Pacheco Pereira, insinuações sobre a TAP e atirar pedras aos gregos

Pacheco Pereira fala de países que enganam a Europa e da Europa que se deixa enganar porque é do seu interesse. Depois, acrescenta:

-“E nós? Só para não ir aos inevitáveis exemplos socráticos, vamos para este governo e bem perto de nós. Com que então a TAP foi comprada por um português? O brasileiro-americano o que é, o consultor para a aviação? De onde veio o dinheiro, a pergunta que se faz sempre aos remediados, que já são vigiados por 1000 euros, e ninguém faz aos ricos e poderosos? Para que é esta cosmética? Para enganar a União Europeia dando a entender que a TAP foi comprada por um cidadão da União. O truque é tão evidente, que muito provavelmente, como aconteceu com os gregos, a União Europeia já assinou de cruz pelas aparências porque lhe convém. Atirem pois mais uma pedra aos gregos.”.

O autor não apresenta a substancia subjacente às perguntas que formula e faz afirmações graves sobre esta frágil base. Basicamente, as perguntas insinuam um cambalacho entre Portugal e Bruxelas a encobrir a associação dos dois empresários que compra a TAP.

Esmiucemos este número de Pacheco Pereira.

1.”Com que então a TAP foi comprada por um português?”. PP sabe que foi comprada por uma empresa cujo capital é detido a 50,1% por Humberto Pedrosa e a 49,1% por David Neeleman. Este facto é público e notório, mas PP ignora-o e insinua.

2.” O brasileiro-americano o que é, o consultor para a aviação?”. David Neeleman é um empresário com provas dadas como criador de companhias de aviação e capacidade de atrair financiamento de pessoas ou instituições que confiam nele. PP nem se deu ao trabalho de ir à Wikipedia, mas insinua.

3.”De onde veio o dinheiro, a pergunta que se faz sempre aos remediados, que já são vigiados por 1000 euros, e ninguém faz aos ricos e poderosos?”. A pergunta insinua e vem associada a um murro na honorabilidade dos empresários. PP não admite a possibilidade destes dois fulanos disporem do capital próprio necessário e de financiamento próprio ou alheio para o resto. Quando soubermos de onde vem o dinheiro (será publico) já a lama lançada por PP terá cumprido a sua curta e nadagloriosa missão.

4.”Para que é esta cosmética?”. Mais uma pergunta/insinuação e mais um murro na honorabilidade dos dois empresários. PP esconde o que sabe, pela simples razão de ser culto e informado. David Neeleman é o mais do que conhecido driver do negócio, mas precisa de um parceiro português. Humberto Pedrosa é empresário de sucesso, respeitado (PP parece ignorar o que leva pessoas como eu a respeitar Humberto Pedrosa), com fortuna pessoal, conhecedor do sector dos transportes e sabe que DN precisa dele, sob pena de não fazer o negócio. PP não hesita em ofender HP ao atribuir-lhe o miserável papel de homem de palha de DN. PP não admite que até dois burros perceberiam que a privatização da TAP criava oportunidade a partilhar por ambos.

5.”Para enganar a União Europeia dando a entender que a TAP foi comprada por um cidadão da União.”. PP passa á afirmação e faz uma acusação gravíssima com base em ‘pensar de que’ sobre factos cuja explicação é relativamente evidente. É publico que a privatização da TAP é alvo de queixas em Bruxelas e objecto de atenção de concorrentes poderosos. PP imagina que o escrutínio de Bruxelas se deixaria enganar, e que DN e HP urdiriam uma aldrabice para enganar o pagode e Bruxelas. Esta sua atitude é muito feia.

6.”O truque é tão evidente, que muito provavelmente, como aconteceu com os gregos, a União Europeia já assinou de cruz pelas aparências porque lhe convém.”. Não contente com a acusação anterior, PP insiste. Chegados aqui, já não comentamos. O leitor já percebeu.

A démarche de Pacheco Pereira consiste em

-acusar com base em insinuações e sem elencar um facto que seja,

-não admitir o contraditório,

-condenar em processo mais do que sumaríssimo,

-transitar a sentença em julgado, sem apelo nem agravo,

-publicar tudo no Público, ao abrigo da liberdade de expressão

PP denuncia uma patifaria imaginária ao serviço da tese do artigo de opinião em que esta cena da TAP se insere:

-“Atirem pois mais uma pedra aos gregos”, atitude medíocre a que PP reduz os que discordam do governo do Syriza e de Tsipras & Friends.


A Bem da Nação

Lisboa 27 de Junho de 2015

Sérgio Palma Brito


Ver o artigo de opinião de Pacheco Pereira:

A Europa que nos envergonha



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