Alojamento Turístico Não Classificado – A Escolha dos Turistas


O presente post é o segundo de uma série de cinco (Primeiro, Segundo, Terceiro, Quarto, Quinto) sobre o tema:

Alojamento Turístico Não Classificado no Após Crise de 2008/2009

Esta é a Segunda de três Séries de posts:

-Camas Paralelas na Cidade – Quando Factos Contrariam Narrativas (Primeira),

-Alojamento Turístico Não Classificado no Após Crise de 2008/2009,

-Modelo e Identificação do Turismo Residencial em Portugal (Terceira).

 

O presente post mostra que o Alojamento Turístico Não Classificado existe porque os seus Estabelecimentos e Instalações são

-em 2007, a escolha de cerca de cinco milhões de Turistas do Turismo Receptor,  

-em 2012, espaço de cerca de 45.3 milhões de Dormidas do Turismo Interno, ou 15.3 milhões se não considerarmos o Alojamento Gratuito Por Familiares e Amigos (1).

-em 2012, a repartição de Hóspedes do Alojamento Não Classificado por NUTTS II ilustra um aspecto pouco conhecido da relação entre Turismo e Desenvolvimento Regional.  

 

1.Turismo Receptor

*Turistas e Hóspedes Entre 2004/2007
O Gráfico 1 ilustra a evolução 2004/2007 do número de Hóspedes Não Residentes em Portugal no Alojamento Classificado e Não Classificado (2), e ao qual acrescentamos a estimativa de 2013 (3).

Há dois factos a assinalar:

-em 2007, dos 12.3 milhões de Turistas Não Residentes, cerca de 5.2 milhões (42.3%) escolhem o Alojamento Turístico Não Classificado,

-entre 2004/2007 há uma tendência crescente que não sabemos explicar

Gráfico 1 – Turistas e Hóspedes Não Residentes em Portugal no Alojamento Classificado e Não Classificado (2004/2007)
(milhões)


Fonte: Elaboração própria com base em INE – Estatísticas de Turismo e Estimativa própria para 2013.

*Turistas e Hóspedes Por Alguns Países de Residência em 2007
O Gráfico 2 ilustra a comparação, em 2007, do número de Hóspedes no Alojamento Classificado e Não Classificado, por alguns País de Residência. Os países em causa representam 78.3% dos Hóspedes no Alojamento Classificado.

Comentários:
-no caso dos Residentes em Itália não há procura significativa de Emigrantes os de Italianos com Residência Secundária em Portugal – o numero de Turistas é ligeiramente superior ao do de Hóspedes no Alojamento Classificado,

-nos Residentes em França, o peso dos Emigrantes explica que o número de Hóspedes no Alojamento Não Classificado seja quase o triplo do de Hóspedes no Alojamento Classificado,

-nos outros países há uma combinação de Emigrantes e de estrangeiros que alojam em Residências Secundárias Por Conta Própria,

-a importância das Fronteiras Terrestres pode contribuir para explicar a diferença os números de Hóspedes Residentes em Espanha, por erro de estimativa do número de Turistas.
Gráfico 2 – Hóspedes Não Residentes no Alojamento Classificado e Não Classificado, Por Alguns Países de Residência (2007)

(milhares)


Fonte: Elaboração própria com base em INE – Estatísticas de Turismo

*Dormidas de Hóspedes do Turismo Receptor em 2007
O Inquérito ao Movimento de Pessoas nas Fronteiras (INE) apenas quantifica Turistas e Excursionistas Não Residentes. Não dispomos de informação que permita estimar as Dormidas de Não Residentes no Alojamento Não Classificado.

 

2.Turismo Interno

2.1.Turismo Interno no Continente

*Hóspedes do Turismo Interno– Evolução 2009/2012
O Gráfico 3 ilustra, no Turismo Interno, o número de Deslocações e de Hóspedes no Alojamento Classificado e Não Classificado entre 2009/2012 (4).

