No Algarve, €300
milhões de Fundos Europeus são afetos à diversificação da economia. Ideias e
propostas desta diversificação datam do IV Plano de Fomento até à atualidade,
sem resultados significativos. Este financiamento implica responsabilidade
acrescida das forças vivas regionais, que não podem voltar a falhar. Vejamos
como.
1.Porque
falharam as ideias e propostas de diversificação? Por falta de financiamento,
de ambição e… por muitas serem apenas ideias. Por apostarem apenas no
crescimento orgânico de iniciativas locais, algumas de muito mérito, mas este
tipo de crescimento ser limitado por definição. Por falta de gestão
profissional do que deveria ser projeto concreto. Por se encabrestarem “contra”,
em “alternativa” ou “compensar” o desaparecimento do turismo e não em visão
mais larga.
2.O aumento
da população residente, por via da atração de pessoas, empresas e instituições,
mede o sucesso imediato da diversificação. O turismo elimina a redução
estrutural da população residente entre 1950/70 (menos 60.000 habitantes). Esta
aumenta 55.000 residentes (1981) 18.000 (1991), 56.000 (2011) e 17.000 (2021). Em
2031, a população residente deve conhecer crescimento estrutural, atingir
15.000 residentes diretos e 10.000 indiretos, por via da diversificação.
3.Que alterar
para não voltar a falhar? Desde
logo, tirar partido do cosmopolitismo e infraestruturas (aeroporto, alojamento,
golfe, colégios internacionais, etc.) criadas pelo turismo, que tem na
diversificação da economia alavanca para se qualificar – não é menos turismo, é
mais economia. A CCDRA lança projeto regional de dimensão nacional baseado na
meritocracia. Uma estrutura de missão enxuta, com gente da região e de fora,
lança as bases do projeto e dá lugar a entidade empresarial que o implemente. A
prioridade total é captar know how exterior e de provas dadas, que ligue com os
recursos do País – foi assim com o turismo. A prioridade é atrair empresas que
exportem, com alta ou menos alta tecnologia. Prever a implantação territorial
das atividades e, sem excluir a dispersão de pessoas, organizar a sua concentração
no que se designa por ‘polo tecnológico’ ou ‘território inteligente’, liberto
da mera mais-valia imobiliária, que o condenará a prazo.
4.Um exemplo.
Em 1995 inauguro a nova sede
do RCI Portugal em Albufeira, com capital americano. Em1999, evitamos a
deslocalização para a Irlanda por sermos mais competitivos. Em 2019 o RCI e a
ICE ocupavam mais de 200 pessoas, todo o ano. Um RCI por ano e teríamos hoje
6.000 postos de trabalho diretos a exportar serviços.
Se não alteramos
o modelo que falha desde há mais de meio século, a diversificação da economia
regional volta a não acontecer e teremos desperdiçado 300 milhões de euros.
Sérgio Palma
Brito, analista senior de Turismo e Transporte Aéreo.
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