 1970/1980, a Grande Bretanha lidera as viagens internacionais na Europa. É
onde há mais rendimento disponível e tempo livre, factores indispensáveis à
formação da procura.
A agência de viagens Thomas Cook acompanha todo este processo.
Nasce e cresce com a afirmação da liderança económica e política da Grande
Bretanha.
A partir da década de 1950, a Thomas Cook não participa na criação
e afirmação da inovação que revoluciona o viajar na Europa: o Holiday Package,
em cadeia de voos fretados. Como muitas vezes acontece, a inovação é obra de empreendedores,
vindos de fora do sistema.
Esta inovação é europeia e adaptada a Geografia Física e Humana
da Europa. Não a encontramos nos outros continentes em que a viagem de estadia
se desenvolve.
Þ Quando
a Alemanha Assume a Liderança e Tudo Acaba na Bolsa de Londres
Quando a Alemanha Ocidental recupera da Guerra e se
desenvolve, assume a liderança das Viagens ao Estrangeiro, que antes era da
Grande Bretanha.
Nesta dinâmica, há dois Operadores Turísticos que se
afirmam: TUI e Neckermann. Uma vez reunificada, a Alemanha vê reforçada a sua liderança
e a dos seus Operadores Turísticos.
Passam anos. Em 2001, a aquisição da Thomas Cook, pela Neckermann,
assume dois aspectos:
·
consequência da liderança da já afirmada e
reconhecida liderança da Alemanha
·
parte de nova dimensão na consolidação dos
Operadores Turísticos.
Desde cedo, a actividade de Operadores Turísticos conhece
consolidação rápida e intensa, no seio de cada um de vários países. A aquisição
de 2001 é já parte da consolidação à escala europeia. Esta é dinamizada pelos
dois operadores dominantes na Alemanha: TUI e Neckermann, que, em 2001, adopta
a marca Thomas Cook.
O destaque dado à Thomas Cook, não pode escamotear outra
história fascinante, mas diferente: a da formação da actual TUI Travel.
Nesta consolidação que extravasa a Europa, há um facto
significativo: ambas as empresas estão hoje cotadas na Bolsa de Londres. Ficamos
gratos, porque esta circunstância facilita o acesso a informação que, em
empresas privadas, no sentido de “não cotadas em bolsa” ou do Estado Português,
seria confidencial.
Þ Como
a Evolução do Número de Jogadores de Golfe Nos Obriga a Pensar
Em toda esta evolução, abrimos uma fresta sobre a e evolução
recente (1985/2011) da prática do Golfe em alguns países da Europa – o Gráfico
no Documento de Trabalho ilustra o caso da Inglaterra, Escócia, Irlanda,
Holanda e Alemanha. O Gráfico 1 ilustra esta evolução.
Gráfico 1 - Evolução do Número de Jogadores de Golfe em Diversos Países da Europa
Fonte: Elaboração própria, com base em European Golf Association
Gráfico 1 - Evolução do Número de Jogadores de Golfe em Diversos Países da Europa
Fonte: Elaboração própria, com base em European Golf Association
Constatamos
·
uma estabilização ou ligeiro decréscimo em
Inglaterra e Escócia ,
·
um crescimento sustentado na Alemanha e Holanda
(coincidência ou não, países cuja Dívida Pública tem o triplo A)
·
ligeiro crescimento na Irlanda, com queda nos
últimos anos.
Nestes países, com destaque para a Alemanha e Holanda, há
uma evidente adesão das classes médias à prática do golfe. Esta evolução social
e crescimento sustentado do número de jogadores é situação de que o Golfe do
Algarve deve tirar partido – é sempre bom vender num mercado em expansão.
Þ e
o Mercado, Pá?
Este Post nasce da análise da evolução da prática do Golfe
na Holanda e Alemanha e do potencial que representa para o Golfe do Algarve,
onde a Grande Bretanha tem, desde a origem, papel dominante.
A realidade da Europa deve ser tida em conta pelo Marketing
da Oferta de Turismo da Região. O Euro reforçou uma evolução que nos obriga a
começar a Segmentação Geográfica do Marketing Estratégico pelos Países onde se
localizam os aeroportos de partida dos turistas, e só depois, considerar a catchment area dos aeroportos. O
raciocínio não se limita ao Golfe, mas alarga-se a toda a Oferta de Turismo do
Algarve – a que existe e a que tem de se criar ou adaptar às exigências destes
mercados.
Recusamos o medíocre “queremos turistas ricos” do Algarve de
há anos, mas respeitamos a Regra de Ouro da Viagem de Estadia:
·
a sucesso
do Destino onde se desenvolve a Oferta começa por depender da prosperidade das
áreas onde se forma a Procura.
Esta regra é geral para o Viajar. Destinos da viagem
Cultural e Urbana, como Lisboa, beneficiam de posicionamento intercontinental,
a que o Algarve não pode aspirar (salvo algum Golfe). Aí, a Regra de Ouro
condiciona tudo.
Sobre o posicionamento de Portugal e do Algarve no mercado
da Alemanha, já dissemos o essencial em dois Posts
Alemanha – Mercado
Prioritário Para a Oferta de Turismo de Portugal
Procura dos Turistas
Alemães em 2011 – Factos
Nos mercados da Holanda e Irlanda, a démarche é a mesma, mas
parece já haver uma Imagem de Marca Algarve, a reforçar para estruturar o
Marketing & Vendas, que urge implementar.
A Bem da Nação
Albufeira 20 de Abril de 2012
Sérgio Palma Brito
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