A infeliz intervenção do Bastonário da Ordem dos Engenheiros no Negócios da Semana de 25 de julho de 2023

 É preciso ver o video (editado) até ao fim.







1.A pessoa no vídeo é o eng.º civil Fernando de Almeida Santos, fundador e CEO da TABIQUE (importante empresa de engenharia) e Bastonário da Orem dos Engenheiros.

Neste vídeo, caricatura o passageiro de hub da TAP que chega ao Montijo em low cost e tem de ir apanhar o avião da TAP ao Aeroporto Humberto Delgado (AHD).

A intervenção demonstra ignorância da realidade que caricatura, com final de defesa da Pátria que só agrava o caso.

Como é possível um profissional do gabarito de Fernando de Almeida Santos criticar realidade que desconhece?

A nossa explicação é a da sua ignorância resultar das pessoas com que lida na CTI e na Ordem e nas quais confia.

Acontece que a cultura da CTI assenta em desconhecimento da realidade que intervenções como esta reforça, em espiral negativa à qual é necessário por cobro.

Por outras palavras, FdeAS tem a noção que conhece o assunto que critica, quando apenas conhece a realidade virtual em que boa parte das gentes da CTI vivem.

Segue a explicação.

2.Entre outros, a CTI critica a solução dual (duas infraestruturas fisicamente separadas, mas que funcionam com uma gestão articulada) com base em “Problemas de ineficiência” de que destaca:

-“Dos utilizadores individuais: dificulta, senão mesmo impossibilita, o transfer entre vôos que estejam em diferentes infraestruturas, por exemplo transitar entre um voo ponto-aponto e um voo em hub.”.

A CTI mostra desconhecer a realidade da procura para o aeroporto da Portela o que é grave por a procura ser o fator que condiciona a sua expansão.

A procura da Portela pode ser segmentada entre

-voos intercontinentais de hub da TAP ou não e voos de medio curso de companhias que optam por voar para a Portela, as full service mais easyJet e pouco mais,

-os voos de médio curso intraeuropeus em que dominam as companhias low cost, mas não só.

São estas que voam para o Montijo.

Nenhuma destas companhias alimenta o hub da TAP.



“Está em marcha uma campanha orquestrada para descredibilizar a Comissão Técnica Independente”.

 

Segundo este ex-Bastonário da Ordem dos Engenheiros,

-“Está em marcha uma campanha orquestrada para descredibilizar a Comissão Técnica Independente” (CTI).

E acrescenta,

-“É altura de colocar um ponto final e deixar a comissão trabalhar em paz e sossego".”

O ex-bastonário não arranja melhor do que criar o inimigo externo, orquestrado por desígnios malignos, e quer ponto final nas críticas.

A isto respondemos com Umberto Ecco no Construir o Inimigo:

– “para manter o povo sob controlo é necessário inventar constantemente inimigos, e pintá-los de maneira a inspirarem medo e repugnância”.

Por coincidência, é a partir de hoje que iniciamos a publicação de posts a analisar o trabalho da CTI

Como sempre as nossas críticas assentam em factos, respeitam as pessoas e estão sujeitas a contraditório.

E contribuiremos para a CTI trabalhar melhor, não insistindo em erros crassos que tem vindo a cometer.

A opinião do ex-bastonário será analisada em post próprio.



Aeroporto de Lisboa: os custos que Governo e Comissão escondem

 Texto do artigo publicado no Sol em 21 de julho de 2023



Não vai ser fácil. Basta percorrer o Portugal da expansão urbana que segue a migração da população rural para as grandes cidades do litoral, desde os anos cinquenta. Na esmagadora parte dos casos não houve planeamento urbano.

 

por Sérgio Palma Brito

Autor de TAP, €3.200 milhões depois, que futuro? Militante do Partido Socialista

 

Portugal, Lisboa e o Aeroporto Humberto Delgado não podem esperar 10 ou 12 anos pelo novo aeroporto e sua Cidade Aeroportuária. É preciso um aeroporto de transição. O novo aeroporto tem custos escondidos.

 

1. Interesse do país impõe rápido ‘aeroporto de transição’ 

*‘aeroporto de transição’ 

e ‘infraestruturação urbana muito próxima’

O novo aeroporto demora 10 a 12 anos e prolonga a perda de receita turística, e degradação da imagem de marca (reputação) do país e do destino Lisboa.

Está em causa o interesse nacional, que exige um compromisso sobre medidas excecionais para apressar a entrada em serviço de ‘aeroporto de transição’. 

