Na década
de 1930, F W Ogilvie, Professor of Political Economy in the University of
Edinburgh sometime Fellow of Trinity College, Oxford (1), estabelece os conceitos que estão
na origem das Estatísticas de Turismo.
Entrando
por esta porta, chegamos ao Portugal desse período.
Este Post
só se justifica pelo último parágrafo. Dá uma pequena ideia do que foi a
emancipação da cidadania das mulheres, depois do 25 de Abril.
Þ Distinção
Entre Emigrante e Turista
Num período
em que a viagem ainda é dominada pelos emigrantes económicos, Ogilvie
estabelece os contornos fuzzy da
diferença entre estes e os turistas que emigram para viver o tempo livre:
·
“The
distinction between long-term and short-term migration, between the migrant and
the tourist, of course cannot be maintained precisely. A man may set out to
emigrate, but he may change his mind or be rejected by the immigration
authorities at his destination, and so become a tourist. Or another may set out
as a tourist, but he may settle abroad, or die.”.
Ogilvie não ignora que,
·
“In
Victorian and Edwardian Britain the superior classes were travelling classes.”,
·
“Between
1830 and 1914 travel to the Mediterranean became a significant part of British
way of life and the British way of death.” (2).
Na
actualidade, ainda não é fácil aceitar que a Economia do Turismo integre a
procura de bens e serviços por Emigrantes do Tempo Livre, que emigram para
viver a Reforma e se distinguem dos Emigrantes da Vida Activa.
Þ De
“nonimigrant” ou “nonemigrant a “tourist”
No início
da década de 1930, Ogilvie escreve:
·
“It
is one of the curiosities of language that there should be as yet, no English
word in general and comfortable use to describe a man who performs the simple
act of leaving his home or country, with the intention to return to it again
after a limited space of time.”.
·
“in
the last few years however, with wider recognition of the importance of short
term movement, the elderly and dignified word “tour”, with its younger
relatives “tourism” and “tourist”, shorn of their more frivolous associations
as the most appropriate technical terms.”.
As “frivolous associations” estão evidentes da definição
de “tourism” pelo New English Dictionary:
·
“The
theory and practice of touring; travelling for pleasure. Usually depreciatory”.
Esta é a
origem remota das Viagens Turísticas da actualidade terem uma duração inferior
a um ano, o que as diferencia das Viagens dos Emigrantes, que passam a residir
no País de destino.
Þ Designação
do visitante para efeito de estatísticas
Ogilvie
situa realidades ainda actuais:
“In the statistics of most countries some attempt is
made to classify visitors according to the declared purpose of their visit. A
broad, unphilosophical antithesis is commonly drawn between business and
pleasure, and further divisions and sub-divisions are often made in plenty. The
United Kingdom, for example, has eight main categories into wich foreign
visitors have to be fitted:
1.Visitors on holidays, tourist, etc.,
2. Business visitors,
3.Diplomats,
4 a 8.etc.”.
Na
actualidade, para efeito das Estatísticas e Conta Satélite do Turismo, a cada
Viagem Turística está associado um só Motivo (Purpose). No mundo do negócio, os conceitos de Leisure e Business são de
utilização corrente.
Þ Entretanto,
em Portugal
Em 1932, o Anuário Estatístico do INE
acrescenta um novo indicador às edições anteriores:
·
18 - Serviço de turismo em 1932. Número de
navios no porto de Lisboa, por nacionalidades, número de viagens e número de
excursionistas por cada navio.
É o início
da produção de estatísticas de Turismo pelo INE.
A edição de
1938 acrescenta mais dois indicadores:
·
2. - Movimento de passageiros; turismo;
·
27. -Passageiros, por portos, segundo a
nacionalidade das embarcações em que viajaram.
A secção de
Turismo na edição de 1939 ainda é mais completa. Quantifica:
·
“Excursionistas conduzidos pelas embarcações
entradas no Porto de Lisboa”
·
“Movimento de estrangeiros nos hotéis
classificados, por países de residência habitual”
A
edição de 1939, acrescenta, ainda,
·
“Movimento pelas fronteiras”.
Este
Movimento é detalhado como segue:
·
Movimento de automóveis pelas fronteiras
·
Movimento de estrangeiros e portugueses pelas
fronteiras do Continente, com detalhe por Varões e Fêmeas [o sublinhado é nosso].
Este “Varões e Fêmeas”
merece duas linhas na História da Mulher em Portugal, no século XX.
A Bem da Nação
Albufeira 13 de Maio de
2012
Sérgio Palma Brito
2012.05.13.Estatísticas.Género
Referências
(1)F.W.Ogilvie, The Tourist Movement, P.S.King &
Son Ltd, London, 1933; Ogilvie é pioneiro na abordagem da metodologia das
futuras Estatísticas de Turismo
(2)John Pemble, The
Mediterranean Passion, Victorians and Edwardians in the South, Oxford
University Press, Oxford New York, 1988
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