Aviso – Este Post resulta de uma
revisão profunda do Post com o mesmo título e publicado a 28 de Agosto de 2013
É estranho,
mas é verdade: em 2013, ainda não dispomos de um Painel de Indicadores da
Economia do Turismo.
Este painel
é um contributo para
-a eficiência
da Iniciativa Privada e da Intervenção Pública na Economia do Turismo,
-o
Posicionamento desta, na sua relação com a Transversalidade do Turismo (do
Fisco ao Ambiente, passando pelo Transporte Aéreo), com Parceiros do Negócio
(Bancos & Similares), e com a Opinião Pública.
Este Painel
é uma versão light (ou low cost) de algo mais difícil e
complicado de concretizar, se bem que necessário:
-Quantificar
a Contribuição do Turismo Para a Economia, tema que abordámos em Relatório (Aqui) e Posts de Divulgação (Aqui).
O Painel pressupõe
considerável trabalho de back office,
mas é compatível com os meios de que dispomos.
Neste Post apresentamos, a título de exemplo do que pode ser o Painel, os dois indicadores
mais utilizados e Notas sobre a elaboração do Painel.
Índice
1.Exemplo
dos Dois Indicadores Mais Utilizados
1.1.Evolução
Mensal em 2013 e Comparação com 2012
1.2.Contextualização
dos Dois Indicadores no Tempo
1.3.Clarificar
a Relação Entre os Dois Indicadores
2.Notas
Sobre o Painel de Indicadores da Economia do Turismo
2.1.Painel
de Indicadores da Economia do Turismo
2.2.Metodologia
de Elaboração do Painel
1.Exemplo dos Dois Indicadores Mais
Utilizados
*Dois Indicadores
Neste momento,
dispomos de dois Indicadores credíveis e divulgados mensalmente, com seis
semanas de atraso sobre o mês de referência:
-Receitas e
Despesas de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos, um indicador a nível do
País e estimado pelo Banco de Portugal, e com base no Conceito Abrangente de
Turismo (ver Aqui e Aqui),
-Proveitos
Totais da Industria da Hotelaria, um indicador a nível do País, com detalhe por
NUT II e Tipo de Empreendimento, e estimado pelo INE, com base no Conceito
Redutor de Turismo [ver Ponto 2 do Relatório referido antes].
Para
entendermos estas duas realidades económicas diferentes consagramos um ponto a Clarificar
a Relação Entre os Dois Indicadores [ponto 1.3].
1.1.Evolução Mensal em 2013 e Comparação
com 2012
*Receita de Viagens e Turismo da
Balança de Pagamentos (2012/2013)
O Gráfico 1
ilustra a evolução mensal, entre 2012/2013 da Receita
de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos. Há três observações a fazer e
que são confirmadas pela análise da evolução 2006/2013 (ver Gráfico 3):
-a
Sazonalidade de Julho/Setembro, alargada a Outubro,
-a relação
provável desta sazonalidade com estadias de residentes no estrangeiro e de
nacionalidade portuguesa,
-uma
ligeira queda entre Maio/Junho, cuja explicação ignoramos.
Este
indicador está destinado a ter uma importância crescente por
-uma boa
razão: a prioridade que Governo e Iniciativa Privada têm de dar ao Turismo
Receptor,
-e uma má:
a visibilidade que ganhou, desde há anos, deve-a muito ao apetite da Politica
de Turismo por tudo o que “cresce” e não pela Prioridade que deve ter na
Politica Económica.
Gráfico
1 – Receita de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos (2012/2013)
(milhares de euros)
Fonte: Elaboração própria com base em números do Banco
de Portugal
Este Blogue
assume o compromisso de, mensal e atempadamente, actualizar este Gráfico.
*Proveitos Totais da Industria da
Hotelaria (2012/2013)
O Gráfico 2
ilustra a evolução mensal, entre 2012/2013 dos Proveitos
Totais da Industria da Hotelaria, de acordo com o Inquérito à Permanência de Hóspedes
e Outros Dados na Hotelaria (INE). Este Inquérito fornece mais informação e os
indicadores mais debatidos são os referentes a Hóspedes e Dormidas. Sobre os
Proveitos Totais, há um comentário:
-a
Sazonalidade de Julho/Setembro, com Junho/Outubro separados e Junho superior a
Outubro.
