Informação Estatística do Turismo – Instrumento de Conhecimento, Competitividade e Posicionamento


 

Proposta Para Debate – 1ª versão

 

Portugal está em 72º lugar no que respeita à qualidade e cobertura da informação estatística, disponível para o sector do Turismo. A indiferença geral sobre este facto confirma não haver procura exigente por Informação Estatística do Turismo qualificada por parte de “governments, industries, academia and the public” (1).

O Secretário de Estado do Turismo propõe-se relançar a IET e assume um compromisso que rompe com o passado e abre a via do futuro: 

-“É-me indiferente que os resultados finais destas alterações conduzam a conclusões menos optimistas do que aquelas que são retiradas dos dados de que hoje conhecemos. Não estou aqui para fingir números, estou aqui para dotar o sector de todas as ferramentas para poder crescer e é a hora de isso suceder.”.

O presente Post é a Primeira Versão de uma proposta para debate sobre a Credibilidade e Posicionamento da Informação Estatística do Turismo, que atinja um objectivo mobilizador:

-em três anos, a Informação Estatística Sobre Turismo coloca Portugal no TOP 15 do Travel & Tourism Competitivness Report do World Economic Forum no que respeita à qualidade e cobertura da Informação Estatística Disponível para o Sector do Turismo (2). 

 

1.Turismo – Conhecimento, Competitividade e Posicionamento
*Informação Estatística do Turismo - Conceito
A Informação Estatística do Turismo compreende dois tipos de Indicadores:

-Indicadores avaliados e divulgados pelo INE e Banco de Portugal, com base em Inquéritos à Procura ou Oferta, no respeito de normas internacionais,

-Indicadores diversos de Estatísticas do INE, ou elaborados com base em informação do INE, Banco de Portugal, Administração Pública e outros.

Importa distinguir dois conceitos:

-Informação Estatística do Turismo é da responsabilidade do Estado e ligada à Macroeconomia,

-Business Intelligence é da responsabilidade da Iniciativa Privada, ligada à Microeconomia, e apoiada pela Informação Estatística do Turismo. 

*Informação Estatística do Turismo - Missão
A Informação Estatística Sobre Turismo é um instrumento para apoiar  

-o Conhecimento sobre Turismo por todos permita às Universidades uma muito maior ligação à realidade,

-a Competitividade das Empresas a eficácia das Políticas Públicas e,

-a Credibilidade e Posicionamento da Economia do Turismo junto do Sistema Politico e Administrativo, Partes Interessadas e Opinião Pública.

*Conhecimento
A Informação Estatística do Turismo

-é a base do Conhecimento do Turismo por Governo, Administração, Iniciativa Privada, Universidades e Opinião Pública,

-permite qualificar o debate público sobre Turismo, minimizando a influência excessiva de opiniões pessoais, respeitáveis ao abrigo da Liberdade de Expressão, mas desfasadas da realidade.

-favorece o Conhecimento do Turismo, excessivamente dominado por discurso fácil e de cariz politico.

A Informação Estatística do Turismo

-fornece o enquadramento indispensável à Business Intelligence, a recolher pela Iniciativa Privada,

-abrange a Economia do Turismo em si e na sua relação com o Ambiente, a Sociedade e a Cultura,

-permite qualificar a necessária Intervenção Politica do Turismo, e minimiza a sua presença excessiva em lugares e actividades que exigem literacia técnica e avaliação quantificada.

*Competitividade
A prazo, nenhuma Actividade Económica é Competitiva sem o apoio de uma Informação Estatística de qualidade.

Informação Estatística do Turismo é indispensável para

-Decisões Públicas que facilitem e apoiem a Economia do Turismo, num quadro de eficiência dos recursos públicos escassos e minimização dos custos de contexto,

-Gestão mais qualificada de Empresas e melhor visão de conjunto por parte de empresários.

Nos dois casos a Informação Estatística, sobretudo se ligada à Business Intelligence, contribui para melhores decisões públicas e privadas.

*Credibilidade e Posicionamento
Antes de tudo, recordemos o essencial

-Credibilidade exige ‘substância’ do que se quer credibilizar,

-Posicionar consiste em criar na mente das pessoas uma imagem positiva desta ‘substância’,

-Posicionar exige Comunicar a Credibilidade da ‘substância’ (3).

Política de Turismo e Iniciativa Privada parecem ignorar um ponto prévio:

-Credibilizar e Posicionar a Economia do Turismo é algo de incompatível com a Degradação da Informação Estatística do Turismo e exige a Credibilidade e Posicionamento desta Informação.

A fragilidade do actual Posicionamento da Economia do Turismo resulta muito do excesso de auto-afirmação e ausência de Informação Credível. Um Posicionamento forte da Economia do Turismo exige

-Quantificação credível da sua Contribuição do Turismo Para a Economia do País,

-Comunicação profissional junto de Sistema Politico e Administrativo, Parceiros de Negócio, Opinião Pública e Público em geral.

 
2.Informação Estatística do Turismo: Da Degradação à Credibilidade e ao Posicionamento

2.1.Da Degradação à Agenda Política
*Degradação da Informação Estatística do Turismo
Em 1991, a Conferência de Ottawa reconhece a divergência entre as mudanças no Turismo e o atraso nas Estatísticas de Turismo:

-“the environment for tourism has undergone rapid changes since the last United Nations Conference on International Travel and Tourism held at Rome in 1963,

-“the development of statistical concepts and frameworks for tourism have not kept pace with this changing environment” (4).

