*A Entrevista de Jorge Rebelo de
Almeida (Exame)
Jorge
Rebelo de Almeida é fundador do Grupo Vila Galé e “conhecido por dizer o que
pensa, consequência da ‘vantagem’ de não depender do Estado”. Entre muitas
posições públicas, em Setembro de 2012 no programa de José Gomes Ferreira, “classificou
a austeridade em 30 segundos” (Link).
Recentemente,
Rebelo de Almeida dá uma entrevista genuína (é ele a “dizer o que pensa”) e
verdadeira, nos antípodas do palavreado politicamente correcto sobre turismo ou
do da Hotelaria a pedir a protecção do Estado (1).
Este post é
inspirado pela entrevista e pretende ser mais um contributo para o conhecimento
da transformação em curso da Industria da Hotelaria em Portugal.
*Um Liberal na Secretaria de Estado
do Turismo
Adolfo
Mesquita Nunes é militante do CDS - Partido Popular desde 1997, mas não o
militante típico de partidos politicas (2).
Em 2007, no programa Prós e
Contras sobre a legalização da interrupção da gravidez por vontade da mulher,
defende o "Sim" no referendo desse ano.
Em Fevereiro de 2012,
Mesquita Nunes foi o único deputado do seu partido a votar favoravelmente a
proposta de lei para permitir a adopção por casais de pessoas do mesmo sexo.
Foi
crítico do Orçamento de Estado de 2013 e signatário da carta que o CDS - PP enviou
à Troika, pedindo flexibilidade para o País.
Adolfo
Mesquita Nunes é Secretário de Estado do Turismo desde 1 de Fevereiro de 2013. Em
pouco tempo estrutura um discurso coerente sobre a Politica de Turismo, mas um
discurso novo e inovador, afirmando-se liberal e agindo em consequência. É um
político a seguir.
*Posições Conservadoras de Alguma
Industria da Hotelaria
As posições
de Jorge Rebelo de Almeida e de Adolfo Mesquita Nunes rompem com a relação
tradicional, construída ao longo de décadas, entre a Politica e Serviços de
Turismo e a Industria da Hotelaria.
Percorremos
rapidamente propostas recentes da AHP e de dois empresários de peso no panorama
nacional: Raul Martins e Jorge Armindo.
Constatamos
uma diferença de posições que indicia Ventos de Mudança na Industria da
Hotelaria em Portugal.
1.Jorge Rebelo de Almeida – Entrevista
Genuína e Verdadeira
*”um disparate absoluto, uma
mentira”
À pergunta
de “Também está eufórico com os resultados do turismo em Portugal, que o
Governo diz que são recorde?” responde:
-“Este ano
houve um aumento da procura por Portugal, e é bom valorizá-lo. Foi o primeiro
ano pós crise em que se verificou crescimento. Mas quando se houve dizer que se
bateu um recorde e foi o melhor ano turístico de sempre, é um disparate
absoluto, uma mentira redonda.”.
*”pelo grau de profissionalismo,
pelas instalações”
Pergunta:
“Os operadores tinham abandonado o Algarve porque as transportadoras low cost
secaram o destino?”.
Resposta:
-“Tinham
esse argumento, que Portugal se virou para as low cost e por isso largaram o
Algarve. E nós, para sermos realistas, precisamos de correr arás dos operadores
convencionais, como também precisamos de dar amor e carinho às low cost, aos
operadores de Internet (as modernas Booking, Expedia, etc.) porque todos são
importantes para o desenvolvimento de uma região turística como o Algarve. E as
low cost tiveram um papel muito importante em Lisboa ou no Porto, se calhar até
mais que no Algarve. Temos que aconchegar toda esta gente, cativá-los. Como é
que isso se faz? Pelo grau de profissionalismo, pela qualidade das nossas
instalações.”.
*“a gente que se vire, a
concorrência é estimulante, é vital”
Pergunta:
“Preocupa-o também o rápido crescimento da oferta hoteleira nos últimos anos?”
Resposta:
-“Acho que
não é por isso que devemos restringir as oportunidades de aparecimento de novas
unidades. Oiço gente defender que, como há muita oferta hoteleira que não está
vendida, se devia travar o crescimento. É um absurdo, deve-se é deixar o
mercado funcionar, porque isso traz produtos inovadores e contribui para a
diversidade da oferta. Pode ser uma chatice para as empresas ver aparecer
produtos mais modernos e enxutos em termos de custos, mas eu contra mim falo:
a gente que se vire, a
concorrência é estimulante, é vital. Nasci numa época em que havia condicionamento
industria e nunca concordei com isso.”.
