Turismo e transporte aéreo em Portugal

Acabo de terminar um trabalho de pesquisa sobre a relação entre Turismo Transporte Aéreo em Portugal. 

Disponibilizo um Relatório que é instrumento de informação e consulta, útil para quem queira ou precise conhecer o turismo transporte e o aéreo, para além do que é superficial e imediato. 

Na realidade é uma acção de voluntariado a bem da Pátria e Humanidade.

Permitam que a apresentação do Relatório seja feita num tom pessoal nunca utilizado antes neste blogue.

*“sem companhias aéreas não há aeroportos” …
A visão dominante da política de transporte aéreo é limitada a ‘residentes em mercados emissores onde utilizam uma companhia aérea que aterra num aeroporto do Continente e depois embarcam num voo de regresso’.

Em meados de 2008, um dos consórcios que concorreria ao frustrado Novo Aeroporto de Lisboa organiza um colóquio presidido pelo ex-ministro Jorge Coelho. Fala o Professor Nunes da Silva do IST e pouca atenção merece. As coisas sérias começam com a intervenção do Presidente da ANA SA, então estatal. Depois é a vez de falar o CEO da TAP, Fernando Pinto, no auge da sua glória e a defender um terminal exclusivo da TAP no NAL – cá fora seria alvo exclusivo da atenção da comunicação social. Jorge Coelho apresenta-o, começando por um afirmativo

-“sem companhias aéreas não há aeroportos”.

*… “sem turistas não há passageiros nem companhias aéreas nem em aeroportos”
Depois, falo eu, então Director Geral da Confederação do Turismo Português que defendia, contra tudo e contra todos, o Portela+1 … no Montijo. Para muita gente, eu era marginal e irrelevante.

Lembro-me que comecei com qualquer coisa como

-“salvo o devido respeito, estão todos a esquecer que sem procura de turistas, não há passageiros, nem companhias aéreas nem em aeroportos”.

Quando chego à defesa de Portela+1 que era a posição da CTP (o aeroporto tem de ser low cost), vejo na plateia alguns quadros superiores da ANA a gozar com o pratinho. Acho que me excedi ao disparar:

-“Vejo a tecnoestrutura da ANA e rir-se do que eu digo. E eu digo-lhes que só um burro não muda de opinião. E eles vão ter de mudar”.

A ideia do Relatório de que vos apresento nasce neste dia. Depois, foi ‘só’ ter tempo para o elaborar.

*Transporte aéreo no marketing & vendas da deslocação turística
Na origem de tudo está o consumidor que adquire uma deslocação turística a Portugal. Para esta pessoa, a mais importante que há na nossa actividade, a realidade é simples:

-num país com a localização de Portugal, o transporte aéreo é elemento do ‘produto’ (do marketing operacional), a tal deslocação turística que ele compra.

‘Isto’ é evidente para o consumidor e é para muitos de entre nós, como evidente ainda não é para muitos e pior de tudo é ainda ‘disto’ não tirarmos as devidas consequências.

No marketing operacional e para além de elemento do produto,
-o transporte aéreo está, directa ou indirectamente, ligado à distribuição e as vendas ganham se for integrado com a promoção.

No marketing estratégico é instrumento decisivo na segmentação geográfica e tem alguma influência da psicográfica.

O essencial da relação entre transporte aéreo e turismo reside nesta síntese. Depois, é pôr em prática, obter resultados e ser reconhecido ou ser sancionado por não os obter. Não o fazer, é discurso light sobre turismo.

*Uma visão holística
O Relatório resulta de uma visão holística da realidade e tem cinco partes:

-na então Europa Ocidental, o turismo da década de 1950 à transformação do mercado europeu na década de 1990, durante o qual modelo de negócio do package holiday cria as Áreas Turísticas da Bacia Alargada do Mediterrâneo, de que o Algarve é exemplo (I Parte),

-companhias aéreas que integram as indústrias europeias de transporte aéreo: Full Service Carriers, Low Cost Carriers e Leisure Low Cost Carriers – conhecer as suas políticas e estratégias é indispensável a compreender a relação que estabelecem com Portugal (II Parte),

-a partir destes dois pilares, podemos abordar o tráfego aéreo no total dos três aeroportos do Continente por continente e país emissor e por companhia aérea (III Parte),

-chegados aqui, podemos observar e analisar o tráfego aéreo nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro por continente e país emissor e por companhia aérea (IV Parte).

-terminamos com notas sobre Procura/oferta de turismo e a intervenção pública e como as duas se relacionam com a gestora aeroportuária (V Parte).

O impacte da transformação dos anos noventa no turismo do Algarve obriga a completar o capítulo do aeroporto de Faro com o anexo Relatório “Package holiday e independent travel - o Algarve no contexto europeu”.

*Como aceder ao Relatório?
Os cinco volumes estão disponíveis em http: http://www.ciitt.ualg.pt/

ou

I Parte – Da década 1950 à transformação do mercado europeu dos anos noventa

II Parte – Indústrias europeias do transporte aéreo

III Parte – Tráfego aéreo no total dos três aeroportos (Lisboa, Porto e Faro) – continentes, países e empresas

IV Parte – Passageiros nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro – continentes, países e empresas

V Parte – Procura/oferta de turismo e intervenção pública - Inclui Anexo - Package holiday e independent travel no Algarve (da década de 1990 à actualidade)

*Boa utilização do Relatório
São quinhentas páginas de texto, muitas figuras e ainda mais gráficos. Poucos as lerão de fio-a-pavio. O Relatório pode ser lido por partes ou capítulos e pode sobretudo ser consultado.

Dentro de poucas semanas sai uma actualização porque parece ter havido uma conspiração contra o texto – desde a sua finalização até hoje houve uma série de transformações importantes em companhias aéreas que são importantes para Portugal.

Dentro de alguns meses, é publicada uma actualização. Insisto em que comentários, correcções, críticas e sugestões sejam enviadas para o email disponibilizado: spalmabrito@gmail.com.

O leitor que contribua para a divulgação do Relatório terá a minha gratidão e terá feito uma boa acção: divulgar uma fonte de conhecimento.


A Bem da Nação

Lisboa 24 de Outubro de 2016


Sérgio Palma Brito



PS – Não refiro a posição da política de Turismo sobre transporte aéreo nem a posição da iniciativa privada. Salvo o devido respeito, há muito a debater até consensualizarmos orientações politicas para além da “importância do transporte aéreo para o turismo”.

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