Desde 1991 até à actualidade, Politica de Turismo, Iniciativa Privada, Universidades e Opinião Pública

-não acompanham os progressos de Instituições Internacionais e muitos países para que Estatísticas acompanhem o Desenvolvimento do Turismo,

-ignoram o culminar deste movimento com a aprovação, em 2010, das Recomendações de Instituições Internacionais sobre Estatísticas e Conta Satélite do Turismo (5).

Na indiferença geral perante o dinamismo desta evolução com mais de trinta anos, o resultado está à vista:

-“o Travel & Tourism Competitivness Report – 2013, do World Economic Forum, classifica Portugal em 72º lugar no que respeita à qualidade e cobertura da informação estatística, disponível para o sector do Turismo.” (6).

*Exemplos da Degradação 
Em 2008 são descontinuados os dois Inquéritos do INE:

-Inquérito aos Movimentos de Pessoas nas Fronteiras
IMPF),
-Inquérito aos Gastos Turísticos Internacionais (IGTI),
O problema é tanto mais grave quando estes Inquéritos à Procura são indispensáveis para conhecermos o Turismo Receptor (Não Residentes que se deslocam a Portugal), precisamente o mais relevante para a Economia do Turismo e do País.

Depois de anos de esforços, em Dezembro de 2010 é publicada informação incompleta de rudimentar Conta Satélite do Turismo. O INE reconhece que o IGTI “foi descontinuado temporariamente o que tenderá a condicionar a frequência e o detalhe da CST.” (7).

Se conciliarmos o Inquérito às Deslocações dos Residentes e o Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e Outros Alojamentos, encontramos contradições impossíveis, mas aceites na indiferença geral (8).

O descontinuar destes Inquéritos e, posteriormente, da Conta Satélite do Turismo resulta de um erro mais estrutural e que releva da Politica:

-em 2004, a DGT deixa de elaborar Estatísticas e integra um Protocolo com INE e Banco de Portugal,

-em 2008, o Turismo de Portugal reforça a intervenção na Elaboração e Divulgação de Estatísticas.

*Informação Estatística do Turismo na Agenda Politica
No discurso da BTL de 2014, o Secretário de Estado do Turismo põe a Informação Estatística Sobre Turismo na agenda politica:

-um diagnóstico: “a informação que dispomos sobre a procura é reduzida, o tratamento da informação estatística e de planeamento de que dispomos é deficiente e é insuficiente a recolha de informação que fazemos.”,

-uma missão: “o Presidente do Turismo de Portugal tem todo o meu apoio politico para apresentar ao sector alterações organizacionais e metodológicas para termos no futuro mais e melhor informação.”.

-um princípio: “É-me indiferente que os resultados finais destas alterações conduzam a conclusões menos optimistas do que aquelas que são retiradas dos dados de que hoje conhecemos. Não estou aqui para fingir números, estou aqui para dotar o sector de todas as ferramentas para poder crescer e é a hora de isso suceder.” (9).

O Diagnóstico é fácil e afirmar o Principio é histórico. A Missão pode ser desastrosa, se repetir o ‘Erro de 2008’ e reforçar a intervenção do TdP na Elaboração de Estatísticas.

 

2.2.Credibilização e Posicionamento da Informação Turística do Turismo
*Credibilizar e Posicionar a Informação Estatística

Como referimos antes, Credibilizar e Posicionar a Informação Turística do Turismo é a base de Credibilizar e Posicionar a Economia do Turismo. Na ocorrência Credibilizar depende de um Sistema cujos elementos são quatro Instituições, as relações entre estes são três Parcerias e a ignição do seu funcionamento é uma decisão do Governo – é o que descrevemos a seguir.

Neste caso

-‘substância’, isto é, que as diversas Instituições, por si só e pelas Parcerias que as ligam, forneçam Informação Estatística cuja qualidade seja reconhecida por Pares, Utilizadores e Opinião Pública,  

-Posicionar consiste em criar no cérebro das pessoas uma Imagem de rigor e credibilidade da Informação Estatística do Turismo.

Por sua vez, esta Imagem facilita e aumenta a eficiência da Comunicação que Credibiliza e Posiciona a Economia do Turismo.

*Instituto Nacional de Estatística (INE)
O INE

-assegura a qualidade e coerência dos dois Inquéritos que realiza,

-volta a realizar os dois Inquéritos sobre a Procura, indispensáveis à Informação Turística do Turismo,

-se for confirmada a sua utilidade e viabilidade, elabora a Conta Satélite do Turismo

O INE é imune a pressões políticas ou outras, mas

-não é imune à Degradação da Informação Turística do Turismo e é proactivo na sua minimização,

-é aberto ao feed back qualificado de utilizadores, sobretudo quando canalizado pelo Centro Universitário.

*Banco de Portugal
O Banco de Portugal

-assegura, como sempre tem feito, a elaboração da Balança de Pagamentos, com destaque para a Rúbrica de Viagens e Turismo,

-facilita informação que permita ao Centro Universitário elaborar os Indicadores da Receita de Turismo na Balança de Pagamentos.