O ‘aeroporto de transição’ é o projeto Portela + Montijo, acordado entre Estado e ANA em janeiro de 2019, financiado por esta, sem custo para o contribuinte, e com Declaração de Impacte Ambiental aprovada. Repito, sem custo para o contribuinte.

Em entrevista recente, Gonçalo Byrne é claro: «Se a solução, por exemplo, for como aquela que está, Portela e Montijo, já há infraestruturação urbana muito próxima. Agora, se for para Alcochete, se for para Pegões… o que eu sei é que vai resultar numa pressão urbanística brutal. E os municípios, que estão articulados, já sabem disso. Vemos já enormes pressões urbanísticas». (Público, 2023.07.02).

 

*Coragem política 

- precisa-se

O ordenamento do território tem base cultural sólida. Foi a aplicada no Algarve pelo Plano Dodi, inspirado pelo ministro Arantes e Oliveira, e formalizada mais tarde por Ian McHarg. Na quintessência, compatibiliza diversos graus de exigências de preservação e de desenvolvimento.

O ‘aeroporto de transição’ responde positivamente a esta análise. Tem impactes ambientais, mas cria valor para a cidade e país, isto é, para os portugueses.

Vai ser combatido pelo ambientalismo radical de fachada mais ou menos científica que, na sanha de tudo afirmar proteger, desprotege o homem. Esta sanha tem de ser contrariada com argumentos de base técnica e científica do modelo ‘compatibilizar’ a apoiar forte determinação política.

Vivemos momento de verdade em que o país precisa da coragem política do primeiro-ministro e do líder do principal partido da oposição para tomar e impor esta decisão. Sem excluir, claro outras forças políticas.

Não falo em seu nome, mas estou autorizado a referir Associação da Hotelaria de Portugal e da Associação o apoio deste compromisso pela a Confederação do Turismo de Portugal, da Associação da Hotelaria de Portugal e da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo.

2. O elefante branco na Comissão Técnica Independente 

*O hub da CTI é a Cidade Aeroportuária e não o da TAP

A cidade aeroportuária é o elefante branco nos trabalhos da Comissão Técnica Independente. Na apresentação de 2023.04.27, a CTI considera o hub intercontinental da TAP no aeroporto de Lisboa. Depois, designa hub algo de muito diferente: 

-«Um hub em Lisboa, além de ser uma entrada / saída para os nichos de mercados tradicionais de África, América Latina e América do Norte, potencia a conectividade com outros mercados, conferindo ao país maior capacidade competitiva em termos ibéricos, europeus e, fundamentalmente, Globais».

Esta definição é a da cidade aeroportuária, ausente nos trabalhos da CTI. É o que leva Gonçalo Byrne a declarar: «Quando vejo a constituição das valências desta comissão técnica, a componente urbana não está lá».

 

*Aeroporto em espaço rural exige Cidade Aeroportuária importante

A CTI utiliza ‘aeroporto greenfield’ a sublimar os aeroportos em espaço rural de Canha e S. Vicente do Paul, batizados de Alcochete e Santarém.

Ainda segundo Byrne, «a opção a conhecer em 2024 gerará operações imobiliárias brutais e teme que os instrumentos de planeamento e ordenamento do território sejam insuficientes para moderar essa pressão». 

Ambos são aeroportos em espaço rural, indissociáveis de cidade aeroportuária, fruto de duas dinâmicas. A de alojar percentagem elevada dos cerca de 12.000 trabalhadores no futuro aeroporto. E a de atrair pessoas, instituições e empresas qualificadas que vão formar o hub proposto pela CTI.

É esta cidade aeroportuária que preocupa Gonçalo Byrne e deve preocupar os portugueses. 

O planeamento urbano está ausente dos trabalhos da CTI por decisão política a que esta deu cobertura ‘técnica e científica’. Governo e CTI estão a tempo de reparar rapidamente o erro. 

 

3.Planeamento urbano prévio e custo da cidade aeroportuária

*Planeamento Urbano prévio

De novo a Gonçalo Byrne: «Mas é estranho que as outras especialidades, das arquiteturas, não estejam presentes. Não só da arquitetura como pensamento, conceção, com uma visão… diria holística, de tudo. E as consequências do que é esta ‘cidade’ aeroportuária a funcionar no futuro. Porque, se elas não são contempladas, vai acontecer aquilo que aconteceu com os outros aeroportos. O aeroporto da Portela, como cidade, é um desastre».

Não vai ser fácil. Basta percorrer o Portugal da expansão urbana que segue a migração da população rural para as grandes cidades do litoral, desde os anos cinquenta. Na esmagadora parte dos casos não houve planeamento urbano.

