Nota sobre “as low cost” agravarem a sazonalidade do turismo do Algarve


Discordamos de muita da análise sobre “as low cost e o Algarve”, por a acharmos conceptualmente desfocada e inadequada à realidade dos factos.

Sobre o conceptualmente desfocada,

-ao Aeroporto de Faro chega a Ryanair (exemplo do modelo mais comum de Low Cost Carriers), Companhias Híbridas (companhias regulares e de preços baixos, que fazem transporte charter ou part charter de operadores turísticos) e Full Service Carriers (TAP, BA e Lufthansa) – a designação genérica de Companhias Low Cost escamoteia a realidade,

-discordamos das posições que, com base em interesses empresariais sub sectoriais ou emoções, opõem Modelos de Negócio (Imobiliária contra Turismo ou Operadores contra LCC),

-defendemos uma visão regional e de interesse público, que assenta em a Oferta criar valor a partir dos diferentes modelos de negócio, regulando conflitos de interesses e dando prioridade às sinergias.

Sobre a inadequação à realidade, lembramos dois posts:

-um de 6 de Fevereiro de 2012, a analisar “uma aposta cega na low cost, que segundo as últimas análises apenas vêm agravar a sazonalidade”,

Sazonalidade da Procura Pela Oferta de Turismo do Algarve


-outro, de 4 de Dezembro de 2012,

Algarve – Sazonalidade e Low Cost, na Procura e Oferta de Turismo


*Uma Análise Pontual

O presente post é uma análise pontual de uma realidade bem mais vasta, e que exige mais tempo e recursos, se a quisermos analisar.

Utilizamos o indicador Passageiros Desembarcados no Aeroporto de Faro, entre 1999 e 2000.

Analisamos a evolução,

-do número total de Passageiros Desembarcados nos meses da Época Baixa (Jan-Fev-Mar-Nov-Dez),

-deste número e do Número Total de Passageiros Desembarcados durante o ano.

O indicador Passageiros Desembarcados inclui tráfego internacional e nacional. Se retirarmos cerca de 3% de tráfego outbound que regressa ao Algarve e cerca de 5% de passageiros para o “Algarve Espanhol”, temos uma indicação rudimentar, mas realista, dos turistas que viajam de avião.

*Passageiros Desembarcados nos meses da Época Baixa

O Gráfico 1 ilustra a evolução, entre 1999/2012, do número total de Passageiros Desembarcados nos meses da Época Baixa (Jan-Fev-Mar-Nov-Dez).

Gráfico 1 - Número Total de Passageiros Desembarcados nos meses da Época Baixa
(unidades)

 


Fonte: Elaboração própria, com base em estatísticas oficiais

A evolução parece simples

-há crescimento entre 1999 e 2007,

-há variação negativa em 2008/2009, que parece imputável à Crise,

-há muito ligeiro retomar do crescimento em 2011 e 2012.

É possível concluir que não há aumento da Sazonalidade da Oferta.

*A Base Para o Debate (havendo interesse em debater)

É sempre possível afirmar que esta evolução escamoteia

-o aumento da Sazonalidade no Alojamento Turístico Classificado,

-a diminuição do volume de tráfego do Package Holiday.

E assim for, a actuação que defendemos passa por três pontos:

i)concertar acções de Marketing & Vendas para aumentar os hóspedes no Alojamento Classificado e os turistas em Package Holiday,

ii)não perder a posição ganha no Segmento das Direct Sales e de outras Actividades Turísticas no Segmento dos Intermediares,

Nota – Sobre este ponto, ver o post

-Mercado Europeu do Leisure Travel e Oferta de Turismo no Algarve


iii)não alimentar a oposição estéril entre Modelos de Negócio e Canais de Distribuição da Oferta.

Na realidade, estamos no cerne do nosso convite:

-Vamos partilhar uma maneira diferente de analisar o Viajar e o Turismo?


*Passageiros Desembarcados Durante a Época Baixa e Durante Todo o Ano

O Gráfico 2 ilustra a evolução, entre 1999 e 2012, do Número de Passageiros Desembarcados durante a Época Baixa e durante todo o Ano.

Gráfico 2 – Passageiros Desembarcados na Época Baixa e no Ano
(unidades)

 
 
Fonte: Elaboração própria, com base em estatísticas oficiais

Dois comentários:

-o crescimento anual é superior ao crescimento durante a época Baixa,

-a parte dos passageiros de Época Baixa no Total anual varia entre 16% e 18%, o que tanto permite afirmar que há um grande potencial de crescimento, como que a realidade mostra que há vantagens comparativas e competitivas de outras Áreas Turísticas que dificultam/impedem o crescimento.

*Uma Iniciativa do Turismo de Portugal

A publicação deste post foi atrasada pela demora em dispor dos números em que assenta.

Acontece que coincide com o anunciar de um Programa Táctico do Turismo de Portugal para aumentar a actividade de Golfe e da Meet Industry, durante a Época Baixa de 2013/2014.

Esta iniciativa será oportunamente analisada. Neste momento e para evitar as habituais confusões, esclarecemos que não há qualquer relação entre o post e a iniciativa do Turismo de Portugal.

 

A Bem da Nação

Albufeira 13 de Fevereiro de 2013

Sérgio Palma Brito

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