O governo tem de retomar o Acordo de janeiro 2019, com adequação das obras no AHD e construção do aeroporto Montijo

 

Depois da escolha dos aeroportos, o segundo “Problema de decisão” da Comissão Técnica Independente é o da Escala do tempo.

1.A “escala do tempo” no “Problema de decisão” da CTI

Um singelo e pacato slide sintetiza uma das mais importantes decisões em todo este processo.

 


A CTI admite que a “solução estratégica exige um prazo de execução alargado (pelo menos 10 anos)” e admite em 2023.07.31 (Relatório da Fase II, pp. 8-9):

- o longo prazo, correspondente ao prazo operacional aeroportuário de 50 anos

- o curto prazo, correspondente à resposta imediata através de medidas de melhoria de eficiência operacional

- o período de transição, correspondente ao desenvolvimento de uma situação intermédia que será necessariamente dual, combinando o AHD com outra solução.”.

 

2.O curto prazo, uma prioridade falhada no tempo e sem substância

*A estranha prioridade ao curto prazo

Em 2023.04.27, «Comissão técnica vai propor solução para problemas de curto prazo no aeroporto de Lisboa».

Citamos a presidente, Maria do Rosário Partidário:

-“Tivemos hoje uma reunião na NAV e ficámos ainda mais conscientes dos sérios constrangimentos que existem no Aeroporto Humberto Delgado. No nosso trabalho nós queremos atender ao curto prazo. O que pode ser feito para minimizar os constrangimentos a curto prazo“.

“Porque qualquer solução tem um período de construção e desenvolvimento, consideramos que devemos atender também a uma solução para um período de transição, que terá de ser relativamente curto e corresponder a fase em que a solução definitiva ainda não está em operação” (Eco).

Em 2023.07.25, quatro meses depois, «Rosário Partidário explicou ao Negócios que estão a ultimar as propostas para aliviar a Portela, "mas com as férias" e os atrasos oriundos dos estudos necessários, só devem divulgar as conclusões em setembro. As opções identificadas pela CTI depois terão que passar ainda pela ANA – Aeroportos de Portugal, pelo Governo e, dependendo das opções propostas, também pela NAV Portugal.

Nesse sentido, o documento vai "incluir propostas de investimento com o objetivo de melhorar a operação do aeroporto Humberto Delgado e aliviar a situação", acrescentou, sem dar mais pormenores sobre as opções em cima da mesa.» (JNegócios).

*O contexto da prioridade ao curto prazo

Vejamos o contexto:

-o AHD é gerido pela ANA SA, no respeito do Contrato de Concessão, por equipa com know how internacional e inserida na Vinci,

-em janeiro de 2008, Governo e ANA SA acordam investimento de €bb milhões no AHD

-em hhhh, esta parte do Acordo é revista jjjj. Estão previstas investimento de

-há tensão entre governo e ANA SA sobre acordo de conjunto sobre Montijo.

E eis que surge a CTI com “propostas de investimento com o objetivo de melhorar a operação do aeroporto Humberto Delgado e aliviar a situação".

*Duas perguntas sobre o papel da CTI

-esta intromissão na gestão do AHD cabe dentro da missão de uma CTI mandatada para elaborar uma Avaliação Ambiental Estratégica?

-que know how tem a CTI para dialogar com empresa integrada na Vinci Aéroports que gere 140 aeroportos e aeródromos no mundo?

Isto não faz sentido e, admitindo a prioridade ao curto prazo, a demora da CTI ainda menos.

3.Importância crucial do ignorado aeroporto de transição

*Custo para País, Cidade e Economia, se não houver aeroporto de transição

Se a CTI insistir em reprovar um Aeroporto de Transição no Montijo

-o crescimento do tráfego em Lisboa fica estrangulado entre 10 a 15 anos e não sabemos como vai recuperar,

-teremos enorme perda de receita, degradação da imagem de marca (reputação) do País, da Cidade e da Economia, turística e não só.

Nos seus trabalhos a CTI ignora esta realidade dramática, sem exagero na palavra.

E ignora o efeito colateral sobre a sua previsão de tráfego em Lisboa em 2050.

*Projeção (errada) do crescimento de tráfego em Lisboa

A CTI

-prevê um tráfego entre 52 e 67 milhões de passageiros em 2050,

-erra ao prever um crescimento gentil como ilustrado no gráfico seguinte.


-é elaborado com “Projeção, sem restrições, da procura agregada de passageiros no AHD, 2023-2050”,

-mas não pode ignorar uma restrição que é endógena à CTI, a recusa de aeroporto complementar no Montijo.

*Projeção de tráfego corrigida

Com efeito, o crescimento será representado pelo segundo gráfico que incorpora

-o período de estagnação, ainda assim com crescimento otimista de 250.000 passageiros por ano,

-um salto entre 19 e 34 milhões de passageiros em 2050.


*Em síntese que vai desagradar à CTI

 O crescimento do tráfego será representado pelo segundo gráfico que incorpora

-o período de estagnação, ainda assim com crescimento otimista,

-um salto entre 19 e 34 milhões de passageiros em 2050, o que é irrealista.

Na realidade,

-aeroporto de Transição no Montijo reduz tempo de estrangulamento e as consequências dramáticas para o País, a Cidade e a Economia turística e não só,

-a cultura da liderança da CTI é preconceito da hostilidade ao aeroporto do Montijo,

-a exclusão, com bases falsas, do modelo Dual da CTI é, em grande parte, para eliminar Montijo.

*Que fazer?

A CTI não é um quarto poder constitucional nem o governo passou uma procuração irrevogável para escolher Alcochete.

O prejuízo para o Pais, Cidade e Economia exige intervenção do governo que retome o Acordo de janeiro de 2019, com as alterações no AHD.

 

Lisboa 25 de setembro de 2023

Sérgio Palma Brito

 

 

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário