1.Um dos aspetos mais criticáveis do discurso dominante
sobre o turismo é o de pessoas qualificadas da opinião publica e da política
-considerarem o turismo importante, mas frágil por depender
das mais variadas crises que o podem comprometer decisivamente,
-ligar este tema à dependência excessiva de Portugal de um
setor com tal fragilidade.
Antes de mais, é curioso que este discurso não se ocupe do
desenvolvimento dos outros setores da Economia e dê argumentos às vozes
dominantes contra o turismo e a necessidade de o diminuir.
Dito isto,
-damos três exemplos de longo prazo em que o turismo resiste
a toda a espécie de crises e, no caso da Pandemia, quase desaparece, para
rapidamente recuperar,
-convidamos esta boa gente a publicar a base analítica de
afirmações que são excessivas e desmentidas pela realidade.
2.O primeiro exemplo é o do tráfego de passageiros no
aeroporto de Faro entre 1965 e 2023.
Durante este período há o Processo Revolucionário de
1974/75, crises da libra, guerras do Golfo, o 11 de Setembro, vacas loucas,
crise financeira de 2008/09 e devemos esquecer alguns dos incidentes sérios.
Faro é porta de entrada para destino de Sol e Praia do
Mediterrâneo, um dos mais competitivos mercados da vida internacional.
O tráfego de Passageiros em Faro encaixa crises conjunturais
no âmbito de um crescimento estrutural.
Quando Mário Soares é deportado para São Tomé, o inspetor
Sachetti da PIDE diz-lhe ‘a sua carreira política terminou para sempre’ (cito
de memória). Quem assim fala sobre turismo do Algarve tem desta atividade a
visão que o inspetor da PIDE tinha da vida política de Mário Soares.
3.O segundo exemplo é do número de viagens ao estrangeiro
por residentes no Reino Unido – o gráfico está em elaboração para recuar aos
anos sessenta.
Encontramos o mesmo padrão de crises conjunturais no quadro
de crescimento estrutural.
4.O terceiro exemplo é o da Madeira que, em 1940, já era um
“health resort” com algum significado.
Em 1940, a II Grande Guerra reduz a zero o turismo da
Madeira, provocando uma crise social de que não se fala.
Se a Madeira fabricasse automóveis, a crise teria sido
idêntica, mas o que sabemos é o turismo na Madeira ter rapidamente recuperado
no Após Guerra.
5.Em conclusão, as doutas análises em causa ignoram a
realidade.
Lisboa 26 de novembro de 2024
Post da série Análise crítica de algumas ideias e palavras
correntes
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