→ Propostas Para Debate Concreto
A presente nota tem apenas a ver com o Número Total de Dormidas de Não Residentes no Alojamento Turístico Classificado.
Brevemente daremos uma primeira indicação sobre o que pode ser a avaliação da eficiência na utilização dos fundos do que ainda designamos por Promoção Turística (1).
Não há Economia Democrática sem avaliação da utilização dos dinheiros públicos. No caso da Promoção Turística, temos de recuperar de um atraso de décadas ou, melhor, de um defeito de nascença.
A presente análise integra um documento mais vasto de Propostas para Debate Concreto sobre a Intervenção Pública na Economia do Turismo do Algarve.
→ A Informação Que Falta à Obrigatória Avaliação
Só podemos avaliar a Promoção Turística quando dispusermos de Informação clara e estruturada sobre
- custos de estrutura: estrutura central do TdP, Equipas do TdP no Exterior, parte da estrutura das Entidades Regionais de Turismo e das Agências Regionais de Promoção Turística,
- fundos adicionais disponibilizados por Empresas, Fundos Comunitários e outros, que se juntam aos fundos do Orçamento Público da Promoção Turística do Turismo de Portugal – os 45,1 milhões de euros para 2012,
- verbas afectas à negociação de Bases e de incentivos com Companhias Aéreas, quando a Acessibilidade Aérea é, ao nível do Marketing Mix, elemento do Produto, factor da Distribuição, instrumento da Promoção e, ao nível do Marketing Estratégico, factor condicionante da Segmentação Geográfica.
→ Duas Avaliações em Falta
Com base nesta informação, podemos partir para as duas grandes avaliações que nos faltam:
- a da relação entre o Custo Total da Promoção Turística, no sentido do Marketing Mix, e os Resultados obtidos,
- a da parte do Custo Total da Promoção Turística que é afecto à chamada Promoção de Destinos e cuja avaliação de Resultados ainda é mais difícil, mas mais necessária.
b) Número Total de Dormidas de Não Residentes 2000/2012
Enquadramento Quantitativo: 2000/2011
O Gráfico 1 ilustra a evolução, entre 2000 e 2012, do Número de Dormidas por Não Residentes em Portugal, no Alojamento Turístico Classificado.
Gráfico 1 – Número de Dormidas por Não Residentes em Portugal, no Alojamento Turístico Classificado 2000/20012
Fonte: Elaboração própria com base em INE – Estatísticas de Turismo e Documento do Turismo de Portugal
Comentários sobre a Realidade do Número de Dormidas de Não Residentes no Alojamento Turístico Classificado:
- Há uma tendência de crescimento, que atinge o valor máximo em 2007 – o “ano do sino”,
- o decréscimo, em 2008, confirma o erro de negar ou demorar a reconhecer a Crise da Procura,
- o acentuar do decréscimo, em 2009, deve ser relacionado com o robusto e colossal esforço de Promoção Turística Externa então feito – confirma que derramar dinheiro sobre problemas é erro grave,
- 2010 marca já uma recuperação, com crescimento de 1,7%, em relação a 2009,
- o número previsto para 2011 representa um aumento crescente, de 10,6% em relação a 2010.
→ Análise dos Objectivos, a Nível Nacional, para 2011 e 2012
O Gráficos 2 ilustra a evolução dos números reais de 2010 e 2011 com os objectivos para 2011 e 2012:
- a base de partida: o número real de 2010
- o Objectivo para 2011, fixado em 2010,
- o Resultado Previsto para 2011, anunciado em 21 de Dezembro de 2011 pelo Turismo de Portugal,
- o Objectivo para 2012, anunciado em 21 de Dezembro de 2011 pelo Turismo de Portugal.
Fonte: Elaboração própria com base em documento do Turismo de Portugal
→ Comentários sobre o Objectivo e o Resultado Previsto de 2011
O Objectivo fixado para 2011 e o Resultado Previsto exigem debate, com base num singelo facto:
- em 2011, o Objectivo é 3,4% e o realizado será de 10,6% - um crescimento três vezes superior ao previsto.
