Incerteza sobre o futuro da base Ryanair em Faro – Quarta-Feira 8 de Agosto às 9:30


Este blogue não comenta a atualidade, mas o Turismo do Algarve passa por uma situação que obriga a intervir. O presente post é, com alguns arranjos, o texto publicado ontem (hoje é 2019.08.09) no Facebook e, sobre o fecho da base da Ryanair em Faro, apresenta sobretudo factos.

1.O Algarve é uma Área Turística do Mediterrâneo e destino turístico maduro, com pontos fortes, mas sérios pontos fracos que diminuem a sua competitividade, traduzida em falta de capacidade de atração em segmentos de mercado em que já foi forte e na franja mais qualificada dos atuais millennials & similares.

2.A governação publica do turismo, quer na linha Ministério, Secretaria de Estado e Entidade Regional que na base autárquica de Albufeira, Loulé, Portimão e Lagoa (para aí 75% do turismo na Região), com a exceção de algumas exceções, tem estado ausente ou tem tomado opções inadequadas à dinâmica da procura/oferta de turismo.

3.A iniciativa privada não apoia nem reforça uma intervenção abrangente da procura/oferta (a imobiliária turística continua marginalizada) e, a não reforçar dramaticamente uma voz regional, está reduzida a infinitesimais influências nos gabinetes.

4.O caso Ryanair mostra que governação pública e iniciativa privada não assumem a realidade da procura/oferta de turismo, os seus pontos fracos e ameaças, indo ao ponto de se deslumbrar com awards e outras festividades que alimentam a ‘politica da euforia’. No Algarve, não há lugar para esta política e quem persista nela compromete ainda mais o futuro.

5.É este contexto que explica a inexistência de um sistema de key account management que acompanhe os grandes parceiros do turismo, e que no caso da Ryanair deveria ser em parceria com a ANA Aeroportos (Esta, com o seu profissionalismo dispõe deste sistema).

6.Não havendo este sistema, apostamos que ninguém soube ou ligou ao anúncio da Ryanair de 16 de Julho, nem ao de 31 de Julho, este sobre avaliar as bases que dão prejuízo ou pouco lucro e cuja manutenção será discutida por O’Leary com os aeroportos – ou a governação publica diz claramente que soube e atuou, ou cometeu erro muito grave.

7.A Ryanair despede 100 trabalhadores de Faro (nos 900 divulgados) e tudo o que sabemos sobre ‘fecho da base’ vem do suspeito, neste caso, Sindicato de Pessoal de Voo, líder do combate à Ryanair. O Sindicato dominou a comunicação social porque esta se deixa dominar e por não haver nem voz alternativa do governo (ministério da Economia), nem da Região (Entidade Regional) nem da iniciativa privada.

8.No dia sete (quarta), pelo meio dia, o Presidente da ERTA mostra pouco ou nada saber e vem com o discurso do ‘não há de ser nada’ – se nada sabe e minimiza é grave, se fez teatro então vá a correr para o D. Maria II porque é excelente a representar.

9.Ao fim do dia, ‘fonte’ do Ministério da Economia (caramba, porque não o ministro ou a secretária de estado, o assunto não é grave?) diz não haver apoio dado à Ryanair, o que é falso (houve incentivos importantes, justificados, públicos, mas não divulgados) e, na ocorrência, é irrelevante.

10.A esmagadora maioria dos comentários que lemos escapam todos ao problema real que está na base de qualquer decisão da Ryanair – a decrescente capacidade de atração do destino Algarve, salvo exceções pontuais, que pode comprometer o futuro do turismo na Região tal como o conhecemos hoje.

11.Só voltamos a falar do assunto quando tivermos informação fidedigna.


A Bem da Nação

Lisboa 9 de Agosto de 2019 pelas 12:00

Sérgio Palma Brito


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