Gráfico
2 – Proveitos Totais da Industria da Hotelaria (2012/2013)
(milhares de euros)
Fonte: Elaboração própria com base em números do INE
Este
indicador é largamente divulgado pelo INE, no prazo de cerca de seis semanas
após o fim do mês de referência.
*Receita de Viagens e Turismo e
Proveitos Totais da Hotelaria (2013)
O Gráfico 3
ilustra a evolução mensal, em 2013, dos dois Indicadores: Receitas de Viagens e
Turismo da Balança de Pagamentos e Proveitos Totais da Industria da Hotelaria.
Dois comentários
-há uma
diferença de escala e de substância entre as duas realidades que os indicadores
quantificam [ver ponto 1.3],
-a evolução
é similar, com a excepção da queda da Receita de Viagens e Turismo em Junho.
Gráfico
3 – Receita de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos e Proveitos Totais da
Industria da Hotelaria (2013)
(Milhares de Euros)
Fonte: Elaboração própria com base em números do Banco
de Portugal e do INE
Este Blogue
assume o compromisso de, mensal e atempadamente, actualizar este Gráfico.
1.2.Contextualização dos Dois
Indicadores no Tempo
*Evolução Entre 2006/2013 (Mensal)
O Gráfico 4
ilustra a evolução mensal, entre 2006/2013,
dos dois Indicadores: Receita de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos e
Proveitos Totais da Industria da Hotelaria. Três comentários:
-este tipo
de série exige análise estatística com base matemática e não simples observação
do gráfico – campo fora do âmbito da nossa análise,
-o padrão
de sazonalidade mantém-se ao longo dos anos, como se mantém a queda entre
Maio/Junho da Receita de Viagens e Turismo na Balança de Pagamentos,
-apesar do
ser elementar, a Linha de Tendência Linear é suficiente para identificar
estagnação dos Proveitos Totais da Industria da Hotelaria e o crescimento
ligeiro, mas sustentado da Receita de Viagens e Turismo.
Gráfico
4 – Receita de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos e Proveitos Totais da
Industria da Hotelaria (2006/2013, Mensal)
(Milhares de Euros)
Fonte: Elaboração própria com base em números do Banco
de Portugal e do INE
*Evolução Entre 2002/2012 (Anual)
O Gráfico 5
ilustra a evolução anual, entre 2002/2012,
dos dois Indicadores: Receita de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos e
Proveitos Totais da Industria da Hotelaria. Dois comentários:
-a
divergência entre as duas Linhas de Tendência é mais acentuada do que a que
resulta dos valores mensais no intervalo de 2006/2013,
-a evolução
entre 2008/2012 (Gráfico 6) ilustra melhor as avaliações diferentes sobre o
sucesso da Economia do Turismo por parte da Politica e de interesses ligados à
Industria da Hotelaria.
Gráfico
5 – Receita de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos e Proveitos Totais da
Industria da Hotelaria (2002/2013, Anual)
(Milhares de Euros)
Fonte: Elaboração própria com base em números do Banco
de Portugal e do INE
*Evolução Entre 2008/2012 (Anual)
O Gráfico 6
ilustra a evolução anual entre 2008/2012,
dos dois Indicadores: Receita de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos e
Proveitos Totais da Industria da Hotelaria. Este gráfico permite uma análise
mais refinada de um debate que agita o mundo de “o Turismo”:
-a Politica de Turismo utiliza o crescimento da Receita
de Viagens e Turismo para justificar que “o Turismo não está em crise”
-vozes da
Industria da Hotelaria conhecem a crise que as suas empresas atravessam e
interrogam “Como pode o Turismo estar bem, se as nossas empresas não estão?”.
O Gráfico 6
mostra mais em detalhe que, depois da descida comum que resulta da Crise de
2008/2009, os dois indicadores divergem, com
-subida clara da Receita de Viagens e Turismo
na Balança de Pagamentos,
-estabilidade dos Proveitos da Industria da
Hotelaria, e ligeira descida entre
2011/2012.
