0.Distinguimos entre
-pressão competitiva, quando a companhia low cost não
concorre diretamente numa rota, Lisboa/Bruxelas Zaventhem, mas fixa um preço
mais baixo na rota Lisboa/Bruxelas Charleroi,
-concorrência direta quando companhia low cost e companhia
de hub operam a mesma rota.
O ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos declarou:
-“O negócio ponto a ponto, o que tem mais sucesso no
aeroporto do Porto, está perdido para as companhias de bandeira, porque não
conseguimos fazer os mesmos preços, como nenhuma outra companhia de bandeira. (1).
Em três pontos mostramos que esta perda não é total e não é
assim tão simples
-reação das companhias de hub à pressão competitiva e
concorrência das companhias low cost,
-evolução 2009/2019 da parte de mercado de companhias low
cost e full service nos aeroportos da União Europeia,
- parte de mercado das companhias low cost na conectividade
direta dos aeroportos da União Europeia.
1.A reação das companhias de hub ou full service à
concorrência das companhias low cost data de há cerca de dez anos e assume duas
formas.
A primeira é a da redução dos custos unitários para poder
competir com as companhias low cost em rotas de lazer, em que o ícone é a
AerLingus, e o caso de maior sucesso é o do IAG,
A segunda passa pela integração de uma companhia low cost no
grupo, com dinâmica e sucesso diferentes:
-Transavia no Grupo Air France/KLM,
-Vueling no International Airlines Group (IAG),
-Germanwings, depois Eurowings no Grupo Lufthansa.
Se tivermos disponibilidade, divulgaremos um Nota Técnica
sobre este tema.
2.No caso da da parte de mercado
das companhias low cost na conectividade direta dos aeroportos da União
Europeia (gráfico 1)
-as companhia low cost ganham parte de mercado sobretudo nos
aeroportos dos Grupos II e III, que não incluem os hubs principais porque todos
estão no Grupo 1 com mais de 25 milhões de passageiros,
Gráfico 2 – Parte de mercado de três tipos de companhias nos
aeroportos dos seis hubs principais da Europa
Lendo o gráfico da direita para a esquerda, temos Lufthansa,
KLM, Air France, Turkish Airlines, Lufthansa e British Airways.
Neste caso as companhias low cost concorrem diretamente com
as rotas que alimentam o hub e criam um problema conhecido às companhias de hub,
que as levam a reagir como referimos no ponto 1.
-diminuir custos para rentabilizar a rota ou, talvez o mais
frequente, minimizar prejuízos.
Vejamos o caso de cada um dos aeroportos:
-em Frankfurt a parte das companhias low cost aumenta, mas
para número modestos, ilustrando a dificuldade que estas companhias enfrentam
para se implantar no mercado da Alemanha, se bem que Munique apresente
tendência diferente,
-Schipol (Amesterdão) é o hub onde a parte das companhias
low cost é mais importante,
-o crescimento da parte de mercado das companhias low cost
em Charles de Gaule é de assinalar.
-Istambul é um caso diferente e os slots em Heathrow estão entre
o bloqueado e o excessivamente caro o que explica a pequena parte de mercado
das companhias low cost e sua estagnação.
É nestes aeroportos que será mais interessante seguir a
tendência referida no ponto 4 de as companhias low cost serem as primeiras a
recuperar dos efeitos da Pandemia e aumentar a sua parte no modelo de negócio
ponto a ponto.
4.Notas Finais
Não temos números para Lisboa
e Lisboa é caso especial por os slots estarem bloqueados e por o aeroporto
estar congestionado. Veremos qual a companhia que ganha os 18 slots que a
Comissão Europeia obrigou a TAP a ceder.
Apesar da enorme incerteza que a Pandemia gera no transporte
aéreo na Europa, há quase unanimidade em as companhias low cost
-aumentarem a pressão competitiva sobre os voos de médio
curso das companhias de hub, em geral e, em particular, nos que alimentam o
tráfego do hub.
Esta previsão tem a ver com a flexibilidade do modelo de
negócio e capacidade de acionistas, gestores e trabalhadores, e também com a
evolução desta concorrência entre 2009/2019.
Lisboa 4 de janeiro de 2022
Sérgio Palma Brito
(1)Eco, 23.12.2021 https://eco.sapo.pt/entrevista/faz-sentido-dar-mais-apoios-nos-voos-para-o-porto/ .
(2)Ver http://sergiopalmabrito.blogspot.com/2022/01/para-conhecer-o-basico-sobre-hubs.html
Nota – Este post é baseado em ACI - Airports Council
International – Europe – Airport Industry Connectivity 2019.
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