Esta afirmação
contraria posições da AHP – Associação Portuguesa da Hotelaria e dos empresários
Raul Martins e Jorge Armindo [ver a seguir].
*”estimular quem tem vindo para o
mercado hoteleiro com novos produtos e novas ideias”
Na senda do
condicionamento industrial, Rebelo de Almeida acrescenta:
-“Como
hoje, também muita gente vive obcecada com a questão do alojamento local e dos
apartamentos paralelos.”.
A pergunta
é inevitável: “Mas o alojamento local não o afecta como hoteleiro?”:
-“Claro que afeta. Mas o que se deve fazer é impor a essas
ofertas complementares o mesmo nivel de exigência que nos é imposto a nós:
respeitar normas de segurança contra incêndios, de qualidade e de segurança
alimentar, pagar os devidos impostos, o IVA, etc. Discordo das vozes que
defendem que se devia proibir o alojamento paralelo. Não acho que se deva
proibir o que quer que seja, o mercado deve ser livre. Pelo contrário, devemos
estimular quem tem vindo para o mercado hpteleiro com novos produtos e novas
ideias.”.
Há uma diferença de fundo entre esta posição e a da AHP
sobre “inibir” que a oferta maciça de fracções autónomas que nasceram para
habitação seja descarregada no mercado turístico (Post).
*”temos de parar de inventar coisas,
de dizer que a nossa oferta é excessiva – não é”
Pergunta : “A realidade é que hoje mais de metade da
capacidade hoteleira do país está por o preencher. Não haverá excesso de oferta?
-“Não há excesso de oferta, o que falta é procura. Dizia
muitas vezes ao nosso ex-ministro Álvaro (Santos Pereira), quando ele vinha com
algumas fantasias, que as camas hoteleiras instaladas no país estão prontas
para vender, não precisam de investimento. Só falta a última etapa do ciclo
produtivo que é vender. Temos de parar
de inventar coisas, de dizer que a nossa oferta é excessiva – não é. Temos é de
mexer-nos o suficiente para divulgar promover, vender o destino Portugal, que
indiscutivelmente tem uma série de atributos.”.
Esta afirmação reforça a anterior sobre não “restringir as
oportunidades de aparecimento de novas unidades”.
*”Porque não vendem uma coisa que
têm de maravilhoso, que é o sol e praia?”
No seguimento
de vender o destino, JRA deita abaixo mais um nariz de cera do Turismo
Português:
-“Mas somos
um país meio estranho. Quantos do sector do turismo apareceram a falar mal do
sol e praia, que estava esgotado, estava não sei o quê … O vice presidente da
TUI, quando veio agora ao Algarve, disse ‘vocês adoram falar mal daquilo que
têm. Porque não vendem uma coisa que têm de maravilhoso, que é o sol e praia?’
E até temos as melhores praias da Europa. Mas houve uma época aqui em Portugal
em que os próprios responsáveis diziam em eventos oficiais que ‘sol e praia’
estava esgotado, eu até ficava parvo a ouvir aquilo.”.
*”Quem quiser ter um impacto
importante na promoção, que meta algum dinheirinho”
A pergunta
surge naturalmente “E quem deve promover Portugal?” e a resposta é pronta:
-“Quem deve
promover Portugal são os privados. Como sou muito independente dos governos, ao
longo de todos estes anos dou-me ao luxo de dizer que penso e ter sentido
crítico. Mas há muitos neste país em variadíssimos sectores, e também no
turismo, que acham que devem ter uma dependência grande de apoios e subsídios.
Eu defendo que a promoção turística tem de ser conduzida e controlada pela
iniciativa privada. Claro que isto obriga a responsabilidade, obriga as
empresas a chegarem-se a frente, não ficarem só a mandar palpites. E aqui que a
porca torce o rabo. Porque há muita gente neste sector que vai aos congressos
mandar umas bocas, criticar o ministro ou o secretário de Estado, e quando
chega a hora da verdade tira o cavalo da chuva. Fazer uma agência para
desenvolver o destino Portugal envolve esforço e dinheiro. Mas ‘quem quer a
festa, sua-lhe a testa’. Ou seja, quem
quiser ter um impacto importante na promoção, que meta algum dinheirinho.”.
