Na deslocação
a Portugal o turista compra mix de turismo, transporte aéreo e território. Neste
mix, a capacidade de atrair turistas depende da oferta (hotéis, restaurantes e
outros), território (Lisboa, Porto, Algarve e outros) e sua promoção. Em
contexto de excesso de oferta e concorrência aberta, nenhuma companhia aérea
deixa de criar ou abandona rota rentável ou mantém rota deficitária.
Entre
2001/13, aeroportos de Lisboa e Porto crescem à média anual de 512k e 277k
passageiros – entre 2013/16, é de 2.147k e 1.002k. Lisboa cresce quase tanto em
três anos como nos treze anteriores. Entre
2001/15 Faro cresce à média anual de 101k passageiros - em 2016 é de 1.194k. O
aeroporto de Lisboa já bloqueia o crescimento do turismo, mas não há problemas
no Porto e Faro.
Passageiros
oriundos da Europa são 99.9% em Faro, 96.8% no Porto e 81.8% em Lisboa, aqui
mais passageiros dos hubs da Europa. No futuro previsível, diversificação de mercados
intercontinentais é exclusivo de Lisboa.
Dez países-origem
em Lisboa, seis no Porto e quatro em Faro representam 80% do tráfego. Reino
Unido, França, Portugal, Alemanha, Espanha, Suíça, Holanda, Itália, Brasil e Bélgica
geram 81.4% do tráfego dos três aeroportos. Em cada aeroporto, ‘diversificar
mercados’ deve ser confrontado com ‘intensificar presença em mercados chave’.
Em 2016,
TAP, quatro low cost (Ryanair, Easyjet, Transavia e Vueling) e sete full
service (Air France, KLM, British Airways, Iberia, Luftahsa, SWISS e Brussels)
geraram 80% do tráfego total dos três aeroportos. Entre 2001/16, TAP cresce
cinco milhões e meio passageiros, as quatro low cost quinze milhões e meio e as
sete full service meio milhão. As low cost são e serão o principal dinamizador
de crescimento.
Em 2016, a
TAP tem 48.8% de parte mercado em Lisboa, 18.2% no Porto e 2.6% em Faro. Entre
2001/16, o tráfego de Lisboa cresce 140.0% e a TAP 104.4%, o do Porto cresce
238.4% e TAP 12.7%. Em Lisboa, a performance da TAP é muito importante pela
base e hub (este com cerca de 2.8 milhões de passageiros), no Porto é modesta e
no Algarve irrelevante. No futuro previsível a realidade será esta.
Quando a
capacidade de atracção de turismo/destino não é suficiente, pode haver apoio público/privado
a companhias aéreas. Implica lidar com grandes empresas e passa por avaliação
rigorosa da relação entre turismo/destino e estratégia e dinâmica da companhia.
Em 2016, a Ryanair atinge 2.6 milhões de passageiros em Lisboa pela capacidade
de atracção da oferta e destino e sem apoio publico. Operacionalizar apoio
público exige trabalho em rede (Turismo de Portugal, ANA e privados),
profissionalismo de key account management
e de programas plurianuais de marketing & vendas da oferta privada. Neste
campo há muito a fazer.
Estas são
seis macrotendências do próximo futuro, mas haverá sempre empresas e pessoas a
fazer diferente.
Sérgio
Palma Brito, autor do relatório Turismo e Transporte Aéreo em Portugal
NOTA
Este texto
foi publicado no Publituris. Se trabalha no turismo, a leitura do Pubituris é
obrigatória para conhecer o que se passa. Se não trabalha, pode ler aqui o
nosso artigo.
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