Se houver coragem para localizar a cidade aeroportuária em terreno público… está dado o primeiro passo do sucesso, por castrar a especulação imobiliária de transformar solo rural em urbano.

A cidade aeroportuária, indissociável do aeroporto em espaço rural, tem de assentar em planeamento urbano prévio, apesar deste prolongar os problemas atuais do AHD, do destino Lisboa e do país.

 

*Esta Cidade Aeroportuária tem custo nunca estimado

A CTI escamoteia os custos do aeroporto. Caso de aerogare, pistas etc. em terreno não preparado. Mais as infraestruturas urbanísticas públicas. E, sobretudo, acessibilidades faraónicas que incluem a terceira travessia sobre o Tejo. 

A freguesia do Parque das Nações dá uma ideia do que será a cidade aeroportuária. São 5,44 km² de área e população de 22.382 habitantes em 2021 (INE).

Para os 12.000 trabalhadores no AHD e suas famílias há custos muito importantes. Há os pessoais (reorganizar trabalho e escolas de filhos, etc.), os sociais (perda da identidade local), os económicos (habitação e outros), os macroeconómicos (alocar recursos) e os dos serviços públicos.

O investimento em infraestruturas urbanísticas e serviços públicos será investimento do Estado e da autarquia. O dos serviços será custo de empresas. O investimento da habitação fica a cargo dos particulares.

Aeroporto e cidade aeroportuária criarão as dinâmicas económicas, sociais e culturais na base do sucesso que a CTI assume? Ainda pagamos obras faraónicas sem relação com a sociedade e economia do país. O aeroporto em espaço rural e sua cidade aeroportuária correm risco sério de ser mais uma destas obras. E os contribuintes pagam.

 

4. Portugueses, acordai!

 


Ryanair e incentivos no destino Açores

 

Incentivos a companhias aéreas datam do início do século e sempre envoltos em confidencialidade perniciosa.

Surgiram mitos urbanos e nunca houve avaliação das políticas publicas.

Tentamos situar o problema.

1.Os incentivos a companhias aéreas foram criados por destinos sem suficiente capacidade de atração e que ganham com os turistas ‘incentivados’.

São tornados possíveis pelo modelo de negócio flexível das companhias low cost que permite criar bases nesses destinos.

E inserem-se em contrato de atingir objetivos que, sem estas, não seriam atingidos.

É errado falar de subsídios, que configurariam Auxílio de Estado.

Apesar de vários litígios, poucos são os casos em que as companhias low cost tiveram de os devolver.

2.Os incentivos só se justificam quando a capacidade de atração do destino é incapaz de gerar os fluxos turísticos ‘incentivados’.

A primeira reação da opinião publica devia ser a de se preocupar com a falta de capacidade de atração do destino.

Quando a há, o incentivo não existe.

Em 2014, a Ryanair gerou 2.000.000 de passageiros para Lisboa.

Há incentivos para companhias low cost voarem para Lisboa no início da sua dinâmica turística de conhecido sucesso.

3.Não tenho números, mas registei inúmeras opiniões sobre o novo dinamismo que as companhias low cost trouxeram aos Açores.

Neste caso, a Ryanair foi ‘incentivada’ em €1,5 milhões em 8 anos, o que dá €187,5 mihares por ano.

No texto ficamos a saber que a exigência negocial da Ryanair tem a ver com o aumento das taxas aeroportuárias.

É um caso típico de barganha e o povo é sereno.



Será que a Iberia ameaça mesmo o hub da TAP em Lisboa?

 

Este post é qualquer coisa entre brincadeira e resposta ultra rudimentar à pergunta fatal:

-Até que ponto a Iberia é uma ameaça ao hub da TAP em Lisboa?

Importa esquecer a síndrome de Padeira de Aljubarrota e analisar objetivamente a concorrência e a complementaridade entre TAP e Iberia.

Não critique a ligeireza deste texto.

Dê mais informação.

1.Brasil

Nenhuma das companhias IAG opera a diversidade de destinos no Brasil que a TAP opera.

Operam Rio São Paulo… as rotas mais rentáveis, mas a TAP acrescenta frequências.

O acordo bilateral Portugal-Brasil protege a TAP.

Ameaça fraca.

2.América do Norte e África

A acreditar na informação da Iberia, a TAP é mais forte.

Nos EUA, a Iberia concorre diretamente em 4 destinos e complementa com Los Angeles. TAP opera 9 destinos.

Se isto é verdade, ameaça fraca, mas cuidado com os 4 destinos nos EUA.