Gráfico 3 – Turismo Interno: Deslocações e de Hóspedes no Alojamento Classificado e Não Classificado (2009/2012)
(milhões)


 Fonte: Elaboração própria com base em INE – Estatísticas do Turismo

*Dormidas do Turismo Interno – Evolução 2009/2012
O Gráfico 4 ilustra a Evolução 2009/2012 do Número de Dormidas do Turismo Interno, com detalhe por Alojamento Classificado e Não Classificado.

Gráfico 4 – Evolução 2009/2012 das Dormidas do Turismo Interno no Alojamento Turístico Classificado e Não Classificado
(milhões)


Fonte: Elaboração própria com base em INE – Estatísticas de Turismo

Comentários:
-o número de Dormidas no Alojamento Classificado é estável, enquanto o do Alojamento Não Classificado em Hospedagem Onerosa cai bruscamente entre 2009/2010 e estabiliza depois – com um ano de atraso por causa do financiamento artificial da Procura Interna no Portugal de 2009, é o padrão do Mercado Emissor do Reino Unido (Aqui),

-em 2012 e em relação aos 12.4 de milhões Dormidas no Alojamento Classificado, as Dormidas no Alojamento Não Classificado (47.3 milhões) são quase o triplo, e as Dormidas em Hospedagem Onerosa (27.7 milhões) são mais do dobro.

 

2.2.Turismo Interno no Continente – Repartição Regional

O Gráfico 5 ilustra, no Turismo Interno, o número de Turistas e o de Hóspedes no Alojamento Classificado e Não Classificado, em 2012.
Gráfico 5 – Hóspedes do Turismo Interno no Alojamento Classificado e Não Classificado (2012)

(milhões)


Fonte: Elaboração própria com base em INE – Estatísticas de Turismo

Comentários:
-no Norte, Centro e Alentejo (regiões da Procura/Oferta dispersa), o número de Hóspedes do Alojamento Não Classificado é superior ao do Alojamento Classificado,

-em Lisboa e Algarve (regiões de concentração da Procura/Oferta), o número de Hóspedes do Alojamento Não Classificado é inferior ao do Alojamento Classificado.

Estes números dão uma primeira ideia sobre o Turismo como factor de Desenvolvimento Regional e são analisados no post sobre a Contribuição do Alojamento Turístico Não Classificado Para a Economia (Quinto).

 

A Bem da Nação

Albufeira 1 de Abril de 2014

Sérgio Palma Brito

 

Notas

(1)No Turismo Interno o número de Dormidas em Alojamento Gratuito Por Familiares e Amigos é muito elevado.

(2)No que segue,

-o número de Turistas Não Residentes resulta do Inquérito ao Movimento de Pessoas nas Fronteiras,

-o número de Hóspedes no Alojamento Turístico Classificado resulta do Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e Outros Alojamentos, que existe desde 1965.

A partir destes números, estimamos o número de Hóspedes no Alojamento Não Classificado, com base nas hipóteses seguintes:

-utilizamos o ratio de “um Turista, um Hóspede”, apesar de um Turista poder originar vários Hóspedes, quando aloja em diversos Estabelecimentos de Alojamento Classificado ou Não,

-o número de Hóspedes Não Residentes no Alojamento Não Classificado é igual ao número de Turistas Não Residentes menos o número de Hóspedes Não Residentes no Alojamento Turístico Classificado.

Se o ratio de “um Turista, um Hóspede” não se aplicar, a correcção desta simplificação reforçaria o número de Turistas que utilizam o Alojamento Não Classificado.

(3)Em intervenção na Cerimónia dos Trade Awards na BTL de 2014, o Presidente do Turismo de Portugal apresenta a estimativa de 14.4 milhões para o Número de Turistas Não Residentes em 2013. Na ocorrência, não questionamos este valor, antes o utilizamos para estimar os Hóspedes em 2013, aplicando uma regra de três simples aos números de 2007.

(4)Ver Nota (3).

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