Post
destinado a informar o cidadão interessado em conhecer a realidade da relação
entre turismo do Algarve e a TAP.
É também dedicado a todos os que no turismo
do Algarve que têm vivido em paz com esta realidade, o que é puro realismo, e
em especial aos que agora começaram aos pulos e berros só porque Rui Moreira
decidiu espingardar contra a TAP, o que apenas aumenta a entropia do Universo.
*De 1970 até 2014
Entre
1970/2014 o turismo internacional do Algarve cresce e afirma-se sem o
contributo da TAP (gráfico 1). A ‘transportadora aérea nacional’ que era
suposto ‘garantir’ o apoio ao turismo do Algarve não apoiou no que era
essencial: transportar turistas para a Região (1).
Não garantiu,
não garante e não garantirá pela conjugação de três factores:
-a cultura
empresarial elitista (hoje menos) e custos elevados de exploração impedem que
seja competitiva no leisure market da
Europa do Norte para uma área turística do Mediterrâneo como é o caso do
Algarve,
-porque os
operadores turísticos de package holiday cedo integram companhias charter in
house e limitam a contratação fora,
-as
companhias low cost que hoje dominam as rotas ponto a ponto da Europa têm
custos unitários que lhes permitem ser rentáveis onde a TAP nunca será.
Gráfico 1 – Passageiros
desembarcados no aeroporto de Faro por companhias nacionais e estrangeiras
(1970/2014)
(milhares)
Fonte: Elaboração própria com base em INE –
Estatísticas dos Transportes
*Turismo do Algarve e TAP na crise
de 1973/1976
Ainda o
turismo do Algarve anda de calças curtas e já enfrenta a primeira crise da
procura (gráfico 2):
-em 1973
não cresce pelo primeiro choque do preço do petróleo,
-em entre
1974/1976 é a queda da procura provocada pela situação revolucionária no País.
Gráfico 2 – Passageiros no aeroporto
de Faro
(unidades)
Fonte: Elaboração própria com base em INE –
Estatísticas dos Transportes e informação da então Direcção Geral da
Aeronáutica Civil
Passada
esta fase, a partir de 1977 o turismo do Algarve regressa ao crescimento. O
Algarve vive um ‘momento de verdade’ e a procura turística mostra uma
resiliência forte.
Neste
momento de verdade quando a procura cai e há problemas graves, a TAP
nacionalizada, ‘nossa’ e que ‘garante’ e tal e coiso falha (gráfico 3):
-a partir de
1976, a recuperação do tráfego aéreo é assegurada pelas companhias estrangeiras
e o tráfego das companhias nacionais (TAP) estagna.
Gráfico 3 – Passageiros desembarcados
no aeroporto de Faro por companhias nacionais e estrangeiras (1970/1983)
(milhares)
Fonte: Elaboração própria com base em INE –
Estatísticas dos Transportes
*Domínio dos operadores turísticos
implica domínio do charter
No modelo
dominante do operador turístico de package holiday a companhia charter depende
da procura dos operadores e, quando integrada, do operador a que pertence. Importa
esclarecer um equívoco:
-não há
concorrência e/ou alternativa exclusiva entre companhia charter e low cost,
-são as
pessoas que escolhem comprar pacotes de férias ou tratar das suas estadias
directamente com os fornecedores de cada serviço (2).
Na década
de oitenta domina o transporte aéreo por companhia charter (gráfico 4).
Desde há anos, a
realidade que o gráfico 4 ilustra mudou radicalmente (3).
Gráfico 4 – Quando o turismo é o
operador e o operador é o turismo
(milhares)
Fonte: Elaboração própria com base em informação da
Direcção Geral da Aeronáutica Civil
Nota – Não inclui o então designado Tráfego Doméstico,
hoje Tráfego Interior, na ocorrência a rota Lisboa/Faro.
A Bem da
Nação
Lisboa 1 de
Abril de 2016
Sérgio
Palma Brito
Notas
(1)Não
ignoro, antes registo e em muitos casos estou grato a todos os que na TAP
sempre apoiaram a iniciativa privada do Algarve no que estava ao seu alcance.
Bem hajam.
(2)É um
exemplo da opção entre bundling e unbundling de serviços – nos restaurantes, é
optar ente menu prefixado (bundled) ou escolher na ementa (unbundled).
(3)Na
altura não havia internet, smartphones nem nada disso. Uma conversa com um
jovem quadro da então DGAC (hoje o gestor Rui Veres) e o eficiente senhor
Spínola passava a dar-nos uma fotocópia A3 com informação a que hoje não temos
acesso. Nada para a progresso.
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