A afirmação
da responsabilidade dos privados e destes investirem é rara. A proposta
dominante é exigir ao Estado que faça mais promoção.
*“era mais inteligente contratar uma
empresa de relações publicas de Xangai”
A pergunta
não é muito frequente “Como avalia as campanhas de promoção feita pelo Turismo
de Portugal”, e a resposta ainda menos:
-“Sofrível.
Acho que para 2015, decididamente, o que tem de aparecer é uma campanha, uma
agência que seja controlada pelo sector privado. O nosso drama é que as coisas
não estão adaptadas à realidade actual. O Governo fala agora em abrir um
escritório de representação turística em Xangai. Para quê. Para meter lá quatro
ou cinco pessoas portuguesas – e a fazer o quê? Era mais inteligente contratar
uma empresa de relações públicas de Xangai que se mexa nos meios de comunicação
para fazer este trabalho de propaganda, para vender Portugal a sério. Hoje não
interessa criar mais estruturas ou abrir mais escritórios.”.
É frequente
ouvirmos a proposta de substituir as Equipas do Turismo de Portugal no Estrangeiro por agências
locais, mas de memória de homem é a primeira vez que um empresário faz a defesa
publica e concreta deste modelo.
*Muita gente “com corda na garganta,
endividadíssima, atrapalhada da vida, com muito encargo financeiro para pagar”
Pergunta: “O
facto de haver maior interesse dos operadores augura tempos de crescimento para
o turismo em Portugal?
Na
resposta, Jorge Rebelo de Almeida cai na pecha do empresário que toma o seu
caso particular pela realidade do sector.
-“Sim, prevê-se
que haja no próximo ano uma melhoria na Europa – e, infelizmente para nós
portugueses, não vai acontecer em Portugal. […] E admito que nós, Vila Galé,
que nos temos mantido heroicamente com uma quota elevadíssima no mercado
interno, possamos cair para o ano.”.
Dito isto,
a entrevista retoma o ritmo:
-“E
gostaria de deixar uma mensagem aos senhores que nos governam: não pensem que,
lá por ser um ano que coreu melhorzinho, não podem entrar em desaforos de criar
taxas para as dormidas e fantasias similares. Continua a haver neste sector
muita gente que está com a corda na garganta, endividadíssima, atrapalhada da
vida, com muito encargo financeiro para pagar, e não é por um ano ter corrido
melhor que conseguem endireitar as contas. Para nossa sorte, o turismo é um dos
sectores que melhor resistiu à crise. Mas que está extraordinariamente bem, não
é verdade.”.
*As Contribuições Extraordinárias do
Turismo e o Seu Retorno
A pergunta:
“Teme que possam ser exigidas ao turismo contribuições extraordinárias?” tem resposta
clara:
-“O sector
do turismo não aguenta. O turismo deu o que deu, não obstante os aumentos do
IVA para o golfe e restauração, o aumento das taxas aeroportuárias, e outras
circunstâncias. A ir mais pelo Turismo, no próximo ano, corre-se o risco de
estrangular um dos poucos sectores económicos que têm mostrado resiliência,
vitalidade e dinamismo. […] A única coisa que irrita é que, em paralelo, está-se
a ver alguma perspectiva de melhoria no funcionamento da administração publica?
Estamos a passar sacrifícios, mas não vemos medidas nenhumas para inverter isto.
O que se está a fazer é o mais fácil, cortar benefícios. […] Ninguém está a
puxar pela imaginação e ver como é que se reorganizam os serviços para produzir
o mesmo, ou melhor, sem ter este desperdício.”.
A terminar:
-Todos
sabemos que na administração publica há imensa gente que não faz porra nenhuma,
mas há muitos que se fartam de trabalhar e são tratados da mesma maneira. O
modelo que este Governo tem vindo a seguir é demolidor.”.
*Investir num “país maravilhoso para
tirar figos”, apesar de “alguns parvos e economistas cretinos”
A resposta à
pergunta “Neste cenário complicado, continua a fazer hotéis?” tem dois pontos:
-o da
definição da definição pessoal: “Às vezes penso que se calhar devia pôr algum
dinheiro a bom recato. Mas não vou fazê-lo porque tenho um principio: se eu o
ganhei aqui, e comecei de zero, sinto obrigação de continuar a investir aqui. E
acho que este continua a ser um país maravilhoso para tirar figos
-o do final
da entrevista: “O drama é que se gerou neste país uma onda, com alguns parvos e
economistas cretinos, de não valorizar as pessoas. E isto não vai a lado nenhum
sem as pessoas.”.
