Privatização da TAP – estratégias políticas e empresariais de Salazar à actualidade


O presente post pretende ajudar o cidadão mais curioso a ter uma visão da actividade da TAP ao longo dos últimos setenta anos. Apresentamos

-as estratégias politicas e empresariais que são realmente relevantes e não meras manifestações de ego, boa vontade e incompetência,

-três gráficos síntese sobre cada um dos três grandes períodos em que dividimos a actividade da TAP (1).

Estes três períodos são: 

-1944/1994 – do “ instrumento de soberania nacional” à empresa aérea da guerra colonial, 

-1976/2000 – o da ‘transportadora aérea nacional’, da nacionalização à liberalização europeia de 1993, que em Portugal se arrasta por mais sete anos de inércia,

-2001-2011 – o da ‘gestão profissional’ da TAP, que absorve o incidente politico partidário de 2002/2004.

Apesar de podermos sobrecarregar a exposição, consideramos ainda dois contratempos: 

-1994-2000 – o pós PESEEF que termina em 2000, quando a gestão profissional se instala na TAP,

-2002/2004 – a frustrada tentativa de voltar a politizar e partidarizar a TAP.

Em simultâneo, temos em conta os dois grandes períodos da regulação internacional do transporte aéreo de passageiros na Europa:

-o da regulação pelos estados e pela IATA – dos anos 40 a 1992,

-desregulação e globalização – de 1993 à actualidade.

 

O leitor deve estar informado sobre Princípios Gerais do blogue (Princípios).

 

0.Enquadramento internacional da TAP

*Regulação do transporte aéreo de passageiros – anos 40 a 90
Entre a segunda metade da década de 40 e 31 de Dezembro de 1992, o transporte aéreo de passageiros na Europa assenta num modelo dual: companhias estatais de bandeira de transporte regular, e companhias privadas de voos fretados (charter).

A regulação do transporte regular é fixada na segunda metade da década de 1940 (2) e assenta em

-Direitos de Tráfego Aéreo bilaterais acordados entre estados, que fixam rotas entre grandes centros urbanos ou apenas entre capitais,

-frequências e repartição de receitas acordadas entre as administrações e companhias de bandeira dos países envolvidos e indicadas pelos estados,

-preços fixados e regulamentados pela IATA.

-entre década de 40 e 1993, acordos bilaterais entre estados a fixar rotas e capacidade, operadas por companhias estatais, acordo de não concorrência e preços fixados no quadro da IATA.

Esta é a origem do conceito de companhia aérea de bandeira. Em regra, é estatal e indicada pelo estado para operar as rotas estabelecidas pelos acordos bilaterais.

Neste sistema, a concorrência entre companhias aéreas é minimizada, com modestas excepções nas décadas de 1970 e 1980, antes da desregulação.

*Desregulação e globalização – dos anos 90 à actualidade
O terceiro pacote da Desregulação do Transporte Aéreo no espaço comunitário entra em vigor a 1 de Janeiro de 1993 e tem efeito equivalente ao do Airline Deregulation Act de 1978 nos EUA (3). De uma assentada elimina

-a diferença companhias regulares/charter, substituída pelo licenciamento de companhias aéreas para operar em toda a União,

-o sistema de acordos bilaterais entre Estados para fixar rotas e frequências partilhadas por companhias escolhidas, substituído pela liberdade de operação das companhias aéreas,

-a fixação de preços no quadro da IATA, substituída pelo regime de preços livres e concorrência aberta.

Neste contexto, globalização refere a crescente concorrência nas ligações intercontinentais. Em Portugal há casos tão variados como o dos países da CPLP, EUA, Venezuela e outros em África.

A desregulação e globalização

-tornam obsoleto o conceito caseiro de transportadora aérea nacional, como veremos no ponto2,

-reduzem drasticamente o de companhia de bandeira, pela simples razão as companhias são privadas, e a maioria dos direitos de tráfego são livres.