*Centro Universitário de Economia e/ou Estatística
O Centro Universitário de Economia e/ou Estatística de primeira linha é elemento indispensável do Sistema, porque

-elabora, divulga e garante os Indicadores diversos de Estatísticas do INE, ou elaborados com base em informação do INE, Banco de Portugal, Administração Pública e outros – como vimos, é o segundo nível da Informação Estatística do Turismo,

-em condições a acordar, elabora, divulga e garante um Painel de Indicadores e uma versão revista do actual Proturismo,

-assegura um diálogo qualificado entre todos os agentes do sistema: TdP, CTP, INE e BdP,

-realiza todas as tarefas que impliquem credibilidade e posicionamento da Informação Turística do Turismo.  

Não é fácil recuperar de quase meio século de Degradação da Informação Estatística do Turismo. Este Centro, pela Decisão Politica que exige e pela qualidade e garantia que assegura, é um elemento decisivo do Sistema informal em causa.

*Turismo de Portugal
A referência ao Turismo de Portugal começa pela necessidade de anular dois dos mais importantes factores da Degradação da Informação Estatística do Turismo:

-a longa tradição dos Serviços de Turismo na utilização, quando não manipulação, das Estatísticas de Turismo para efeito de propaganda,

-esforços dos Serviços de Turismo para influenciar que o ‘peso do Turismo no PIB’ atinja dois dígitos, quando o Indicador do INE não atinge os 4%.

Para cortar de raiz com esta péssima tradição, respeitamos três princípios:

-a Administração do Turismo e/ou instituição dependente da Politica de Turismo não elaboram ou divulgam Informação Estatística do Turismo (10),

-Definição de Indicadores, Recolha de Dados e Elaboração dos Inquéritos e da Conta Satélite do Turismo é competência exclusiva do INE, com o Banco de Portugal a elaborar a Balança de Pagamentos,

-Elaboração e Divulgação de outros Indicadores e garantia de qualidade e independência do sistema a cargo do Centro Universitário.

O corte com o passado e estes Princípios implicam que,

-em matéria de Informação Estatística do Turismo, a Missão do Turismo de Portugal é dinamizar, apoiar e facilitar a Credibilização e Posicionamento da Informação Estatística do Turismo,

-o actual Sistema Integrado de Informação Estatística e Operações Estatísticas e outros Inquéritos” do TdP e o Proturismo são objecto de revisão profunda e integrados no Centro Universitário.

*CTP – Confederação do Turismo Português
A CTP integra o Conselho Superior de Estatística desde 1998 e tem uma já longa experiência de ligação ao Sistema Estatístico Nacional. A reforma que propomos exige que

-a CTP tire as devidas consequências da Degradação da Informação Estatística do Turismo e do objectivo de, em 2017, Portugal estar no TOP 15 do ranking da “qualidade e cobertura da Informação Estatística Disponível para o Sector do Turismo”.

No quadro da nossa proposta, a CTP – Confederação do Turismo Português

-desenvolve esforços para que o Governo decida qualificar a Informação Estatística do Turismo e participa nas três Parcerias do Sistema que a elabora e divulga,

-no respeito da integridade do Sistema, assegura a ligação deste com as dinâmicas da Economia do Turismo, o chamado Business backgroud, sem o qual a Informação Estatística pode descolar da realidade,

-reforça a ligação entre a Informação Estatística, em particular os Indicadores do Segundo Nível, e a Business Intelligence (11).

*Um Sistema Informal de Instituições e Parcerias
Estamos na presença de um Sistema formado pelas quatro Instituições descritas antes, e três Parcerias que estabelecem relações entre elas. Descritas as Instituições, descrevemos as três Parcerias e a Interligação a fortificar.

A primeira Parceria

-envolve o TdP e a CTP, no âmbito de um Acordo Estratégico e definição de regras para todo o Sistema,

-cabe ao Turismo de Portugal, com apoio da CTP, fomentar as parcerias e dinâmicas de colaboração entre as instituições envolvidas.

A segunda Parceria

-i)envolve TdP, CTP, INE e BdP; ii)situa-se no âmbito do Sistema Estatístico Nacional; iii)exige que a plataforma de colaboração entre as Instituições seja um rejuvenescido e fortificado Grupo de Trabalho das Estatísticas do Turismo,

-tem por objecto o primeiro nível da Informação Estatística do Turismo.

A Terceira Parceria

-i)envolve TdP, CTP e Centro Universitário; ii)está fora do âmbito do Sistema Estatístico Nacional; iii)assenta numa plataforma informal de colaboração,

-tem por objecto o segundo nível da Informação Estatística do Turismo,

-exige combinar o rigor da Ciência com o business background que só a CTP pode catalizar,

-é independente da Business Intelligence, mas deve colaborar com ela,

-implica uma base formal de operação, que deixamos em aberto – pode funcionar no Centro Universitário ou fora deste, mas não no TdP ou CTP.

*Intervenção Politica
Por muito que queiramos diminuir o recurso ao Estado, o Governo é o driver inicial do Sistema que Credibiliza e Posiciona a Informação Estatística do Turismo.

