A
privatização do Grupo TAP volta a estar na ordem do dia e, entre muitas,
levanta duas questões:
-qual é e
como se avalia o contributo da TAP SGPS para o País?
-deve o
Estado manter ou não uma participação no capital da TAP SGPS como garantia do
contributo para o País?
Este blogue
vai ajudar o cidadão interessado a formar opinião própria sobre o actual surto
do processo de privatização da TAP, quando nos aproximamos da comemoração do
seu vigésimo anivesário.
Este post
apresenta os resultados em 2013 do Grupo TAP (a TAP SGPS) no contexto 2003/2013,
por 2003 ser o ano da criação da TAP SGPS.
Em anexo, o
Quadro 1 sintetiza a evolução do resultado líquido das empresas do Grupo TAP
entre 2003/2013 e ilustra o que está em causa.
O essencial
do presente post pode ser resumido por um dos gráficos que apresentamos a
seguir:
Gráfico
5 – Grupo TAP - Resultado líquido acumulado (2003/2013)
(€ milhões)Fonte – Elaboração própria com base em Grupo TAP – Relatório anual
*Evolução do resultado líquido das
empresas do Grupo TAP
O resultado
líquido da TAP SGPS (gráfico 1) resulta dos das empresas que integra. Nele devemos
considerar
-os
prejuízos da Manutenção Brasil e SPdH, tantas vezes denunciados pelos
sindicatos do pessoal da TAP,
-mas também
o resultado negativo da TAP em 2008.
Gráfico 1 – TAP SGPS - Resultado
líquido exercício
(€ milhões)
Fonte – Elaboração própria com base em Grupo TAP – Relatório
anual
O resultado
líquido da TAP SA é a grande bandeira dos sindicatos do pessoal da TAP, quando
insistem em a TAP SA ser uma empresa excelente e só não o parecer por estar
integrada na TAP SGPS. Na realidade, a evolução do resultado líquido da TAP SA
evidencia duas realidades:
-o
accionista tem de estar preparado para suportar um resultado negativo atípico
como o de 2008,
-a evolução
2003/2013 do resultado líquido não é brilhante e só ser possível com um
accionista público e muito pouco exigente.
Gráfico 2 – TAP SA - Resultado
líquido exercício
(€ milhões)
Fonte – Elaboração própria com base em Grupo TAP –
Relatório anual
A SPdH é a
empresa de serviços de assistência em terra (ground handling), conhecida pela
marca Groundforce. Depois de período atribulado, em 2011 a TAP SGPS vende 50.1%
do capital ao Grupo Urbanos. A melhoria do resultado líquido tem significado de
que ninguém fala mas vai falar:
-o regime
laboral e a rigidez do sindicato filiado na CGTP levaram ao encerramento da base
de Faro (400 despedimentos) e teriam provocado a falência da SPdH, por
incapacidade de satisfazer obrigação legal – face a este perigo real o
sindicato aceita a alteração do regime laboral,
-esta evolução
só é possível porque, a quando da formação do Grupo TAP, o departamento interno
da TAP de serviços de assistência em terra foi autonomizado em empresa – se tal
não tem acontecido, a ‘escudo estatal’ que protege a TAP SA continuaria a
proteger o seu departamento interno.
O
observador mais atento e curioso põe a questão: quantas SPdH existem ainda no
seio da TAP SA?
Gráfico 3 – SPdH - Resultado líquido
do exercício
(€ milhões)
A
Manutenção Brasil integra o Grupo TAP desde 2008 e tem influenciado
negativamente os resultados do Grupo TAP. Não comentamos por tal exigir
investigação e espaço adicionais.
Gráfico 4 – Manutenção Brasil -
Resultado Liquido do exercício
(€ milhões)
Fonte – Elaboração própria com base em Grupo TAP –
Relatório anual
O resultado
líquido acumulado de cada uma das empresas (gráfico 5) mostra a contribuição de
cada uma para o desastre da TAP SGPS:
-do lado
gravemente negativo, está arrumado o problema SPdH mas ainda temos a Manutenção
Brasil,
-do lado
negativo, a TAP SA com um resultado
líquido acumulado de €46.1 milhões continua a ser um problema que não justifica
qualquer transigência.
Neste
cenário só uma enorme falta de exigência pode ver aspectos positivos. Como
afirmámos antes (aqui),
-a TAP SA beneficia
do privilégio de não remunerar o Capital, devendo apenas satisfazer a exigência
de “não receber dinheiro do Estado”.
Gráfico 5 – Grupo TAP - Resultado
líquido acumulado (2003/2013)
(€ milhões)Fonte – Elaboração própria com base em Grupo TAP – Relatório anual
Acrescentamos
a evolução do Capital Próprio de TAP SGPS e TAP SA (gráfico 6 a gráfico 8). Em
síntese e de um ângulo muito específico, é isto que está em vias de
privatização.
Gráfico 6 – Capital Próprio da TAP
SGPS
(€ milhões)
Gráfico 7 – Capital Próprio da TAP
SA
€ milhões)
Gráfico 8 – Capital Próprio da TAP
SGPS e TAP SA
(€ milhões)
A Bem da
Nação
Lisboa 3 de
Dezembro de 2014
Sérgio
Palma Brito
Anexo – Resultado Líquido de
Empresas do Grupo TAP
Fonte: Elaboração própria com base em Grupo TAP –
Relatório anual
Notas:
(1)Resultado
Líquido Consolidado com os Interesses Minoritários do Exercício
(2)De 2004
a 2007, Resultado Líquido
(3)Resultado
Líquido do Período Consolidado
(4)De 2009
a 2011, Resultado Líquido dos detentores do capital da empresa-mãe
(5)Todos os
Relatórios mencionam Resultado Líquido
(6)Valores
que figuram no Relatório de 2005
(7)Resultado
Líquido da Reaching Force, SGPS, SA
(8)Resultado
Líquido da Aero LB, Participações, SA
(9)Resultado
Líquido da TAP-Manutenção e Engenharia Brasil, SA
(10)As
Notas 7 a 9 explicam a designação genérica de “Manutenção Brasil”
Nota
O presente
post apenas acrescenta os números de 2013 à análise anterior:
*Privatização
da TAP Air Portugal (1) - de Salazar à Actualidade
*Privatização da TAP (2) – O
Sucesso da TAP no Futuro
*Privatização da TAP (3) – A
Prioridade a Recuperar
*Privatização da TAP (4) –
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