1.A projeção de tráfego aéreo para o aeroporto de Lisboa é o
mais importante fator a ter em conta na sua localização.
As projeções requerem importante base analítica conhecida
dos profissionais, devidamente temperada por fatores intuitivos e casos
especiais, os mais difíceis de quantificar. Em síntese,
-uma base de 50% ou 60% do tráfego, suscetível de previsão
pelos métodos tradicionais da estatística, completados com q.b. de intuição,
-o sucesso ou insucesso do hub da TAP é o mais importante
fator na estimativa do tráfego restante, mas ainda é passível de previsão,
-a eventualidade de Lisboa vir a ser um grande hub com muito
mais tráfego dos EUA e o retomar do uh China de David Neeleman causa outro tipo
de problemas.
2.A proposta Portela+Montijo acordada entre Governo e ANA em
janeiro de 2019, assenta em projeção de 50 milhões de passageiros, contar 31
milhões em 2019 e deve integrar
-o hub ‘Brasil, América do Norte e Africa Ocidental’ onde a
incerteza maior reside no futuro da TAP insolvente, independente ou consolidada
em grupo europeu,
-uma interrogação sobre sucesso da Alta Velocidade com Porto
e Madrid a captar algum do tráfego atual.
O mérito desta proposta é o de ter sido elaborada pela ANA,
que assume o compromisso de investir €1.600milhões em Portela+Montijo sem custo
para o contribuinte.
3.Chegados aqui, a posição da ANA, concessionária até 2062,
é a de estudar um novo aeroporto quando seja razoável prever tráfego aéreo bem
superior a 50 milhões de passageiros, compensada com alargamento do prazo da concessão
e eventual comparticipação publica no custo da aerogare, para além das
infraestruturas publicas.
Aqui surge o argumento dos ‘visionários’ que critica as
vistas curtas dos pacóvios que defendem Portela+Montijo,
-um grande hub alargado à China e a outras hipóteses que
desconhecemos (tipo americana United),
-pode ser um aeroporto inicialmente sub utilizado, mas cuja
existência tornará possível um ‘salto de rã’ (leap frog jump)… como aconteceu
no Porto.
Aqui surge o argumento de um aeroporto faseado e com possibilidade
de expansão.
Preparar o País para o sucesso deste cenário é aliciante,
entusiasmante, mas inclui considerar
-o cenário do insucesso, com custoso elefante branco no
espaço rural de Canha.
Nota – O hub China de David Neeleman passou no escrutínio do
CAPA e só falhou pelas dificuldades do grupo chinês. Talvez valesse a pena, o
Estado e a TAP avaliarem a possibilidade de o recuperar. O problema é do Estado
não dispor de negociador com a credibilidade de David Neeleman.
4.Sejamos realistas. A ameaça ao hub da TAP não é apenas a
da concorrência das outras companhias aéreas,
-é a da manifesta e continuada incapacidade de
Lisboa/Portugal criarem condições para que empresas multinacionais instalem
filiais em Lisboa, tirando partido da conetividade do hub de Lisboa.
Estas empresas criariam um tráfego de negócios endógeno
muitas vezes superior ao atual e que seria decisivo para viabilizar a ambição
deste hub.
5.A Avaliação Ambiental Estratégica deve ser “orientada para
a sustentabilidade” (ver figura) o que inclui a sustentabilidade económica,
para além da social e da ambiental.
A AAE deve
-valiar com equilíbrio a compatibilização do
contributo do aeroporto para a economia do País com o fatal impacte social e
ambiental que terá, pela comparação de diferentes níveis de perturbação pela
economia e de proteção de valores sociais e ambientais,
-ultrapassar as diatribes do ambientalismo de fachada científica, que arrasa toda e qualquer criação de valor pela economia com a o excesso de ambientalismo.
Compatibilizar é atitude cultural de base científica e técnica que ultrapassa a estéril guerra de trincheiras criada por este ambientalismo.
É tema de próximo post.
O leitor fica armado para avaliar o tsunami de opiniões que nos vai submergir.
Enjoy!
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