Mercado emissor do Reino Unido de 1980a 2018 na véspera do Brexit


O mercado emissor do Reino Unido é o segundo mais importante da Europa, depois da Alemanha, o mais importante para Portugal e o decisivo para o Algarve. A evolução deste mercado vai depender em boa parte de fatores ligados ao Brexit. Em qualquer das modalidades faladas, o Brexit pode diminuir a propensão para viajar e o desempenho da economia (recessão), pode desvalorizar a libra e gerar medidas de estupidez burocrática de consequências difíceis de prever. Este post é baseado em macro informação estatística até 31.12.2018, aceite como de boa qualidade. Não serve como business intelligence, mas ajuda a observar o que se passa. O essencial do post é resumido em quatro gráficos, os outros são publicados mais tarde e apoiam a base analítica do que aqui se afirma.

A evolução do número Total de deslocações ao estrangeiro mostra crescimento sustentado até ao plateau entre 2006-2008, seguida de queda brutal em 2009, com réplica em 2010. Depois começa a recuperação que em 2016 ultrapassa 2008 (oito anos depois), pequeno crescimento em 2017 e queda em 2019. Por outras palavras, o mercado sofre queda brusca com a Crise de 2008/09, mas recupera até à crise possível do Brexit. Esta terá lugar? Será mais violenta do que a anterior? E a recuperação mais lenta? Quem viver, verá.



Fonte – Elaboração pessoal com base em Office National Statistics – Travel Trends 2018.

O gráfico seguinte ilustra a taxa de variação anual do Total das Deslocações ao estrangeiro desde 1981. Salta à vista que esta taxa varia com as vagas da sociedade e da economia, mas é consistentemente positiva. Conhece pequenos valores negativos de quedas conjunturais, rapidamente recuperadas. A taxa ilustra a seriedade dos efeitos da Crise de 2008/09, com o mercado a recuperar menos rapidamente, mas a recuperar. Por outras palavras, o mercado é resiliente e a volatilidade reside na taxa de crescimento. Esclarecimento importante para muita da inteligência nacional que fala da volatilidade do turismo com o significado de queda estrutural e até irreversível.



Fonte – Elaboração pessoal com base em Office National Statistics – Travel Trends 2018.

O Total de deslocações é segmentado segundo três critérios: motivo da deslocação, área geográfica de destino e modo de transporte. No seio de cada um destes três critérios, há uma variável que domina: deslocações por holiday (o lazer, recreio ou férias do INE), com destino à Europa e em avião. O gráfico seguinte ilustra a parte de cada uma destas variáveis no número Total de Deslocações. Para Portugal interessa saber que o destino Europa cai do pico de 88,8% (1985) para o atual 79,9%, e o motivo Holiday cai para 65,6%. Como se verá no próximo post, Portugal concorre sobretudo no segmento ‘Holiday, Europa, Avião’.  


Fonte – Elaboração pessoal com base em Office National Statistics – Travel Trends 2018.

O gráfico seguinte ilustra a evolução recente da taxa de variação anual no Total de Deslocações e das variáveis dos critérios de segmentação que interessam a Portugal. A queda dos quatro indicadores é evidente e não é o pequeno valor positivo do motivo holiday que nos alegra.


Fonte – Elaboração pessoal com base em Office National Statistics – Travel Trends 2018.

Este post é um alerta sobre o que se tem estado a passar no mercado emissor mais importante do turismo português. Cabe a cada um segundo as suas responsabilidades dar segundo as suas possibilidades. O problema é quando as possibilidades estão a milhas das necessidades.


A Bem da Nação

Parque das Nações 5 de Junho de 2019

Sérgio Palma Brito


Sem comentários:

Enviar um comentário