 

1.De “instrumento de soberania nacional” à guerra colonial  

*Quantificação possível
O Gráfico 1 ilustra a evolução do número de passageiros da TAP, SARL entre 1953 e 1974. O ritmo de crescimento é diferente entre 1954/1960 e entre 1961/1964, em consequência do tráfego de longo curso com as colónias em regime de monopólio. Este tráfego explica a rentabilidade e crescimento da TAP de antes do 25 de Abril.

Gráfico 1 – TAP SARL – número de Passageiros (1954/1974)
(milhares)

 
Fonte: Entrada Transportes Aéreos Portugueses, Dicionário de História de Portugal, coordenação de António Barreto e Maria Filomena Mónica, Livraria Figueirinhas, Porto

*Decisão política em 1944 e 1953
Nas suas Memórias, Humberto Delgado lembra:

-”Quando, em 1944, os americanos convocaram a conferência de Chicago, Salazar estava desesperado, porque éramos a única potência colonial sem um serviço aéreo que nos ligasse aos territórios ultramarinos. Decidiu então criar o Secretariado da Aeronáutica e nomeou-me Director-Geral.” (4).

Em 1953, está em causa “o alargamento da rede da concessionária [a TAP, SARL], designadamente de modo que venham a ficar ligados por via aérea os diversos territórios nacionais e, assim, estreitados os laços entre os portugueses espalhados pelo Mundo.” (5).

*concessão do serviço público de transportes aéreos de passageiros” (1953)
O apoio público à concessionária implica defesa da sua dimensão nacional:

-“Quer a natureza intrinsecamente nacional do serviço concedido, quer os termos dos acordos internacionais sobre transportes aéreos celebrados pelo Estado, exigem que a presente concessão se faça a uma empresa portuguesa constituída essencialmente por capitais portugueses e cujos corpos gerentes sejam formados por uma maioria de nacionais.” (6).

A substância da concessão:

-“Pela presente concessão, a concessionária obriga-se a explorar desde já as linhas actualmente a cargo dos Transportes Aéreos Portugueses (Lisboa-Porto, Lisboa-Funchal, Lisboa-São Tomé-Luanda, Lisboa-Madrid, Lisboa-Paris e Lisboa-Londres) e, logo que estejam realizadas as condições para tal fim, a prolongar a linha de Africa até Lourenço Marques e a iniciar a exploração da linha Lisboa-Rio de Janeiro, pela Ilha do Sal.

Acresce que o Governo, quando o julgar conveniente, poderá integrar no serviço concedido outras linhas de interesse nacional, designadamente as que assegurem a ligação com os Açores, a Guiné e as províncias ultramarinas do Oriente.

Prevê-se, pois, o alargamento da rede da concessionária, designadamente de modo que venham a ficar ligados por via aérea os diversos territórios nacionais e, assim, estreitados os laços entre os portugueses espalhados pelo Mundo.”.

*”Relevo especial” da linha de África (1962/1973)
Em 1962, os números já mostram a procura que rentabiliza e faz crescer a TAP, SARL:

-“tem um relevo especial a linha de África, quer pelo importante papel que desempenha como instrumento de soberania nacional, quer pelo peso que tem na exploração, dadas as distâncias percorridas” (7).

*Política de não concorrência
Em 1973, o IV Plano de Fomento para 1974/1979 explicita política de não concorrência no transporte aéreo regular:

-“o transporte aéreo regular é uma actividade que não suporta inteiramente a livre concorrência, carecendo de regulamentação que garanta não só a sua viabilidade económica como a satisfação de indispensáveis padrões de segurança […], ratifica-se o principio que o tráfego aéreo regular que se movimenta entre o território português e o de qualquer outro país é considerado reservado às empresas designadas de ambos os países.” (8).