Só uma Decisão Política forte e ambiciosa torna possível a Criação e o início do Funcionamento do Sistema descrito antes.

No fundo, trata-se de

-recuperar e ir mais além do espírito e letra dos Protocolos assinados em 2004, por influência do Secretário de Estado Luís Correia da Silva,

-inverter a decisão de 2006/2008 de perversa, inútil e prejudicial estatização da Informação Estatística de Turismo.

 

3.Objectivos a Atingir

3.1.Indicadores do INE e Banco de Portugal
*Inquéritos do INE
A prioridade imediata é melhorar significativamente os dois Inquéritos e eliminar as contradições existentes:

-Inquérito às Deslocações dos Residentes,

-Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e Outros Alojamentos.

A prioridade mais relevante e aque exige mais meios é relançar de maneira sustentada e consistente os dois Inquéritos descontinuados em 2008: Inquérito aos Movimentos de Pessoas nas Fronteiras e Inquérito aos Gastos Turísticos Internacionais.

*Conta Satélite do Turismo
É urgente realizar Análise Custo/Beneficio de uma Conta Satélite do Turismo consistente, com divulgação de Quadros Trimestrais e Relatório Anual e com utilidade para os agentes da Economia do Turismo.

O Painel de Indicadores da Economia do Turismo não substitui os Quadros da CST. O abandono da CST pode implicar o alargar do Painel, mas não substituir a CST.

*Banco de Portugal – Receita de Viagens e Turismo
A Receita/Despesa da rubrica de Viagens e Turismo deve ser conciliada com outros Inquéritos para melhorar a informação disponibilizada.

 
3.2.Centro Universitário: Outros Indicadores

*Explicação Sobre Indicadores a Elaborar e Divulgar
Este ponto tem a ver com o Segundo Nível da Informação Estatística do Turismo:

-Indicadores diversos de Estatísticas do INE, ou elaborados com base em informação do INE, Banco de Portugal, Administração Pública e outros.

Estes Indicadores podem ser

-considerados individualmente,

-integrados num Painel, ligado ou não à Conta Satélite do Turismo (12),

-apresentados em momentos diferentes, em função do timing da sua produção.

*Receita de Turismo na Balança de Pagamentos
A Receita de Turismo na Balança de Pagamentos compreende a Receita de Viagens e Turismo e três outros indicadores a quantificar (13):

-Investimento de Não Residentes em Residências Secundárias de Utilização Turística (14),

-Serviços de Transporte Internacional de Passageiros, com destaque para a TAP,

-Transferências para Reformados, ex Não Residentes e agora Imigrantes formais.

*Exemplo do Transporte Aéreo
A partir de informação administrativa que a ANA fornece ao INAC, é possível elaborar Indicadores Mensais de Total do País e detalhe por Aeroporto:

-Passageiros Embarcados, Desembarcados e em Trânsito,

-Passageiros Embarcados/Desembarcados por Companhias Nacionais e Estrangeiras,

-Tráfego de Aeroportos no Estrangeiro para Aeroportos em Portugal.
Toda a informação existe, é de natureza administrativa e de excelente qualidade. Há apenas que a recolher, tratar e divulgar a tempo e horas.

 
3.3.Turismo de Portugal

*Um Erro e Uma Politica Errada
O assunto exige uma análise mais larga e mais profunda, mas tem de ser referido. Em nossa opinião,

-a criação do Turismo de Portugal foi uma decisão importante e que qualifica estruturalmente a Administração Pública do Turismo,

-na altura, só uma pessoa do gabarito profissional e politico de Luis Patrão podia ‘criar’ o Turismo de Portugal,

-a integração das Estatísticas de Turismo no TdP e a desvalorização do INE foi um erro cultural e politico grave e de consequências negativas.

As nossas propostas não diminuem a relevância do Turismo de Portugal, contrariamente ao que aconteceu com a decisão de Estatizar as Estatísticas. O Turismo de Portugal aparece hoje como o primeiro responsável da Degradação da Informação Estatística do Turismo, inequivocamente medida pelo Ranking do World Economic Forum.

*Recriar e Valorizar a Acção do Turismo de Portugal
As nossas propostas

-Recriam e Valorizam a intervenção do Turismo de Portugal, porque passa a ser o Facilitador e primeiro Dinamizador de um Sistema cujo Objectivo é, em três anos, posicionar Portugal no TOP 15 do Travel & Tourism Competitivness Report do World Economic Forum,

-permitem criar o embrião de um Centro Universitário de Excelência no campo da Informação Estatística do Turismo, de que o TdP será o primeiro beneficiário, em informação e prestígio,

-levam o TdP aassumir uma estrutura e um Management Style mais de acordo com a flexibilidade e exigência do Mercado do Turismo do Pós Crise de 2008/2009.

 
4.Operacionalização

*Dois Passos Iniciais
Montar o Sistema e pô-lo a funcionar exige

-Decisão Política do Governo e empenhamento na sua implementação,

-Acordo Estratégico Entre Turismo de Portugal e CTP, que deverão ser os dois dinamizadores do Sistema

*Protocolo Entre Turismo de Portugal, INE e Banco de Portugal
Um novo Protocolo entre TdP, INE e BdP (e CTP) retoma o ‘Espírito do de 2004’ e reestabelece a normalidade:

-INE elabora e divulga as Estatísticas de Turismo de que a Economia do Turismo e a Intervenção Pública carecem.