A
explicação é simples, se não esquecermos que estamos a lidar com duas
realidades económicas diferentes. É simples, mas é parte de um tema mais vasto e muito importante: a Relação
entre a Politica de Turismo e a Industria da Hotelaria, a conhecer em Post
próximo.
Gráfico
6 – Receita de Viagens e Turismo na Balança de Pagamentos e Proveitos Totais da
Industria da Hotelaria (2008/2012)
(milhares de milhões de euros)
Fonte: Elaboração própria com base em números do Banco
de Portugal e do INE
1.3.Clarificar a Relação Entre os
Dois Indicadores
*Duas Definições Formais de Turismo
Não é por
acaso que a mera análise dos dois indicadores credíveis de que dispomos sobre a
Economia do Turismo nos remete para o Quantificar a Contribuição do Turismo
para a Economia:
-a
diferença entre as duas Definições Formais de Turismo, o Conceito Redutor de
Turismo (da Política de Turismo e da Industria da Hotelaria) e o Conceito
Abrangente (das Instituições Internacionais – Comissão de Estatísticas da ONU,
Organização Mundial do Turismo, OCDE, e União Europeia e Eurostat).
Não é por
acaso que tal acontece, mas sim porque esta diferença é substancial e está
presente em grande parte da quantificação e análise da Economia do Turismo.
Sobre o
assunto, relembramos que é possível aceder ao Relatório sobre Quantificar a
Contribuição do Turismo Para a Economia (Aqui) e aos Posts de Divulgação (Aqui).
*A Evitável Falsa Questão
Estamos
perante duas realidades diferentes:
-a Balança
de Pagamentos utiliza o conceito abrangente
de Turismo e o Alojamento Turístico Classificado é exemplo por excelência do
conceito redutor de Turismo,
-os
Proveitos da Industria da Hotelaria incluem uma importante componente de
proveitos de Residente em Portugal, mas não incluem
as despesas de Não Residentes que estão alojados no Alojamento Classificado e
que são feitas fora do Empreendimento em que alojam.
Em síntese,
são duas realidades diferentes, a exigir análise mais profunda. O “debate que
agita o mundo de «o Turismo»” confirma a necessidade de qualificar a
Contribuição do Turismo Para a Economia.
2.Notas Sobre o Painel de
Indicadores da Economia do Turismo
2.1.Painel de
Indicadores da Economia do Turismo
*Conta Satélite do
Turismo e Painel de Indicadores
O
instrumento da Macroeconomia para Quantificar a Contribuição do Turismo Para a
Economia é a Conta Satélite do Turismo, mais o contributo da Balança de
Pagamentos.
Por
razões que detalhamos no já mencionado Relatório [ver o Ponto 1], devemos avaliar a possibilidade de
termos uma Conta Satélite do Turismo qualificada, consistente e divulgando
quadros trimestrais e um relatório anual. De qualquer maneira, não teríamos essa
Conta Satélite antes de 2015.
Se
não há procura pela informação de uma CST e se a sua elaboração exige meios que
vão para além do que estamos dispostos a pagar, então talvez seja mais
eficiente suspender o assunto e não desperdiçar recursos em exercícios como os
que tivemos até hoje.
*Indicadores
Elaborados a Partir de Informação Existente
A
elaboração de um Painel de Indicadores requer menos meios e tempo do que a
elaboração da CST, é de leitura mais acessível do que os resultados da CST, e
fornece informação útil.
A primeira prioridade deve ser
alargar o Painel a indicadores existentes e já parte da informação que a
Administração produz.
Citamos dois exemplos evidentes, mas não únicos.
O
primeiro exemplo é a divulgação mensal de Estatísticas do Transporte Aéreo, com
Total do País e detalhe por Aeroporto:
-Passageiros
Embarcados, Desembarcados e em Trânsito,
-Passageiros
Embarcados/Desembarcados por Companhias Nacionais e Estrangeiras.