*Soberania nacional e TAP privada
Na sua origem, as companhias estatais de bandeira também são instrumentos de soberania. Em Portugal, o crescimento da TAP durante a guerra colonial mantém uma função de soberania. Em 1974, esta função já está esbatida em muitos países, mas é particularmente relevante no caso da El AL e Israel.

A TAP alimenta uma contradição. É privada e excepção no tempo de companhias estatais. Desde há quase vinte anos, a TAP pública é excepção no tempo de companhias privadas.

 

2.Transportadora Aérea Nacional – o mito que sublima a realidade?

*Resultado líquido da TAP EP e TAP SA entre 1976 e 2000
O Gráfico 2 ilustra o Resultado Líquido da TAP, em milhões de euros actualizados a 2014, entre 1976 e 2000. Sabemos que o indicador é insuficiente e a actualização discutível, mas sabemos que, observados com cautela, estes números ajudam a compreender a evolução da TAP.

A realidade mais evidente é:

-entre 1976/2000, o Resultado Líquido da TAP é consistentemente negativo, com a excepção de 1997 e 1998.

Gráfico 2 – Resultado líquido da TAP EP e TAP SA entre 1976 e 2000
(euros actualizados a 2014)

 
Fonte: Elaboração Própria com base em Relatórios e Contas de TAP, EP (1976/1990), TAP, SA (1991, 2002), Grupo TAP (2003/2011), actualização com base em PORDATA

*Nacionalização da TAP SARL (1975) – continuidade na Revolução
A nacionalização da TAP resulta da conjuntura pós 11 de Março e

-da insegurança perante a inviabilidade da TAP provocada pela perda das linhas de África,

-do custo social de reconversão empresarial para a qual não há capacidade cultural e política (9).

A realidade é conhecida:

-“As dificuldades financeiras da TAP tiveram início em 1974, quando a empresa perdeu o monopólio de transporte nas rotas com destino às antigas colónias portuguesas em África, que se caracterizavam por um tráfego intenso, com elevadas taxas de ocupação e rentabilidade.” (10).

A nacionalização tem duas consequências que ainda hoje condicionam qualquer intervenção politica na TAP

-o que hoje se designa por “uma espécie de condomínio entre o Estado e os sindicatos”, sindicatos fortes e corporativos diga-se, bloqueia a adaptação da TAP às profundas transformações do mercado em que opera,

-garante que uma das funções do Estado é pagar os custos da irresponsabilidade na gestão e nos ‘direitos dos trabalhadores’.

De memória de homem, entre 1975 e hoje não há um só despedimento individual ou colectivo na TAP. Quantas companhias aéreas têm tal palmarés?

*Transportadora aérea nacional
A transportadora aérea nacional é a continuidade da empresa da guerra colonial, adaptada à ruptura política, social e económica do 25 de Abril e da Descolonização. Em 1985 temos uma definição do conceito:

-“A TAP-Air Portugal, EP como companhia de bandeira desempenha uma missão de grande importância económica e de reconhecido mérito cultural, socia e politico ao estabelecer ligações permanentes com as comunidades portuguesas mais significativas e com os países de expressão oficial portuguesa, para além do papel que desempenha como dinamizador da actividade turística nacional.

Sem prejuizo da eficácia das missões que estão confiadas pelo Estado à TAP-Air Portugal, EP, onde sobressai o transporte para as regiões autónomas, entende o governo que a empresa deverá alcançar aequados níveis de rendibilidade e autofinanciamento de modo a desfrutar de uma situação económico-financeira equilibrada.” (11).

*Continuidade do antes do 25 de Abril
Com a evidente excepção das linhas de África, o conceito de transportadora aérea nacional é semelhante ao de instrumento de soberania nacional, de antes do 25 de Abril:

-a politica de não concorrência reconhecida pelo IV Plano de Fomento é uma constante na relação entre a TAP do accionista Estado e a ‘regulação’ pela Direcção Geral da Aviação Civil do Estado regulador,

-haver missões que o Estado pode confiar à TAP-Air Portugal EP, ontem as linhas de África, hoje o transporte para as regiões autónomas,

-os antigos ‘territórios ultramarinos’ mais o lugar especial que o Brasil sempre teve (ver Decreto-Lei de 19539, são os novos Países de Língua Oficial Portuguesa,

-a dinamização da actividade turística nacional é mais evidente, mas é constante desde 1944.