Independentemente de outras iniciativas, está em causa

-Melhorar os dois Inquéritos existentes,

-Retomar, de maneira sustentada os Inquéritos descontinuados em 2008,

-Avaliar o interesse em calcular a Conta Satélite do Turismo.

*Protocolo Entre Turismo de Portugal, CTP e Centro Universitário
O Protocolo entre TdP, CTP e um Centro Universitário de primeira linha em Economia e Estatísticas é a grande inovação do Sistema. É justo reconhecer que, em 2004, foi assinado um Protocolo com a Universidade do Algarve, agora retomado em termos diferentes.

*Financiamento
O Banco de Portugal é a única instituição que dispõe de meios financeiros inquestionáveis.

Na actual situação do País, o financiamento adicional para o INE e o necessário para o Centro Universitário só pode vir de:

-fundos do Turismo de Porugal,

-fundos resultantes da reconversão do Proturismo e Actividade de estatísticas do TdP,

-concentração neste Projecto de fundos actualmente dispersos em projectos diversos,

-Quadro Comunitário de Apoio.

A experiência confirma quem, quando há Desígnio Politico e um bom Projecto, o Financiamento acaba por não ser problema.

 
A Bem da Nação

Albufeira 14 de Abril de 2014

Sérgio Palma Brito

 
Notas

(1) Esta lista de partes interessadas é retirada do documento Conference on Travel and Tourism Statistics, Ottawa, 1991.



(2)Citado a partir de PwC, Desafios do Turismo em Portugal 2014. Ver indicador 5.4.Comprehensivness of anual T&T data em
The Travel and Tourism Competitiveness Report 2013

 
 
 
 
 
 
 
(3)Os especialistas nestas matérias (Marketing, Branding e Comunicação) desculparão esta simplificação e o não entrarmos no debate sobre Posicionamento e Imagem de Marca.

(4)Ver document da Nota (1).

(5)Recomendações de 2010 (IRTS) – International Recommendations for Tourism Statistics 2008, United Nations, Department of Economic and Social Affairs Statistics Division e UNWTO (United Nations World Tourism Organization), New York, 2010.


Quadro Conceptual de 2010 (TSARMF) Tourism Satellite Account: Recommended Methodological Framework 2008, United Nations, Department of Economic and Social Affairs Statistics Division e UNWTO, Eurostat e OECD, Luxembourg, Madrid, New York, Paris, 2010.


(6)Ver texto da Nota (2).

(7)INE, Destaque, Conta Satélite do Turismo 2000-2010, Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.


(8)Ver Post Estatísticas de Turismo – Exemplo de Avaliação Crítica.

(9)Ver Post Turismo 2013 e Desafios de 2015 – Discurso do Secretário de Estado do Turismo na BTL.

(10)A elaboração e divulgação de Informação Estatística não deve ser assegurada pela Administração Pública. Pela péssima tradição e pela ainda excessiva politização da Economia do Turismo, o TdP não pode ser excepção a esta regra e deve deixar de estar “habilitado a funcionar como entidade delegada no quadro do Sistema Estatístico Nacional”, apesar de tal figurar na alínea c) das suas Atribuições legais.

(11)Fomos Vice Presidente da CTP durante dois Mandatos e Director-Geral entre 2007/2009. Já não temos obrigação contratual de confidencialidade, mas temos a obrigação de puro bom senso de limitar o texto sobre a CTP a temas pacíficos.

(12)As primeiras ideias sobre o assunto estão no Post Notas Sobre um Painel de Indicadores da Economia do Turismo (II).

(13)Ver Post Receita de Turismo na Balança de Pagamentos.

(14)Assumimos que as Transferências dos Proprietários para pagar a Administração da Residência Secundária são contabilizadas na Receita de Viagens e Turismo.

Contribuição do Alojamento Não Classificado Para a Economia


O presente post é o Quinto de uma série de cinco (Primeiro, Segundo, Terceiro, Quarto, Quinto) sobre o tema:

Alojamento Turístico Não Classificado no Após Crise de 2008/2009

Esta é a Segunda de três Séries de posts:

-Camas Paralelas na Cidade – Quando Factos Contrariam Narrativas (Primeira),

-Alojamento Turístico Não Classificado no Após Crise de 2008/2009,

-Modelo e Identificação do Turismo Residencial em Portugal (Terceira).

 

Explicação Prévia

A Contribuição do Turismo Para a Economia tem ver com Balança de Pagamentos, PIB e Emprego. Um primeiro Relatório sobre o assunto (Aqui) mostra a dificuldade em quantificar esta Contribuição e a fragilidade dos números utilizados pelas mais diversas intervenções sobre Turismo.

A Contribuição do Alojamento Turístico, Classificado ou Não, Para a Economia tem duas componentes

-a mais directa é a da Despesa dos Hóspedes no seio do Estabelecimento ou Instalação em que alojam,

-a mais significativa é indirecta e resulta da Despesa dos Hóspedes fora do Estabelecimento ou Instalação em que alojam.