Integração da TAP no International Airlines Group (IAG) - primeiras notas

 

O IAG (British Airways, Iberia, AerLingus e Vueling) é o candidato à TAP que mais interesse tem manifestado.

Não escondo que, pela intensidade e competitividade da sua gestão, é o candidato que prefiro, claro que dependendo das condições.

No fim detalhamos o esquema com a estrutura do IAG.

Que revlução para a TAP.

1.O IAG tem comité de gestão com administradores para os vários pelouros e onde têm também assento os CEO de cada uma das companhias aéreas. O fundador do IAG foi Willie Walsh e o atual CEO é o Espanhol Luiz Gallego. Luís Rodrigues será membro deste comité e a ele reporta. O Estado Português leva sumiço.

2.A TAP é uma companhia operacional com autonomia para definir a política comercial e rotas, mas o plano de negócio tem de ser aprovado pelo ‘group management committee’. Isto fora de toda e qualquer interferência politica.

3.A TAP compete pela alocação de capital para os seus projetos de expansão. A reestruturação da Iberia foi imposta pelo conselho de administração executivo. O investimento em nova frota só foi aprovado comité de gestão depois de conflito social intenso que reestruturou a Empresa. O Estado Espanhol assistiu.

4.A TAP tem também liberdade para dialogar diretamente com os sindicatos. Calma, tem a responsabilidade de acordar com os sindicatos Acordo de Empresa que assegure a sustentabilidade da Empresa. É das condições de que eu mais gosto por ser a que melhor defende a TAP. O Estado Português assiste, mas não decide.

5.Fotografia de alguns membros do Comité de Gestão. No Relatório de 2023, teremos Luis Rodrigues aqui?



6.O Centro e as companhias. No Relatório de 2023, teremos a TAP aqui?


7.As plataformas centrais, Fidelização, Carga e Tecnologia. E GBS que

-"has transferred and restructured services, implemented new technology, created new ways of working and delivered unprecedented cost savings – establishing IAG GBS as a strategic platform for growth as well as IAG itself.".

A ccordenação intra-grupo, com frota, manutençao, fuel, rede de rotas, parte comercial e clientes - uma revolução para a TAP.

Por fim, as funções centrais, que deixam a TAP: finanças, pessoas, sustentabilidade, comunicações, legal, estratégia e fusões & aqquisições.


8.O leitor mais interessado no IAG deve aceder ao Annual Report & Accounts de cada ano.


Lisboa 13 de julho de 2023

Sérgio Palma Brito



TAP, €3.200 milhões depois, que futuro?

 

Tem capa, paginação e ISBN profissionais, mas é disponibilizado em PDF aberto a todos.

É parte da minha contribuição para um debate aberto sobre a TAP.

Agradeço todo o apoio que possam dar à divulgação do livro.

Não pretendo promover a minha vã glória.

Quero um debate mais qualificado sobre a TAP.

Enjoy!

https://drive.google.com/file/d/14xcTJ8pxwKo6HN63iWVlyQjk4RQkYsVG/view?usp=drive_link



David Neelelan - foi esta capacidade de antecipação e inovação que Portugal e a TAP perderam

 

É publico e notório que ‘sigo’ David Neeleman desde há anos e anos e tenho por ele respeito pessoal e grande admiração profissional.

A news letter Flighglobal, dedica hoje uma análise aprofundada ao Airbus 220, um avião em que inicialmente não acreditou e hoje é simplesmente isto:

-«Five years an Airbus: How the ‘little’ A220 transitioned to the big league».

The big league e a, muito possivelmente, substituir o consagrado A319.

Recuemos a 2018, quando a grande notícia é

-«US to have a new LCC and it just bought 60 A220s at Farnborough».

A nova companhia low cost é a Moxy, hoje Breeze, e o empreendedor que acredita no A220 é David Neeleman.

Cito-o:

-“After years of U.S. airline consolidation, the conditions are improving for a new generation of U.S. airlines to emerge, focused on passenger service and satisfaction,”

“The A220 will enable us to serve thinner routes in comfort without compromising cost, especially on longer-range missions. With deliveries starting in 2021, we will have ample time to assemble a world-class management team and another winning business model,”

Basicamente,

Em 2018.07.18, «The U.S. start-up airline, known as Moxy Airways, is going to offer point-to-point services from secondary airports in the U.S.».

Neeleman tinha arrastado financiadores que nele confiam para este projeto.

A Pandemia perturba tudo, mas a Breeze Voa e espera completer a frota de A220, modelo em que muitos não acreditavam, até na Airbus.

Foi esta capacidade de antecipação e inovação que Portugal e a TAP perderam.