Em relação ao conceito de antes do 25 de Abril, há duas diferenças:

-a TAP “estabelecer ligações permanentes com as comunidades portuguesas mais significativas”,

-a TAP ser fatal e estruturalmente deficitária, porque a estrutura de capital e de custos, a gestão de base político/partidária e o ‘condomínio entre o Estado e os sindicatos’ impedem a reconversão que a poderia rentabilizar.

*Questionar e racionalizar a transportadora aérea nacional?
Dispomos de informação suficiente para afirmar que

-a transportadora aérea nacional é mito que sublima prejuízos e escamoteia a realidade de uma empresa aérea ineficiente que assim justifica apoio do Estado para o seu prejuizo e regalias para os trabalhadores,

-a sua contribuição para o turismo, comunidades portuguesas e ligações com os países de língua oficial portuguesa não só não é a que diz mas chega a ser contra o desenvolvimento do turismo e o serviço aos emigrantes.

Estamos disponíveis para aprofundar o assunto. 

*Para uma avaliação de dezassete anos de nacionalização
A Decisão da Comissão (12) dá-nos uma avaliação de dezassete anos de nacionalização:

-“A TAP atravessa uma grave crise financeira. […], desde a sua nacionalização em 1975, a TAP tem sido permanentemente deficitária, apresentando resultados operacionais negativos. A TAP é deficitária na maior parte da sua rede. Em 1992, apenas registou lucros em 11 das suas rotas, enquanto que outras 30 registaram perdas que ultrapassaram 50 % das receitas.”,

-“Mesmo tendo em conta a extensão média dos percursos, que é em factor que influencia directamente os rácios de produtividade de uma transportadora aérea, a produtividade da TAP é muito inferior à das suas concorrentes.” (o sublinhado é nosso).

A Comissão conclui:

-“A baixa produtividade da TAP é causada pela sua estrutura de custos elevados, baixos rendimentos. A companhia tem excesso de pessoal, está mal organizada e opera demasiados tipos de aviões.”.

-a empresa ser fatal e estruturalmente deficitária, porque a sua estrutura de Capital, de Custos e de Produtividade, mais a Gestão de base político/partidária, impedem a reconversão que a poderia rentabilizar.

Em 1994, a Comissão autoriza o Estado a aumentar o capital da TAP em 180 mil milhões de escudos portugueses e a dar garantias de empréstimo até ao montante máximo de 169 mil milhões de escudos portugueses:

-em valores actuais, temos cerca de €1.4 mil milhões de aumento de Capital e cerca de €1.3 mil milhões de garantias a empréstimos – não é pouca coisa.

 

3.Período entre 1995/2000 – o equívoco de uma estratégia

*Decisão política pertinente contrariada por estratégia empresarial
Em 1995, o Programa do XIII Governo Constitucional prevê que uma das “grandes prioridades” é:

-“Dispor de uma companhia de bandeira dotada de uma gestão equilibrada e sólida, capaz de concorrer em mercado aberto”.

O Plano Estratégico da TAP para 1997/2000 define estratégia empresarial que contraria a decisão politica:

-“Companhia nacional que “domina” o mercado português, das principais comunidades com fortes vínculos a Portugal espalhadas pelo mundo, e dos turistas estrangeiros individuais viajando para Portugal, através de uma rede que engloba os principais destinos desses clientes, de um serviço simples, rápido e tipicamente português, e da recompensa da lealdade desses clientes à TAP, a um preço em linha com as companhias de bandeira concorrentes.” (13).