A falta de Informação Estatística e Conta Satélite do Turismo limita-nos a apenas

-apresentar factos sobre a Contribuição dos Hóspedes do Alojamento Turístico Não Classificado para Receita de Turismo na Balança de Pagamentos, Produto Interno Bruto, Emprego e Desenvolvimento Regional.

Com efeito, o presente post pretende ilustrar duas afirmações:

-os Hóspedes que escolhem o Alojamento Não Classificado têm influência significativa na Contribuição do Turismo Para a Economia,

-qualquer Politica que vise maximizar a Contribuição do Turismo Para a Economia, tem de fomentar/facilitar a criação de Valor pelos Estabelecimentos e Instalações do Alojamento Não Classificado, com destaque para os de Turismo Residencial.

Destes dois factos resulta uma conclusão:

-a Politica de Turismo que ignora/hostiliza o Alojamento Não Classificado, com destaque para o Turismo Residencial, não defende o Interesse Público.

 

1.Síntese das Observações e Análise

*Receita de Turismo na Balança de Pagamentos
Os €9.250 milhões de Receita de Viagens e turismo exigem o contributo dos cerca de 42% de Turistas Não Residentes que escolhem o Alojamento Não Classificado, com destaque para os Emigrantes Portugueses – uma regra de três simples dá €3.885 milhões.

A Receita não quantificada do Investimento Directo de Não Residentes em Residências Secundárias é gerada exclusivamente por Turistas do Alojamento Não Classificado.

O mesmo acontece com a Receita não quantificada de Transferências do Exterior Para Reformados Ex Não Residentes.

No caso da Receita de Transportes Aéreos Internacionais de Passageiros (sobretudo TAP), o contributo dos Turistas do Alojamento Não Classificado é similar ao da Receita de Viagens e Turismo, mais o aspecto qualitativo de contribuírem para a massa crítica indispensável ao Transpor Aéreo.

*Contribuição Para o PIB
Apenas encontramos quantificação parcelar e subavaliada do Alojamento em Residência Secundária Por Conta Própria:

-em 2005, dos €4.54 mil milhões do Valor Acrescentado Gerado por Industrias Características do Turismo, temos €1,47 mil milhões de Hotéis e Similares e € 443 milhões de Residência Secundária por Conta Própria.

-em 2005, a Formação Bruta de Capital Fixo é €545 milhões em Hotéis e Similares e de €622 milhões em Residências Secundárias Por Conta Própria.

*Emprego
Na Contribuição do Alojamento Turístico Para o Emprego,

-há um dado comum ao Alojamento Classificado e Não Classificado: a maior parte do Emprego é gerado fora do Estabelecimento ou Instalação onde alojam os Turistas,

-esta parte é ainda maior no caso do Alojamento Não Classificado porque há mais funções externalizadas (jardins, piscinas, segurança etc.).

A Conta Satélite do Turismo não quantifica a contribuição da Residência Secundária Para o Emprego Directo. No caso do Turismo Interno (ATCN2), sabemos que, entre 2009/2011,

-a Procura por Dormidas em Residências Secundárias de Utilização Turística representa cerca de 19 milhões de Dormidas, em comparação com cerca de 13 milhões de Dormidas no Alojamento Classificado.

Podemos concluir que o Contributo do Alojamento Não Classificado Para o Emprego não é inferior ao do Alojamento Classificado.

*Desenvolvimento Regional
Consideremos dois factos:

-o muito importante número de Dormidas do Turismo Interno em Alojamento Gratuito Por Familiares e Amigos e Residência Secundária Por Conta Própria nas Regiões do Êxodo Rural,

-a cautelosa extrapolação deste número para o Turismo Receptor.

Com base nestes factos, podemos sugerir que

-os Hóspedes do Alojamento Turístico Não Classificado desempenham um papel importante na Transferência de Recursos do Exterior para o território do Êxodo Rural.

Esta sugestão exige investigação adicional (desde logo, analisar a repartição por Freguesia das Residências Secundárias do Recenseamento) sobre o impacte no desenvolvimento Regional, mas há indícios fortes de não ser descabida. 

Admitimos que Desenvolvimento possa ser substituído por ‘menor desertificação e melhoria da qualidade de vida local’.

 
Os Pontos 2 a 5 são a Base Analítica da Síntese

 

2.Receita de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos

2.1.Receita da Rúbrica de Viagens e Turismo

*Receita de Viagens e Turismo e Proveitos Totais da Hotelaria
O Gráfico 1 é já um clássico. Mostra a evolução 1996/2013 da Receita de Viagens e Turismo e dos Proveitos Totais de Não Residentes e de Residentes no Alojamento Turístico Classificado.

Retemos um facto já analisado antes (Aqui)

-um facto: a Receita de Viagens e Turismo tem valor e ritmo de crescimento muito superiores aos dos Proveitos do Alojamento Classificado.

Esta dupla diferença e os cerca da 42% de Turistas Não Residentes a escolher o ATNC (Segundo) implicam que

-os €9.250 milhões da Receita de viagens e Turismo exigem o contributo dos cerca de 42% de Turistas Não Residentes que escolhem o Alojamento Não Classificado, com destaque para os Emigrantes Portugueses.

