O hub da TAP em Lisboa começa com Brasil e é consolidado com Costa Este dos EUA

 

Cito fonte que teve acesso à apresentação da TAP aos investidores:

-“Os dois maiores mercados internacionais [da TAP] estão bem acima dos valores de 2019, pré-pandemia, apesar de o número total de passageiros ainda ser inferior.”.

Parabéns à TAP pela divulgação da informação e pelo sucesso nos dois mercados chave.

E chave por uma razão muito simples

-a sobrevivência da TAP como a conhecemos depende do tráfego intercontinental gerado pelo hub Europa com Brasil e EUA.

Tudo começou com Fernando Pinto a partir de 2000, quando iniciou a captura do mercado Brasil.



E tudo foi confirmado por David Neeleman que posicionou Lisboa no mercado dos EUA a partir de 2016.


O tráfego de hub do Brasil é apoiado pelo tráfego ponto a ponto gerado pela crescente comunidade brasileira em Portugal.

A prazo, o hub dos EUA tenderá a ser mais importante do que o do Brasil, dada a dimensão do mercado e a capacidade de atração turística de Lisboa/Portugal.

Esta dualidade tem influência na escolha do grupo que vai adquirir a TAP, tema para o próximo post.

Miguel Sousa Tavares, privatização da ANA e Novo Aeroporto de Lisboa

 

Na 5ª Coluna de 6 de fevereiro de 2025, perante a atitude embevecida de Sandra Felgueiras, Miguel Sousa Tavares foi longe demais na agitação convicta e firme de números falsos e na complicação de uma realidade simples, complicação que revela desconhecimento da realidade e animosidade excessiva contra a Concessionária da Exploração dos aeroportos do País.

Tudo a desinformar os portugueses.


1.Receita privatização da ANA

Citamos

-“(65) O preço de venda de 3,08 mil milhões de euros realizado no final da segunda e última fase do processo de privatização excedeu […] % a estimativa superior do intervalo de avaliação. O preço de venda foi igualmente 26 % mais elevado do que a segunda maior proposta vinculativa, do consórcio Fraport/IFM (2,44 mil milhões de euros).”*.

Isto é, um múltiplo de 15,5 da EBIDTAR da ANA estatal.

-Está previsto a ANA pagar €2.947 milhões, em percentagem do lucro a partir de 2023**.

Sem ter em conta a inflação, o valor pago e a pagar pela Vinci é €6.000 milhões.

MST afirmou a Vinci ter pagado pouco mais de €1.000 milhões.

Das duas, uma

-ou MST Tavares desconhece os números e devia ter guardado silêncio,

-ou sabe e mente aos portugueses, a coberto da impunidade de que goza.

2.MST apresenta o aumento de Taxas Aeroportuárias que a ANA propõe a Governo no Relatório Inicial no contexto de uma confusão de números que revelam desconhecimento da realidade e inimizade em relação à ‘ANA/Vinci’.

A ANA é Concessionaria da exploração dos aeroportos de Portugal e Regiões Autónomas até 2062 (50 anos) e é nessa condição que apresenta ao Governo o Relatório Inicial previsto no Contrato de Concessão para um Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) no descampado de Samora Correia.

Para não haver custo para os contribuintes, o NAL é pago por um mix de Taxas Aeroportuárias, receita das atividades comerciais e prorrogação do prazo da Concessão.

Os números em causa são para evoluir com o aprofundar do dossier e a negociação com o Governo.

Ser responsavelmente contra o aumento das Taxas implica admitir custo para os contribuintes ou ganho do Governo na negociação com a ANA, o que é incerto.

Esta é a realidade objetiva para além da ignorância do modelo e/ou animosidade de MST contra a ANA.

MST apenas lançou confusão sobre um assunto que exige informação objetiva dos portugueses.

3.Sem querer, MST ilustra o que há de perigoso em análises superficiais de um tema que exige debate profissional por gente com informação, qualificação e seriedade intelectual.

Lisboa 7 de fevereiro de 2025

 

*Fonte – documento da Comissão “Auxílio estatal SA.36197 (N/2013) – Portugal Privatização da ANA – Aeroportos de Portugal” de 2013.06.19.

**Fonte – Orçamento do Estado de 2023, p.171.

 

O hub de Lisboa na privatização da TAP – o que está em causa

 

1.O hub de Lisboa é o maior ativo da TAP e o que leva ao interesse dos três grupos da consolidação das ‘network carriers’ europeias.

Assim:

-o Grupo Lufthansa ‘precisa’ do hub Brasil e ganha em valorizar o hub EUA,,

-o IAG precisa do hub Brasil para consolidar a sua liderança no tráfego Europa/América Latina.

O IAG pretende posicionar o hub de Madrid ao nível dos mais importantes da Europa, tema para outro post.

2.Em 2019, aquisição da Air Europa pelo IAG desencadeia a concorrência para adquirir a TAP.

Em 2019.11.04, o IAG

-anuncia a aquisição da Air Europa por €1.000 milhões,

-“consolidating Madrid as a leading European hub and resulting in IAG achieving South Atlantic leadership, therefore generating additional financial value for our shareholders”, nas palavras do então CEO Willie Walsh, hoje diretor geral da IATA.

O Relatório de 2019, acrescenta “unlocking further network growth opportunities.”.

Fonte: IAG – Air Europa transaction Analyst and investor presentation 4 November 2019

O gráfico mostra que

-se o Grupo Lufthansa adquirir a TAP fica com 17% de parte de mercado e posiciona-se ao nível dos concorrentes,

-se o adquirente for o IAG, descola do Grupo AF/KLM e consagra o atraso o Grupo Luftansa.

É neste contexto que o Grupo LH pretende adquirir as ações do Consorcio Gateway de David Neeleman e Humberto Pedrosa, pagando um bom preço de oportunidade.

A Pandemia adia este processo.