Com efeito esta visão estratégica ignora o “concorrer em mercado aberto” e está virada para o mercado das “comunidades com fortes vínculos a Portugal espalhadas pelo mundo” e “dos turistas estrangeiros individuais viajando para Portugal”, com a omissão de passageiros viajando em grupo a contrariar a realidade comercial.

 

4.De 2001 à actualidade – tempo da gestão profissional

*Resultado Líquido do Exercício da TAP SA (2001/2013)
O Gráfico 3 ilustra o Resultado Líquido da TAP entre 2001 e 2013 em milhões de euros correntes. Dois comentários:

-em 2001 o Resultado Líquido ainda é negativo, mas é menos do que em 2000 e inicia uma evolução positiva mas perturbada,

-em 2008 o Resultado Líquido é negativo em valores record, exemplo de ocorrência para a qual os accionistas de companhias aéreas têm de estar preparados.

Gráfico 3 – Resultado Líquido do exercício da TAP SA (2001/2013)
(€milhões, preços correntes)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Relatórios anuais de TAP SA (2000, 2001) e Grupo TAP (2003 a 2013)

*Nota sobre resultados da gestão profissional
O período entre 2001/2013 é marcado por uma instabilidade positiva do resultado líquido da TAP SA:

-nos treze anos entre 2001/2013, o Resultado Líquido acumulado da TAP SA é de negativo em €-1,5 milhões a preços correntes,

-a TAP SA beneficia de estranha indulgência que a isenta de remunerar o capital investido e, em 1994, não foi pouco,

-as loas à rentabilidade da TAP SA não têm fundamento,

-o justo reconhecimento da gestão profissional é devido porque o accionista é incapaz e os custos de pessoal são intocáveis – em condições normais seria inaceitável.

*Estratégia empresarial de 2001 
A estratégia de 2001 transforma a TAP de companhia cuja “rede depende ainda, em grande medida, dos mercados tradicionais no interior de Portugal e no estrangeiro” em “companhia aérea internacional” (13).

Citamos a síntese da estratégia que marca a TAP de 2001 à actualidade:

-“A TAP-Air Portugal é uma companhia aérea internacional que opera, ligando a Europa a África e às Américas, a partir da sua base operacional em Lisboa, cidade que, devido ao posicionamento geográfico, constitui uma plataforma de acesso privilegiado aos mercados que a companhia serve.

Na disponibilização do serviço aos seus Clientes, a Empresa mantém a sua forte ligação a Portugal, atitude que corresponde ao nicho de mercado onde a sua posição competitiva é mais sustentada, operando em complementaridade com uma ampla interligação a uma rede global, através de uma boa articulação com as suas parcerias em code-share (voos em código repartido).

A TAP-Air Portugal tem como principal actividade o transporte de passageiros e carga, mediante a disponibilização de um serviço na linha da tradicional hospitalidade portuguesa, promovendo a fidelidade dos seus clientes. Paralelamente, contribuem para os resultados da Empresa, o desenvolvimento de actividades de serviço a terceiros, através da intervenção nos negócios de Manutenção e de Handling e, ainda, a participação em actividades complementares, visando o controlo da “cadeia de serviço.” (14).

O hub de Lisboa é fundamental para o sucesso desta estratégia porque assegura uma massa critica de ligações de longo curso que é indispensável ao equilíbrio das contas da TAP. Por outras palavras, sem hub de Lisboa não há TAP tal como a conhecemos.

 

5.A frustrada tentativa de politização e partidarização (2002/2003)

*Programa do XV Governo (Abril de 2002)
O Governo de Durão Barroso toma posse a 6 de Abril de 2002 e o seu Programa

-defende o “aproveitamento económico das rotas tradicionais, designadamente de e para os Países de língua portuguesa”, e

-contraria a estratégia definida em 2001 e que sustenta a recuperação da TAP SA.