- estamos perante um acontecimento excepcional e desconhecido, eventualmente ligado ao mérito da equipa, que explica esta alteração do crescimento esperado?
- ou estamos perante um Objectivo excessivamente baixo, para permitir uma grande sucesso com um Resultado, “muito superior às expectativas”?
- as boas práticas em fixação de objectivos dizem-nos que um objectivo inatingível desmotiva a equipa e um objectivo demasiado baixo, à imagem do Poeta, “faz fraca a forte gente”,
- as tradicionais más práticas da Politica e Serviços de Turismo em matéria de utilização dos “números do turismo” para efeitos de propaganda ou protagonismo (ver alínea c), a seguir).
O Objectivo para 2012 é modesto, na medida em que implica diminuição do ritmo de crescimento verificado entre 2010 e 2011:
- em Quantidade: de 2.498 milhares de dormidas para 1.000,
- em Percentagem: de 10,6% para 3,8%.
- somos modestos, porque são más as previsões económicas para os principais países emissores – é a racionalidade económica,
- mais vale prever baixo e poder, mais tarde, anunciar um grande sucesso – é a continuidade da utilização politica “dos números do Turismo”,
- vamos alterar rotinas, corrigir erros, melhorar o nosso trabalho e mobilizar-nos para assegurar em 2012, no mínimo, o mesmo crescimento em Quantidade – é a Proposta alternativa que, no quadro de uma nova relação entre Politica de Turismo e Iniciativa Privada.
“Posso anunciar, com alguma felicidade, que o fado de «o melhor ano turístico de sempre» vai ter de ser cantado de outra maneira, mais elevada e mais técnica. Sim, porque cantado será sempre, já que a actividade politica não muda.”.
Em 2012, aconteça o que acontecer, vamos acabar com “o melhor ano turístico de sempre”? Seria sinal de importante alteração cultural.
c) Cautela ou Mais Um Grande Sucesso do Turismo Português?
→ Nota à Imprensa, em 19.11.2011
A Politica e Serviços de Turismo têm longa e péssima tradição de utilizar “os números do Turismo”, para afirmação pública ou mera propaganda – não é nada de desconhecido, nem seria a primeira vez que tal aconteceria.
O Comunicado de Imprensa do Turismo de Portugal, em 19 de Setembro, parece confirmar esta hipótese:
- O bom desempenho da procura turística internacional permitiu, entre janeiro e julho, superar e quase duplicar (+ 186,9%) as metas de crescimento de dormidas estabelecidas para todo o ano 2011 em Portugal, no âmbito do novo modelo de promoção externa regional.
- Nos primeiros sete meses, todas as regiões já ultrapassaram as suas metas anuais, com destaque para a Madeira (que triplicou o objectivo) e o Algarve, que mais do que duplicou. O Alentejo e o Centro estão perto de dobrar as suas metas.
- O novo modelo de promoção turística externa regional, que instituiu estas metas, envolve todos os agentes públicos e privados do setor, foi implementado no final de 2010 e vigora por três anos.
- Tudo está agora previsto em Planos de Marketing Regionais, que se articulam de forma a cumprir com os objetivos de um Plano Nacional de Marketing, permitindo maior objetividade na abordagem a cada mercado externo e metas operacionais bem definidas e partilhadas por todos os parceiros - públicos e privados - com intervenção no processo.
- Aumentou assim o profissionalismo e o fundamento técnico de toda a política de promoção turística, servindo os objetivos de ter no Turismo uma das mais importantes atividades económicas e exportadoras, com forte contributo para o crescimento da nossa economia.
Albufeira 28 de Dezembro de 2011
Sérgio Palma Brito
Notas
(1) Salvo o devido respeito, Promoção Turística é um misto de plebeísmo e arcaísmo; a expressão que propomos é a síntese de: Marketing da Oferta de Turismo e Valorização das Marcas, de Portugal como Destino Turístico e de Destinos Regionais, lá onde a Oferta o permite e o Mercado o exige.
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