Mais claro,
é muito difícil.
2.Um Secretário de Estado Liberal e
Propostas Politicas Diferentes
De entre as
declarações de Adolfo Mesquita Nunes, escolhemos duas que constam da entrevista
ao Sol, dois meses depois de ter tomado posse (3). O título da entrevista dá o tom:
-“Falências:
'Governo não tem de perpetuar maus investimentos'”.
*”O dinheiro do contribuinte não
serve para perpetuar projectos inviáveis”
É a
primeira vez que um Secretário de Estado do Turismo fala claramente sobre “um
mecanismo de destruição e um de criação”, “grupos hoteleiros atomizados” e
limita a intervenção do Governo a apenas garantir que projectos viáveis ultrapassem
dificuldades conjunturais.
A recusa de “perpetuar maus investimentos” rompe com
tradição longa e passado recente. Por extenso:
- “A selecção natural pressupõe um
mecanismo de destruição e um de criação. Se há vários grupos hoteleiros
atomizados que podem ter dificuldades, temos aqui uma área de negócio. Podemos
profissionalizar a gestão. Existe pouca tradição em Portugal, no sector
hoteleiro, de ter a propriedade e a gestão diferenciadas. A crise cria esta
oportunidade. A obrigação do Governo é garantir que os projectos que têm
viabilidade e que têm dificuldades conjunturais não possam ser destruídos
apenas por essas dificuldades. Mas não é obrigação do Governo perpetuar maus
investimentos, que não têm condições de viabilidade. Não é popular dizer isto,
mas não podemos ter financiamento público para criar novos investimentos e
depois ter financiamento público no momento em que se revelam inviáveis para
tentar perpetuar um investimento público que é inviável. O dinheiro do
contribuinte não serve para perpetuar projectos inviáveis.”.
*”o Estado é financiador, mecenas, licenciador,
comprador, fiscalizador, regulador”
À pergunta “Os empresários
gostam ou não de ter o Estado por perto?”, responde:
-“Num
sector e numa economia em que o próprio Estado habituou as pessoas a que o
Estado é financiador, mecenas, licenciador, comprador, fiscalizador, regulador,
não é fácil. Os empresários adaptam-se à realidade que têm. E adaptaram-se a um
sistema que vivia com o Estado como motor e central. No sector hoteleiro, os
grupos que estão mais sólidos são os que precisam pouco do Estado e que tiveram
uma estratégia de internacionalização. Conseguiram ter uma estratégia de
sucesso, apesar do peso do Estado. O Estado é sócio maioritário da vida de
todas as pessoas em Portugal e podia ser um silent
partner [termo tem inglês para dizer que não interfere], mas nem isso é e
isso tem de acabar.”.
Simples. Um
político jovem, dois meses depois de tomar posse, divulga o diagnóstico escamoteado
da Industria da Hotelaria:
-Os empresário
“adaptaram-se a um sistema que vivia com o Estado como motor e central”,
-“os grupos
que estão mais sólidos são os que precisam pouco do Estado”.
3.Sobre a Relação Tradicional Entre
Estado e Industria da Hotelaria
*As Narrativas da AHP – Associação da
Hotelaria de Portugal
A Relação
Entre o estado e a Industria da Hotelaria já começou a ser abordada por este
Blogue (Aqui
e Aqui).
Há
transformações externas que ainda não foram internalizadas por responsáveis
associativos e empresário da Industria da Hotelaria.
A relação
entre o Estado (na realidade, Politica e Serviços de Turismo) e a Industria da
Hotelaria exige ser revista à luz de duas alterações profundas
-a
Transformação Estrutural do Mercado Europeu da Viagem de Lazer, isto é, do mais
importante mercado da oferta de turismo do País,
-de
estarmos a viver o Período do Após Crise de 2008/2009 num País da periferia da
Europa e de uma centralidade cujos efeitos no Turismo são relevantes em si mas
limitados em relação à Oferta.