Toda
a informação existe, é de natureza administrativa e de excelente qualidade. Há
apenas que a recolher, tratar e divulgar a tempo e horas.
O
segundo exemplo consiste em completar a informação que o Banco de Portugal
dispõe sobre
-Receita
e Despesa do Transporte Aéreo,
-Receita
do Investimento Directo Estrangeiro por Não Residentes em Segundas Residências
de Utilização Turística.
*Recuperar os Inquéritos
Descontinuados em 2008
É
mais difícil, mas é necessário, voltar a realizar os dois Inquéritos descontinuados
em 2008:
-Inquérito
aos Movimentos de Pessoas nas Fronteiras,
-Inquérito
aos Gastos Turísticos Internacionais.
Esta
acção é a segunda prioridade e apenas depende
de ser possível relançar o equivalente para os dias de hoje, do Protocolo entre
Direcção Geral do Turismo, INE e Banco de Portugal, assinado em 2004, quando o Secretário
de Estado do Turismo era Luís Correia da Silva.
2.2.Metodologia de
Elaboração do Painel
*Acordo Entre Politica
de Turismo e Iniciativa Privada
O
primeiro passo tem de ser dado pelo Ministério da Economia/Secretaria de Estado
e Confederação do Turismo Português e consiste em
-acordar
sobre as acções a desenvolver e resultados a obter, com responsabilização e
prestação de contas,
-iniciar
os contactos com INE e Banco de Portugal, e com o Departamento de Macroeconomia
de Universidade de Referência em Economia cuja colaboração é definida a seguir.
O
Turismo de Portugal e a Confederação do Turismo Português devem reunir com
outros Utilizadores de Estatísticas e, em ligação com INE e Banco de Portugal,
acordar o Protocolo que apresentamos a seguir.
*Protocolo Entre
Turismo de Portugal, INE e Banco de Portugal
Turismo
de Portugal, Confederação do Turismo Português, INE e Banco de Portugal
estabelecem um Protocolo com dois capítulos. O primeiro
é o de Princípios Gerais
-a
Recolha de Dados, a Elaboração/Divulgação de Estatísticas e da Conta Satélite
do Turismo é da competência exclusiva do
INE,
-o
Banco de Portugal elabora e divulga a Balança de Pagamentos, e colabora na
elaboração de outros Indicadores do Painel,
-INE e
Banco de Portugal promovem e estão abertos ao feed back dos utilizadores, para
identificar erros/omissões e melhorar a informação disponibilizada,
-o
Turismo de Portugal facilita e apoia financeiramente parte da actividade do
INE, no respeito da sua independência, e não
Elabora Estatísticas,
-a
Confederação do Turismo Português obtém o compromisso da Iniciativa Privada no
apoio ao trabalho do INE e Banco de Portugal, no respeito da sua independência.
O
segundo é o da colaboração em três casos
-Avaliar
a viabilidade da elaboração da Conta Satélite do Turismo,
-Criar
Novos Indicadores com base na Informação Existente – Primeira Prioridade,
-Relançar
os dois Inquéritos suspensos em 2008 – Segunda Prioridade.
*Apoio Científico
Especializado
Turismo de
Portugal e Iniciativa Privada promovem acordo com Departamento de Macroeconomia
de Universidade de Referência em Economia [e não em Turismo], para acção consistente
-na
definição do Painel e acompanhamento da sua elaboração e divulgação,
-na recolha
e difusão de informação de Países Emissores e Concorrentes pertinentes para
avaliar a competitividade da Oferta de Turismo de Portugal,
-no
acompanhamento das realização de Inquéritos fora do Sistema Estatístico
Nacional para garantia de controle técnico e científico,
-na divulgação das Estatísticas e Conta Satélite
do Turismo e facilitação do seu conhecimento.
A escolha
deste tipo de Departamento de Macroeconomia traduz uma preocupação
-para ser
credível, o Quantificar a Contribuição do Turismo Para a Economia (é disto que
se trata, em versão reduzida) deve estar a cargo de instituição especializada
de nível internacional.
A
Bem da Nação
Albufeira
30 de Agosto de 2013
Sérgio
Palma Brito