Neste post
desmontamos a mentira de uma ‘verdade’ politicamente correcta:
-a da Iberia
deixar de voar entre Madrid e La Habana obrigar espanhóis a viajar via Londres
com a British Airways.
Esta em
sido a imagem simbólica da Iberia canibalizada pela British Airways e do hub de
Barajas pelo de Heathrow, e exemplos do que acontece a uma ‘companhia de
bandeira’ quando o estado pagante a deixa privatizar.
A realidade
é muito diferente e este mito urbano é apenas a imagem de políticos e opinion makers que em toda a impunidade
falam de alto sobre assunto que desconhecem. Veremos como a Iberia contrata os
seus primeiros pilotos em 11 anos - ver
Vamos então
pôr esta questão em pratos limpos.
*Cenário de fundo – a reestruturação
da Iberia
Em 2011, a
fusão da British Airways e Iberia no International Airlines Group (IAG) responde
à crise do transporte aéreo e à recente formação do Air France/KLM Group e do Lufthansa
Group numa indústria marcada pela concorrência intensa e consolidação de
empresas.
Mais do que
uma diferença de escala (a BA é muito maior do que a Iberia), em 2011,
-há uma
diferença enorme entre a BA cuja reestruturação e diminuição de custos está
concluída e a Iberia onde ainda não começou,
-vai haver
uma diferença entre a maneira como a economia do Reino Unido (e EUA, cujo
tráfego é fundamental para a BA) e a de Espanha reagem à crise, com esta última
a ser muito dura.
Na Iberia
integrada no IAG há duas greves
-entre
2011/2012, contra a criação da low cost Iberia Express que é um êxito,
-entre
2012/2013, contra as medidas de reestruturação: despedimentos, congelamento de
salários, corte de rotas não rentáveis e diminuição de frotas.
O volume de
tráfego da Iberia
-cresce
entre 2010/2011,
-cai 3,3%
em 2012 e 14,1% em 2013, com este a ser o annus horribilis da Iberia.
Depois, a reestruturação
da Iberia
-é
reforçada em Fevereiro de 2014, com a assinatura entre a empresa e sindicatos
de um pacto de produtividade muito justamente considerado histórico,
-permite a
partir deste pacto, o crescimento de tráfego em 2014 e 2015 com a empresa a
operar novas rotas e frequências, aumenta a frota e criar emprego.
*2013 – fim de “un romance
aeronáutico de casi 64 años”
O Diário de
Cuba de 21 de Março de 2013 dá o tom emocional:
-“A las
00:25 del primero de abril, cuando el vuelo 6620 de Iberia despegue de La
Habana, habrá concluido, quizás temporalmente, un romance aeronáutico de casi
64 años.
[…]La
Habana, una de las primeras capitales latinoamericanas en recibir aeronaves
desde España, lidera ahora el desmantelamiento de la compañía en países
"poco rentables" de la región.”.
O Diario de
Cuba acrescenta:
-“Air
Europa ya anunció que aumentará a diez sus frecuencias semanales a La Habana.
La segunda aerolínea española considera que el negocio "va bien" y
niega un alza en los precios, según dijo una portavoz a Diario e Cuba.
La compañía
del Grupo Globalia mantiene un enlace diario entre los aeropuertos de Barajas y
José Martí, que parte de la capital española a las 15:00 horas. A partir del 1
de abril, habrá también vuelos a las 16:35, los lunes, miércoles y sábados, con
sus correspondientes rutas de regreso desde La Habana.
Todos los
vuelos son operados por Airbus 330-200, con capacidad para 299 pasajeros.” (1).
Afinal,
-nenhum
espanhol terá de escalar Londres para ir a La Habana, basta tomar um dos dez
voos semanais da companhia aérea espanhola Air Europa entre Madrid e La Habana,
-a
realidade é a Iberia ter custos de operação superiores aos da concorrência, e
perder dinheiro em rotas que podem ser rentáveis mas a custos de operação mais
baixos.
*2015 – rota Madrid/La Habana
rentável por Iberia reestruturada
Em 2015, acontece
a inversão da decisão de 2013, porque a Iberia já consegue ser rentável na rota
Madrid/La Habana. Segundo o El País de 26 de Janeiro de 2015,
-“Iberia ha
anunciado hoy la reanudación de sus vuelos a La Habana (Cuba), suspendidos hace
algo menos de dos años, conexión que comenzará a operar el próximo 1 de junio,
con cinco frecuencias semanales directas”,
-“En el caso de La Habana, según
Iberia, hay "un factor adicional a los acuerdos alcanzados con todos los
colectivos que ha sido determinante para su reapertura: la flexibilidad, el
compromiso y la buena predisposición de los pilotos de Iberia". "Todo
ello hace posible que la ruta puede ser rentable y sostenible" (2).EEl País de 26 de
Janeiro de 2015
Isto
acontece há quase um ano mas em Portugal ninguém falou no assunto e continuámos
a ouvir e ler referências à Iberia canibalizada pela British Airways, como
argumento contra o triste destino que o Estado deve evitar à TAP mantendo a sua
propriedade.
*O hub de Madrid na ligação com a
América Latina
Desde
2009/2010, quando é acordada a fusão das duas empresas, os hubs de Hethrow e
Barajas são os dois mais importantes activos em que assenta o desenvolvimento
do IAG. Só condições excepcionais poderia justificar a desvalorização do hub de
Barajas.
As rotas
não rentáveis da Iberia para a América Latina são cortadas em 2013, no quadro
de um plano de reestruturação que tinha condições para dar certo.
Deu certo e a
retoma das rotas de longo curso está diante dos nossos olhos: La Habana, Cali e
Medellin, Montevideo, Santo Domingo, Johanesburgo, Puerto Rico.
Como
veremos em outro post, em 2015 é admitido o cenário de voos do hub de Heathrow
passarem a ser operados em Madrid.
*Recordar o acordo de produtividade
de Fevereiro de 2014
Em Setembro
de 2015, quando dá notícias sobre a recuperação da Iberia, o El Mundo recorda o
acordo de produtividade de Fevereiro de 2014:
-“Los
acuerdos laborales que trajeron la paz social a Iberia en 2014 basaron la
recuperación de parte del salario perdido por la plantilla en una mayor
actividad.
Para la compañía, con las nuevas condiciones de producción, también
resultaba más positivo volar más horas y a más destinos para ganar más dinero.
Por eso, el compromiso implícito de Gallego [Luis Gallego, CEO da Iberia] con
la plantilla era recibir de Londres -sede ejecutiva de IAG- permiso para
aumentar hasta un 10% su capacidad, además de acelerar la renovación de la
flota, especialmente los Airbus 340-300 de largo radio y un consumo de
combustible nada competitivo en comparación con sus sustitutos A330-200.” (3).
Sem este
acordo, não haveria aumento de produtividade da empresa e em consequência
disso, não haveria nem novas rotas nem aumento de frota.
Esta é a
realidade, muito simples como podemos constatar.
A Bem da
Nação
Lisboa 18
de Janeiro de 2016
Sérgio
Palma Brito
Notas
(1)Ver
2013.03.21.diariodecuba.IberiaLaHabana
Iberia se despide de Cuba
(2)Ver
2015.01.26.ElPaís.Iberia.LaHabana
Iberia reanuda sus vuelos a La
Habana dos años después de abandonarlos
(3)Ver
2015.09.04.ElMundo.Q3.Euforia
Iberia pulveriza sus propios objectivos