Pedir que o
Estado intervenha no «combate à imobiliária», no limitar/inibir do crescimento
da Oferta e no controle da Distribuição, é expressão de uma relação
ultrapassada entre o Estado e a Industria da Hotelaria.
*”Planeamento da oferta hoteleira e
alojamento turístico”
Um grupo
restrito de empresários e um académico elbora “oito programas para o turismo em
Portugal”. Num deles, o Nome da Acção é “Planeamento da oferta hoteleira e
alojamento turístico” (4).
A Justificação é:
-“A oferta
de alojamento tem crescido mais do que a procura, situando-se a utilização da
oferta abaixo do valor médio de ocupação da nossa concorrência”.
A “Meta
(quantificação do objectivo)” é:
-“Atingir o
crescimento da procura alinhados com o crescimento da oferta (atingir um
crescimento da procura de +30%)”.
De entre as
“Acções (para implementar)” destacamos
-“Delimitação
das zonas onde é vedada a construção de nova oferta de alojamento e onde a
mesma é autorizada;”.
A leitura
dos programas mostra que “Atingir” e “Delimitação” estarão a cargo do Estado.
*"Não são precisos novos
hotéis, o problema é o serviço da dívida"
Citamos extractos
de declarações recentes de Jorge Armindo, Presidente da Amorim Turismo, jornal
ao Sol:
-"há um excesso de oferta" hoteleira e sublinhou que a descida de
preços nos hotéis é negativa para a imagem do país e para as empresas.
-"Há um excesso de oferta. A taxa média de ocupação é cerca de
50%", […] "é preciso atrair mais gente para vir a Portugal".
-"a descida dos preços nos hotéis não contribui nem para a imagem do
país, nem para a melhoria das empresas".
-"Não são precisos novos hotéis, o problema é o serviço da dívida",
[…] "é preciso ajustar a maturidade do crédito" às condições actuais.
-os hotéis, sobretudo os que foram construídos, na última década, têm uma
dívida associada que "não é fácil de digerir", reclamando mais
promoção e apelando aos empresários para que "se associem mais e façam
campanhas no exterior em conjunto".
-" Mesmo fora de Portugal, penso que não há condições para financiar
mais hotéis, temos de gerir o que temos, que são investimentos pesados e temos
de aumentar a nossa prestação de serviços" (5).
Parece possível ligar o reconhecimento de dívida que "não é fácil de
digerir" à afirmação sobre o excesso de oferta. Jorge Armindo não refere a
regulação restritiva pelo Estado, que parece ser a consequência lógica do seu
discurso.
4.Excessos
Neoliberais e Alternativa à Relação Tradicional Entre Estado e Hotelaria
O discurso neoliberal do Governo tem efeito colateral a que temos de
escapar:
-hoje, qualquer crítica ao Estado excessivo que asfixia Portugal é
identificada com os excessos dos nossos neoliberais e não com a profunda
transformação da Intervenção do Estado na Economia, Sociedade e Cultura em
Portugal.
As declarações de Jorge Rebelo de Almeida e Adolfo Mesquita Nunes são
exemplo
-do que pode ser uma Politica de Turismo que nada tem a ver com o neoliberalismo, mas
que é a alternativa crítica a uma relação excessiva e de consequências
perversas, entre o Estado e Industria da Hotelaria.
Por outro lado, posições recentes da AHP – Associação da Hotelaria de
Portugal retomam a relação que consideramos excessiva entre Estado e Hotelaria.
Declarações de dois empresários de peso e que alinham com as da AHP mostram
que esta visão não é exclusiva de pequenos empresários indefesos, mas que é
muito mais transversal.
A Bem da Nação
Albufeira 30 de Novembro de 2013
Sérgio Palma Brito
Notas
(1)Exame de 1 de Dezembro de 2013. Texto de Conceição
Antunes e de Pedro Lima.
(2)Informação biográfica recolhida na Wikipedia
(3)Entrevista ao Sol, em 9 de Abril de 2013.
(4)Raul Martins, Administrador do Grupo Fernando
Martins/Altis, em Raul Martins, Francisco Sá Nogueira. José Theotonio e Jorge
Vasconcellos e Sá, Crescimento (sem Keynes) no Turismo, Vida Económica 2012,
p.111.
(5)Declarações de Jorge Armindo, Presidente da Amorim
Turismo ao Sol, em 28 de Novembro de 2013.
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