Gráfico 1 – Receitas de Viagens e Turismo e Proveitos Totais no Alojamento Turístico Classificado (1996/2013)
(€mil milhões)


Fonte: Elaboração própria com base em INE – Estatísticas de Turismo

Com base nos dois gráficos, concluímos que o valor anual e crescimento

 

2.2.Outras Rúbricas da Receita de Viagens e Turismo

*Residência Secundária – Investimento Directo de Não Residentes 
Está em causa

-quantificar o “Investimento imobiliário do exterior em Portugal Operações de aquisição/alienação, por não residentes, de bens imobiliários situados em território nacional.” (1),

-identificar e quantificar o valor das Transferências do Exterior para financiar as despesas com a Administração das Residências Secundárias.

Esta parcela da Receita de Turismo na Balança de Pagamentos é gerada exclusivamente por Turistas do Alojamento Não Classificado.

*Rúbrica de Transportes Internacionais de Passageiros
A rubrica “Transportes” da Balança de Pagamentos integra, entre outros, Transportes Marítimos, Aéreos, Ferroviários e Rodoviários. Os Transportes Aéreos são particularmente relevantes e está em causa a quantificação formal de uma realidade já conhecida:

-“Em 2011, o Grupo TAP viu reforçado o posicionamento do seu contributo para o volume das exportações nacionais, com uma contribuição global de EUR 2.063,5 milhões, em vendas e prestações de serviços no mercado externo, mais 15,7% que em 2010.” (2).

Esta parcela da Receita de Turismo na Balança de Pagamentos é, em proporção que desconhecemos, gerada por Turistas que escolhem o Alojamento Turístico Não Classificado.

*Transferências do Exterior Para Reformados Ex Não Residentes
Desconhecemos o valor que está em causa, mas o seu potencial justifica que a Politica de Turismo se preocupe com

-identificar as transferências para Reformados ex Não Residentes, e que imigram formalmente para Portugal,

-conhecer melhor o caso dos que de entre estes Reformados foram ex Emigrantes Portugueses.

Esta parcela da Receita de Turismo na Balança de Pagamentos é toda gerada por Turistas do Alojamento Não Classificado, de acordo com a visão mais larga da Economia do Turismo [Ponto 2.3 de Primeiro].

 

3.Contribuição do Turismo Para o PIB

*Valor Acrescentado Gerado Pelo Turismo em Percentagem do PIB
A Contribuição Directa do Turismo Para o PIB é medida pelo Valor Acrescentado Gerado Pelo Turismo. O Gráfico 2 ilustra evolução 2000/2009 do Valor Acrescentado Gerado Pelo Turismo.

A Contribuição Indirecta e Induzida do Turismo para o PIB representam uma percentagem superior, mas não são calculadas pelo INE (3).

Em Percentagem do Produto Interno Bruto entre. Constatamos:

-a percentagem passa de 3.6% a 3.7% entre 2000 e 2009 e está sempre abaixo de 4%, excepto em 2001, quando é de 4.3%,

-esta ordem de grandeza parece questionar o fundamento de ‘percentagens do Turismo no PIB’ na ordem dos dois dígitos, tão frequentes nas intervenções sobre Turismo.

Gráfico 2 – Valor Acrescentado Gerado Pelo Turismo
(€mil mihões)


Fonte: Elaboração própria com base em INE - Conta Satélite do Turismo 2000-2010 e Valor do PIB

Deixamos em aberto duas perguntas:

-o Valor Acrescentado Gerado Pelo Turismo é ou não o que melhor mede a Contribuição Directa do Turismo para o PIB?

-quais são as fontes das várias percentagens a dois dígitos da ‘contribuição do Turismo para o PIB’, frequentes no discurso corrente sobre Turismo?

*Valor Acrescentado Gerado Por Industrias Características
O Gráfico 3 ilustra a repartição do Valor Acrescentado Gerado em 2005 (€4.54 mil milhões) por Industrias Características do Turismo. Comentário:

-contrariamente ao que acontece no caso da Contribuição Para o Emprego [ver a seguir], a Industria mais relevante é a de Hotéis e Similares,

-o Valor da Industria das Residências Secundárias Por Conta Própria parece estar subavaliado. 

Gráfico 3 – Valor Acrescentado Gerado Por Industrias Características do Turismo (2005)
(€mil milhões)

 
Fonte: Elaboração própria com base em INE - Conta Satélite do Turismo 2000-2010

 

3.2.Formação Bruta de Capital Fixo

Quantificamos apenas a Formação Bruta de Capital Fixo por Hotéis e similares e Residências Secundárias por Conta Própria. O Gráfico 4 ilustra os números disponibilizados pela Conta Satélite do Turismo (4).

Gráfico 4 – Formação Bruta de Capital Fixo em Duas Actividades Características do Turismo
(€milhões)


Fonte: Elaboração própria com base em INE - Conta Satélite do Turismo 2000-2010

Entre 2000/2007, o valor médio anual da Formação Bruta de Capital Fixo é

-€545 milhões em Hotéis e Similares,

-€622 milhões em Residências Secundárias Por Conta Própria.

 

4.Contribuição do Turismo Para o Emprego

*Introdução
Na Contribuição do Alojamento Turístico Para o Emprego,

-há um dado comum ao Alojamento Classificado e Não Classificado: a maior parte do Emprego é gerado fora do Estabelecimento ou Instalação onde alojam os Turistas,

-esta parte é ainda maior no caso do Alojamento Não Classificado porque há mais funções externalizadas (jardins, piscinas, segurança etc.).

