Privatização da TAP (4) – Comentário sobre notícias recentes

Este Blogue não foi concebido para comentar a actualidade, de modo a evitar o risco de se perder na espuma dos dias. Feito o esclarecimento, a importância da Privatização da TAP justifica um Post virado para a actualidade.

Este Post é o quarto de uma série sobre a Privatização da TAP:

-Privatização da TAP Air Portugal (1) – de Salazar à Actualidade (Setembro 2012)

-Privatização da TAP (2) – O Sucesso da TAP no Futuro (Janeiro 2013)

-Privatização da TAP (3) – A Prioridade a Recuperar


1.Nota Sobre Resultado de Exercício e “Poupanças”

*Circunstâncias a Ter em Conta
Em 1994, a TAP, SA evita a falência in extremis, com o Plano Estratégico de Saneamento Económico e Financeiro (PESEF). Entre outras medidas, o PESEF prevê, em valores actuais, cerca de €2.7 mil milhões de aumento de Capital e cerca de €2.4 mil milhões de garantias a empréstimos. Neste momento, temos dois problemas pela frente:

-o Lucro Liquido Acumulado pela TAP, SA entre 2003/2012 é de €14.8 milhões, o que cria uma interrogação sobre a sua sustentabilidade se não houver uma transformação profunda no business as usual.

-este Lucro Liquido Acumulado não tem em conta a remuneração do Capital Investido pelo Estado, uma obrigação simples mas ignorada pela Gestão, pelo Accionista e pela Opinião Pública.

É à luz desta realidade que temos de analisar o Resultado do Primeiro Semestre e as “poupanças” entre 2009/2012.

*Resultado 1º Semestre de 2013
No primeiro semestre de 2013, a TAP perde € 111 milhões, “menos 1 milhão do que o registado no homólogo, divulgou a companhia em comunicado”. Fernando Pinto Para declara que “apesar destes impactos, a companhia continuou a melhorar os seus níveis de produtividade, mantendo-se a expectativa de atingir um resultado positivo no final do ano” (1).

O leitor mais assíduo conhece a nossa referência: “o fraco Accionista faz fraca a forte Gestão”. Enquanto o “accionista” não nos enfraquecer, cá estamos a lembrar:

-perder menos € 1 milhão de euros e ter € 111 milhões de prejuízo é inaceitável, indicia uma empresa com problemas graves e a exigir alteração rápida de status quo.

Estes problemas graves residem no topo, na relação entre Accionista e Gestão. Parceiros Sociais e Opinião Pública não podem permanecer indiferentes.

*Redução de Custos
O Relatório da TAP referente a 2012 ilustra o que designámos por «Restruturação Permanente e de Veludo”:

-“poupanças” de € 294, resultado de um Programa 2009/2012, mas “Para este ano, a empresa não tem objectivos, contudo fonte oficial garante que é um plano que continua activo” (2),

-alguma expansão de actividade com “ganhos de eficiência assinaláveis e a diluição de custos fixos”.

A palavra “poupança” suscita questões e não dá a garantia de um programa de redução sustentável de custos. O que está em causa e tem de ser esclarecido, mais tarde ou mais cedo, é:

-extensão e profundidade da reestruturação da TAP, SA com consequente e significativa redução de custos, com expressão no Resultado Líquido.

O ónus deste exercício pode ser “privatizado”: Se for o caso, ninguém se pode espantar com um infinitesimal encaixe da Privatização.

*Redução da Dívida
A TAP anuncia que “Em 2012, durante o processo de privatização, a companhia conseguiu amortizar 200 milhões”. Em 2013 prevê “reduzi-la em 70 milhões de euros, disse ao Negócios fonte oficial da companhia”. Por fim,o objectivo é terminar 2013 com uma dívida de € 964 milhões” (3).

Não temos analisado a questão da Dívida da TAP por falta de meios para o fazer. A Dívida surge entre os pontos positivos ou “menos negativos” da TAP e apenas o mencionamos para evitar a crítica fácil de “só fala do que é mau”.

2.Entrevista do Presidente da CTP – Sol de 30 de Agosto de 2013

*“Tem de haver novidades sobre a TAP rapidamente”
Francisco Calheiros, Presidente da Confederação do Turismo Português, deu uma entrevista ao Sol (30.08.2013). A TAP é apenas um dos assuntos aflorados na entrevista, o que impede abordar temas relevantes. O título garrafal fala por si “Tem de haver novidades sobre a TAP rapidamente”.

Na entrevista, o Presidente da CTP, depois de reconhecer que “A CTP vive muito preocupada com essa questão”, diz o que pensa fazer:

-“Proximamente, vamos falar com o Ministro Pires de Lima para saber o que se passa com a privatização da TAP. Não posso conceber que não se faça nada nos próximos tempos, seja privatizar ou outra solução qualquer, porque a TAP é vital. Tem de haver novidade rapidamente.”.

Salvo o devido respeito, que é genuíno e muito,

-a démarche revela o estado de espírito dominante: “saber o que se passa”, “não conceber que não se faça nada” e “privatizar ou outra solução qualquer”,

-pensamos que é preciso algo de bem mais forte, por parte de Parceiros Sociais e Opinião Pública.

*A Descapitalização da TAP, SGPS, SA
A uma pergunta sobre se “o facto de a privatização da TAP ainda não ter sido relançada prejudica o Turismo”, o Presidente da CTP responde:

-“O Estado não pode injectar capital, mas a TAP precisa, porque precisa de mais equipamento”,

-“Há rotas que aguentavam mais frequências, mas não se fazem porque não há aviões. Estamos a deixar de ganhar porque não há essa oportunidade de a TAP reforçar linhas.”.

Este é apenas um aspecto da Descapitalização da TAP, um tema muito importante nos Relatórios da Parpublica, SGPS, SA de 2008 a 2011 [ver ponto 2.2 de Aqui], e estranhamente esquecido no de 2012.

A Bem da Nação

Albufeira 31 de Agosto de 2013

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