A 1 de Outubro de 2002, Cardoso e Cunha é nomeado presidente do conselho de administração da TAP. Divergências do presidente do conselho de administração e a gestão profissional vêm a público e é mencionada a ameaça de regresso à politização e partidarização da TAP.

A tradicional Mensagem do Presidente no Relatório Anual é significativa:

-em 2002, a omite qualquer referência à operação do hub de Lisboa e destaca “Transformar a TAP numa empresa aérea sólida no espaço Europeu” e em 2003 é coerente com a de 2002.

*2004: Programa do XVI Governo (Julho 2004)
Em Julho de 2004, o Programa do Governo de Santana Lopes prevê:

-“prossecução da política de privatização da TAP, procurando as parcerias estratégicas que viabilizem a reestruturação empresarial do Grupo TAP, conferindo-lhe condições de sustentabilidade num mercado internacional altamente competitivo;”.

Sabemos que os Programas de Governo não figuram entre as fontes mais fiáveis, mas há uma robusta diferença entre duas visões:

-“rotas tradicionais, designadamente de e para os Países de língua portuguesa”, do Programa de 2002,

-“sustentabilidade num mercado internacional altamente competitivo”, do Programa de 2004.

Na TAP, SGPS, SA, a partir de 4 de Setembro de 2004, Manuel dos Santos Pinto Barbosa é o novo Presidente do Conselho de Administração.

É encerado o incidente que, a ir mais longe, demitiria a gestão profissional.

 

A Bem da Nação

Lisboa 18 de Dezembro de 2014

Sérgio Palma Brito

 

Notas

(1)O presente post assenta em grande parte em post e documento de trabalho de Setembro de 2012:

-Privatização da TAP Air Portugal (1) - de Salazar à Actualidade


Documento de trabalho: TAP Air Portugal – Notas Genealógicas 1944/2012


(2)Rigas Doganis, Flying of Course, Airline Economics and Mrketing, Fourth Edition, Routledge, London and New York, 2010.

(3)De entre milhentas publicações, escolhemos: Jacob W.F. Sundberg, Airline Deregulation, Legal and Administrative Problems, Stockholm Institute for Scandianvian Law 1957-2009 http://www.scandinavianlaw.se/pdf/39-21.pdf

(4)Humberto Delgado, Memórias, Edições Delfos, 1974

(5)Preâmbulo do Decreto-Lei que nº 39188, de 25 de Abril de 1953, que cria a TAP, SARL.

(6)Decreto-Lei nº 39.188, de 25 de Abril de 1953 “Autoriza o Ministro das Comunicações a contratar, nos termos das bases anexas a este diploma, a concessão do serviço público de transportes aéreos de passageiros, carga e correio em determinadas linhas”.

(7)Presidência do Conselho, Plano Intercalar de Fomento para 1965/1967, Lisboa, Imprensa Nacional, 1964, p. 379.

(8)Presidência do Conselho, IV Plano de Fomento, Tomo I, Metrópole.

(9)Decreto-Lei n.º 205-E/75, de 16 de Abril de 1975, Nacionaliza a companhia dos Transportes Aéreos Portugueses, a contar de 15 de Abril de 1975.

(10)Decisão da Comissão de Julho de 1994” é a designação corrente de

94/698/CE: Decisão da Comissão, de 6 de Julho de 1994, relativa ao aumento de capital, garantias de crédito e isenção fiscal existente em favor da TAP


(11)Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/85, de 6 de Fevereiro “Aprova a celebração de um contrato-programa entre o Estado e a TAP - Air Portugal, E. P., e autoriza os Ministros das Finanças e do Plano e do Equipamento Social a intervir na celebração desse contrato em representação do Estado”.

(12)Relatório da TAP SA referente a 1997.

(12)Decisão da Comissão Nota (10).

(13)idem.

(14)Relatório da TAP SA referente a 2001, ponto sobre o Perfil [da companhia].

 

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