*Total de ETCs em Actividades Características do Turismo
O Gráfico 5 ilustra a evolução entre 2000/2005 do Total de Equivalentes Tempo Completo Remunerados em quatro Actividades Características do Turismo.

Gráfico 5 – Equivalentes Tempo Completo Remunerados em Actividades Características do Turismo
(milhares)

 
Fonte: Elaboração própria com base em INE – Conta Satélite do Turismo 2000-2010

 
*Emprego Por Quatro Industrias Características do Turismo
O Gráfico 6 ilustra a evolução entre 2000/2005 do Total de Equivalentes Tempo Completo Remunerados em Actividades Características do Turismo.

Gráfico 6 - Equivalente Tempo Completo em Quatro Industrias Características do Turismo
(milhares)                                           
 

Fonte: Elaboração própria com base em INE – Conta Satélite do Turismo 2000-2010

*Emprego por Industrias Características do Turismo (2005)
O Gráfico 7 ilustra o número de Equivalentes Tempo Completo Remunerados, por Industrias Características do Turismo, em 2005.

Comentários:

-do Total de 353.2 mil ETCs apenas 55.3 mil (15.7%) trabalham nos Hotéis e Similares – os restantes 84.3% trabalham no exterior,

-os Restaurantes e Similares têm um contributo decisivo (174.1 mil ETCs) e as Agências de Viagem um contributo reduzido (8,5 mil ETCs),

-o número referente às Residências Secundárias não é tido em conta.

Gráfico 7 – Equivalentes Tempo Completo por Industrias Características do Turismo (2005)
(milhares)


*Nota – ETCs remunerados

Fonte: Elaboração própria com base em INE - Conta Satélite do Turismo 2000-2010

*Em Síntese

A Conta Satélite do Turismo não quantifica a contribuição da Residência Secundária Para o Emprego Directo. No caso do Turismo Interno (Terceiro), sabemos que, entre 2009/2011,

-a Procura por Dormidas em Residências Secundárias de Utilização Turística representa cerca de 19 milhões de Dormidas, em comparação com cerca de 13 milhões de Dormidas no Alojamento Classificado.

Podemos concluir que o Contributo do Alojamento Não Classificado Para o Emprego não é inferior ao do Alojamento Classificado.

 

5.Turismo e Desenvolvimento Regional

*Realidade da Politica de Turismo ‘de Facto’
Na análise de Residências Secundárias de Utilização Turística (Terceiro), identificamos duas dinâmicas que importa recordar:

-a mais antiga data da década de 1950 e resulta do Êxodo Rural ligado à Urbanização da População,

-a da década de 1960 resulta do Êxodo Rural ligado à Emigração para a Europa.

A Urbanização da População do êxodo Rural, em Portugal ou no estrangeiro, cria as condições da Formação da Procura por Alojamento Não Classificado no território do Êxodo Rural.

Esta é a base para explicar dois factos:

-Norte e Centro representam 61.7% dos 1.099 milhares de Residências Secundárias do Continente,

-depois de quase meio século de crescimento do Turismo, o Algarve apenas tem mais de 47.5% das Residências Secundárias do Alentejo.

*Repartição Regional das Dormidas do Turismo Interno
O Gráfico 8 ilustra a Repartição Regional em 2012 das Dormidas do Turismo Interno no Alojamento Classificado e Não Classificado.

Gráfico 8 – Dormidas do Turismo Interno no Alojamento Classificado e Não Classificado – Repartição Regional (2012)
(milhões)
 

Fonte: Elaboração própria com base em INE - Estatísticas de Turismo

*Em Síntese
A conjugação dos dados anteriores sobre o Turismo Interno e a cautelosa extrapolação para o Turismo Receptor leva-nos a sugerir que

-os Hóspedes do Alojamento Turístico Não Classificado desempenham um papel importante na Transferência de Recursos do Exterior para o território do Êxodo Rural.

Esta sugestão exige investigação adicional (desde logo, analisar a repartição por Freguesia das Residências Secundárias do Recenseamento) sobre o impacte no desenvolvimento Regional, mas há indícios fortes de não ser descabida. 

Admitimos que Desenvolvimento possa ser substituído por ‘menor desertificação e melhoria da qualidade de vida local’.

 
A Bem da Nação

Albufeira 1 de Abril de 2014

Sérgio Palma Brito

 

Notas

(1)Ver Manual de Procedimentos do Banco de Portugal (Ponto 722).

(2)Grupo TAP, Relatório e Contas referente a 2011, p. 30.

(3)Em Post futuro, explicamos a diferença entre Contribuição Directa e Indirecta do Turismo Para o PIB. O leitor mais interessado pode consultar as Recomendações pertinentes: Tourism Satellite Account: Recommended Methodological Framework 2008, United Nations, Department of Economic and Social Affairs Statistics Division e UNWTO, Eurostat e OECD, Luxembourg, Madrid, New York, Paris, 2010.


(4)Insistimos na necessidade de análise crítica dos números e, em particular, confirmar a subavaliação do valor das Residências Secundárias.