Para memória futura, guardo no blogue textos de combate
publicados no Facebook.
Quarto post sobre “O novo aeroporto de Lisboa ainda não
existe, mas já está envolto em espesso nevoeiro”.
1.Em post anterior vimos como
-a projeção de tráfego aéreo para o aeroporto de Lisboa é o
mais importante fator a ter em conta na sua localização,
-a proposta Portela+Montijo acordada entre Governo e ANA em
janeiro de 2019, assenta em projeção de 50 milhões de passageiros, contar 31
milhões em 2019 e tem o mérito de ser elaborada pela empresa que financia o Modelo
Dual Portela+Montijo sem encargo para os contribuintes,
-projeções requerem importante base analítica conhecida dos
profissionais, devidamente temperada por fatores intuitivos e casos especiais,
os mais difíceis de quantificar,
-a posição da ANA, concessionária até 2062, é a de estudar
um novo aeroporto quando seja razoável prever tráfego aéreo bem superior a 50
milhões de passageiros, compensada com alargamento do prazo da concessão e
eventual comparticipação publica no custo da aerogare, para além das
infraestruturas publicas.
2.Análise possível da projeção de 50 milhões de passageiros
e 72 movimentos por hora (aterragens + descolagens)
Em dezembro de 2016, a Roland Berger apresenta ao Regulador
(ANAC-Agência Nacional da Aviação Civil) o “Relatório final – síntese executiva”
da “Validação de cenários em termos de procura e capacidade da infraestrutura
aeroportuária para Lisboa”.
É um documento técnico com muito bom suporte analítico e que,
entre outros, conclui:
-“Portela + Montijo deverá permitir acomodar o crescimento
de tráfego previsto pelo menos até 2050 (50 M Pax), desde que assegurado o
alargamento e optimização da gestão do espaço aéreo1, assim como uma abordagem
eficaz à transferência das LCC para o Montijo” com “Limite de capacidade do
lado ar de 72 movimentos/ hora”.
3.Validação rudimentar da projeção de tráfego ANAC de
dezembro de 2016
Entre 2016 e 2050 o tráfego de Lisboa passaria de 22,5 para
50 milhões de passageiros, um aumento de 27,5 milhões.
Barcelona cresce cerca de 27,5milhões de passageiros entre
2005/19, 14 anos e Lisboa entre 2001/18, 18 anos.
Primeira ideia: a estimativa da ANA estará errada?
Segunda ideia a temperar a anterior:
-Barcelona tem crescimento atípico em 2011, a exigir análise
aprofundada,
-2016 e 2017 são anos que culminam crescimento excecional,
mas que diminui sustentadamente a partir de 2017, o que reforça a ideia de ser
fácil ao tráfego aéreo europeu atingir o nível de 2019, mas não o ritmo de
crescimento em que 2019 assenta,
-Barcelona, a sua aglomeração urbana e a Catalunha têm
potencial de economia e turismo superiores aos de Lisboa e os números não são
diretamente comparáveis.
Terceira ideia:
-cada turista de hub TAP representa quatro passageiros ANA
(2 desembarques e 2 embarques) e há incerteza sobre o futuro deste tráfego na
TAP privatizada,
-este é o fator conhecido que mais impacte tem sobre a
previsão de tráfego de Lisboa.
4.Os defensores do aeroporto em Alcochete têm argumento de
‘visionários’ que criticam as vistas curtas dos pacóvios que defendem
Portela+Montijo.
Perguntamos se admitem sem mais negociar com a ANA o
aeroporto novo em Alcochete com base em
-haver um grande hub alargado à China e a outras hipóteses
que desconhecemos (tipo americana United),
-ser um aeroporto inicialmente sub utilizado, mas cuja
existência tornará possível um ‘salto de rã’ (leap frog jump), como aconteceu
no Porto.
Aqui surge o argumento de um aeroporto faseado e com
possibilidade de expansão.
Preparar o País para o sucesso deste cenário é aliciante,
entusiasmante, mas inclui considerar
-o cenário do insucesso, com custoso elefante branco no
espaço rural de Canha.
5.Outro argumento dos ‘visionários’ é Lisboa vir a ser sede
de empresas e filiais com negócio intercontinental, o que geraria significativo
tráfego de negócios.
A ideia foi lançada em 2008 pela Confederação do Turismo de
Portugal, na indiferença geral.
Desde então, há instalação de empresas portuguesas na Holanda
e outras localizações mais amigas do negócio.
6.Acrescentamos a macro informação estatística sobre a
comparação do tráfego aéreo de Lisboa e de Barcelona.